Durante muito tempo a NBA esteve inteiramente nas mãos de pouquíssimas pessoas, os donos das equipes, que escolhiam o futuro dos jogadores como preferiam — e pagando o salário que quisessem. Este, no entanto, já é um passado distante na liga norte-americana de basquete. Dez anos após uma decisão histórica que mostrou um novo caminho na gestão de carreira dos atletas, nesta temporada são os astros quem estão dando as cartas.
O caso mais noticiado é o de James Harden, um colosso de jogador que, mesmo tendo a melhor média de pontos da NBA por três anos seguidos, ainda não sabe o que é ser campeão da liga. A estagnação no Houston Rockets esgotou sua paciência, e ele tem feito tudo a seu alcance para sair de lá. Tudo, mesmo, ainda que prejudique sua própria imagem.
Giannis Antetokounmpo foi outro que movimentou os bastidores da liga. Ele deu recados públicos ao Milwaukee Bucks, associando a renovação de seu contrato a "decisões corretas" que o time deveria tomar. Ao que parece a franquia acertou nas escolhas, pois o MVP da temporada passada assinou por mais cinco anos.
As duas situações são semelhantes: trata-se de dois grandes nomes da NBA forçando a barra para fazer valer suas vontades, seja moldando decisões de seus times ou exigindo uma troca. Nos detalhes, porém, são casos muito diferentes. Giannis tinha um contrato prestes a terminar e poderia deixar os Bucks de graça em 2021, por isso, apostou em um cabo de guerra que a liga já se acostumou a ver. Já Harden dá um passo a mais nesse jogo de pressões e se mostra inflexível mesmo sob contrato longo.
São negociações impensáveis em outros tempos. Esta mesma liga já teve uma regra (a reserve clause) que mantinha o atleta sob propriedade de um time mesmo depois do fim do contrato — mais ou menos como era no futebol brasileiro antes da Lei Pelé. Com o tempo, a regra na NBA foi substituída pela agência livre, o que abriu um outro mundo de possibilidades, novos limites que ainda hoje os atletas experimentam jeitos de explorar. Os tempos mudaram.