Racismo aqui hoje! Racismo! Ele viu. Teve um cara ali na torcida. Me chamou de macaco duas vezes!"
Não há ponto de exclamação suficientemente proporcional à — justificada — revolta do volante Fellipe Bastos, do Goiás, na saída do gramado do estádio Antônio Accioly, após o clássico com o Atlético-GO no dia 8 de maio.
Quem já sofreu injúria racial sabe o que o jogador sentiu naquele momento. Nos últimos tempos, chama a atenção como o racismo tem sido escancarado, expresso em palavras, nos campos de futebol.
As denúncias — em muitos casos com provas explícitas — estão aí. Tem na elite, como a de Edenilson, do Internacional, que disse ter sido chamado de macaco pelo lateral-direito Rafael Ramos, do Corinthians. Tem também na base da pirâmide, como apontou Edinho Rosa, técnico do Aimoré, ofendido por torcedor do próprio time em partida da Série D.
Investigações começam, a Polícia entra na história, tribunais desportivos também. Na Libertadores, parece que virou rotina quando há brasileiros em campo. A legislação brasileira diz que é crime. Mas esse enquadramento, por si só, não é suficiente. Um torcedor do Boca Juniors foi preso, mas voltou para casa após pagamento de fiança. E ainda fez piada na rede social no caminho rumo à Argentina.
No universo mais restrito do futebol — não só na sociedade, como um todo —, a questão é como estabelecer mecanismos eficazes de combate e punição. A CBF, pela primeira vez, tem um presidente negro. Seria esse o impulso que faltava para uma legislação desportiva mais dura a respeito do assunto?