O mundo de Sóbis

Habituado a olhares atravessados por falar o que pensa, o atacante ainda busca a paz com o Internacional

Marcello De Vico Colaboração para o UOL, em Santos (SP) Pedro Vilela/Getty Images

Não dá para dizer que Sóbis e o futebol como o conhecemos hoje combinem em tudo. Não que ele não goste de treinar, estar em campo e disputar uma decisão de campeonato... Ele adora isso, e esses tempos de quarentena só reforçam essa ligação. É um jogador com currículo tomado por conquistas relevantes em alguns dos maiores clubes do país.

Mas existe um outro lado do atacante que parece alheio ao mundo boleiro que o cerca. Ele respeita os badalados funk, pagode e sertanejo, basicamente tudo que se ouve hoje nos vestiários, mas é do rock. Ele prefere cozinhar para os amigos e ficar em casa do que ir para a balada. Não gosta da fama e, principalmente, os prejuízos que ela pode causar.

"Eu não abro muito da minha vida, sou um cara bem reservado. Gosto de ficar em casa, de curtir a família, tenho os meus amigos... Eu sou uma pessoa normal, cara. Não sou de extrapolar", conta.

Ao mesmo tempo, do seu canto, o atacante não é de ficar calado se encontrar pela frente situações que considerem injustas no esporte. Entre elas, o Cartola FC. Ele se faz ouvir e já teve de aturar muitos olhares atravessados durante a carreira. Só gostaria também de ser compreendido com mais atenção.

Isso não é ser polêmico. As pessoas só olham o seu lado, mas elas têm que aprender mais a ver o lado dos outros."

O fato é que Sóbis e o futebol estão cada vez mais perto de se separar, e aí o que ficará é história. Muitas histórias. O jogador, que desde o início do ano defende as cores do Ceará e no mês que vem completa 35 anos, já admite: não pretende jogar por mais muito tempo. E, aparentemente, não terá nenhum dilema para pendurar as chuteiras. Pelo contrário...

Pedro Vilela/Getty Images

O amor pelo Inter...

Não dá pra falar de Rafael Sóbis sem pensar em Internacional. Vejamos: ele é um legítimo colorado, assumido, nascido em Erechim (RS). Foi no Inter, também, ainda na base, onde começou a mostrar o seu futebol para o Brasil, com um golaço no clássico contra o Juventude em um de seus primeiros jogos como profissional. Era só o começo.

O que ele fez ao longo da carreira é pra poucos. Imagine fazer três gols em finais de Libertadores e ser protagonista de duas das maiores conquistas de seu clube de coração? Ele conseguiu, e até hoje tem como jogo mais marcante da sua carreira o histórico 2 a 1 no Morumbi, com dois gols dele sobre o São Paulo de Rogério Ceni, na primeira final da Libertadores de 2006.

"Claro que tem vários jogos, mas teve o impacto desse jogo, por ser uma final de Libertadores, no Morumbi, contra o atual campeão do mundo. Foi aquele jogo que nos deu a vantagem, que nos deu o título, no fim, porque depois foi empate [2 a 2] em Porto Alegre. Foi inexplicável. Acho que ninguém imaginava isso, muito menos eu. Eu entrei pra jogar, mas não tinha esse sonho", diz o atacante, que na época tinha apenas 21 anos de idade.

Sua carreira no Brasil, porém, não se limita apenas ao Inter. Sóbis foi campeão pelo Fluminense (Carioca e Brasileiro em 2012) e pelo Cruzeiro (Mineiro e Copas do Brasil 2017 e 2018). Algo rotineiro no futebol nacional: o ídolo se vendo do outro lado do campo, esperando o abraço da torcida colorada, ouvir seu nome gritado pelas arquibancadas. Aconteceu várias vezes. Mas, nem sempre foi assim.

Raul Sifuentes/Getty Images Raul Sifuentes/Getty Images

...e as mágoas coloradas

Ao mesmo tempo em que é inegável a relação de amor entre Rafael Sóbis e Internacional, os momentos de atrito também se fazem presente na história construída entre jogador e clube. Ele mesmo não esconde, rindo:

Tem muitos momentos de mágoa. Quando eu parar de jogar, eu falo."

Enquanto ele não fala, vamos aos fatos. Sóbis ganhou mais aplausos que vaias no Beira-Rio, mas também já foi criticado e discutiu com torcedores do Inter. A harmonia começou a ruir em sua segunda passagem pelo clube, por empréstimo do Al-Jazira.

Em 2011, ainda com a situação contratual indefinida, chegou a ser afastado dos jogos. Para completar, o Inter duvidou de seu custo-benefício e optou por não renovar o acordo. Sóbis ficou chateado com a condução das negociações e passou a criticar o clube. Apareceu, então, o Fluminense.

Logo em seu primeiro ano de time carioca, Sóbis reencontra o Inter e marca na vitória por 2 a 1 em pleno Beira-Rio, em jogo que o Colorado contava com três pontos para ficar mais perto de uma vaga para a Libertadores. Por respeito, ele não comemorou o gol, mas ainda assim enfrentou críticas. Para sorte dele, o Grêmio apareceu em seu caminho dez dias depois, em um dos melhores jogos do Campeonato Brasileiro de 2011: 5 a 4 para o Flu, com mais um de Sóbis.

"Meio louco, né? principalmente essa relação do torcedor com a gente. O torcedor fica bravo porque eu fiz o gol no Beira-Rio. E foi o gol da vitória. Ganhamos, aí, xingamentos, aquela coisa toda. Logo em seguida, jogamos contra o Grêmio, talvez tenha sido o melhor jogo do campeonato, e, depois, recebe elogios. Então, é a paixão do torcedor", diz.

No ano seguinte, mais desgaste, até porque o reencontro, desta vez, era pela Libertadores. Ele não marcou, mas ajudou a eliminar o Inter e, antes mesmo das partidas pelas oitavas, já havia deixado claro que a relação havia mudado: "Se eu fizer um gol, vou comemorar. O primeiro jogo e aquela coisa de respeito já foi. O tempo passou. O Fluminense é o clube que me paga", disse na época.

É muita emoção, é muita paixão. Até hoje eu sou criticado."

A relação de amor e ódio mágoa com o Internacional e a espontaneidade de Sóbis podem ser reforçadas com uma contenda entre ele e Renata Fan, apresentadora da Band e torcedora-símbolo do Colorado. A opinião de que as vaias da torcida do Inter ao jogador —então atleta do Tigres— eram "normais" não foi bem vista por Sóbis.

"Do teu lado, tu tem o microfone, né? E você chega a muita gente. Por exemplo, teve uma coisa que, na época, me deixou muito chateado: eu tinha camarote no Beira-Rio, minha família estava vendo o jogo, e um dos meus filhos gritava 'papai' ou algo assim e os torcedores o ameaçavam. Eu entendo a paixão, mas você poderia pegar leve, né?", disse na TV Bandeirantes.

Luiz Munhoz/LatinContent via Getty Images Luiz Munhoz/LatinContent via Getty Images

Una passión

Em 2015, após quatro anos de Fluminense, Sóbis resolveu se arriscar e seguiu para o futebol mexicano. Iniciou-se, então, mais uma história de amor —ou melhor, paixão— entre o atacante e um time de futebol. E, novamente, com título. Ele conquistou pelo Tigres o campeonato nacional de 2015.

Foi tudo muito intenso já que, no mesmo ano, por pouco não faturou mais uma Libertadores em sua carreira: perdeu a decisão para o River Plate. E quis o destino, com certa crueldade, colocar o Inter novamente em seu caminho, dessa vez superando nas semifinais o time que o revelou.

"É difícil medir paixão, mas eu nunca vivi algo parecido como a torcida do Tigres. É a torcida mais apaixonada do México. A gente nunca jogou com menos de 40 mil pessoas. Frio, chuva, sempre lotado, com filas de espera pra ingresso. Foi uma experiência mágica, um país maravilhoso", diz.

Eu acho que, de respeito, é a torcida que mais gosta de mim entre todos os [times] que já joguei. Meio incrível, né? Uma coisa louca, em um ano e meio, eu ter ganho tanto respeito assim. É algo espetacular."

Depois, Sóbis faz uma reflexão sobre a relação do torcedor mexicano com o esporte e seus protagonistas, de modo geral: "Eu não estou falando que lá seja mais apaixonado. Não dá para medir paixões. É diferente. É uma outra forma de torcer, completamente. No México, não dava pra sair na rua, não dava pra ir pra shopping, porque era aglomeração de torcedores. Era um negócio bem diferente de nós, aqui. Sempre com respeito."

"Lá é uma forma diferente de viver o futebol", conta Sóbis, que aponta, inclusive, a derrota na final da Libertadores como a mais doída na carreira, antes mesmo de qualquer revés pelo clube de coração. "Era um momento único. A gente tinha um time muito bom. Um time mexicano poderia pela primeira vez ser campeão da Libertadores. Foi uma derrota que doeu bastante. Várias derrotas. Toda derrota dói, mas quando é numa final machuca mais".

Ricardo Duarte/Inter Ricardo Duarte/Inter

Muito mais que futebol

O México foi um dos três países em que Sóbis viveu o futebol no exterior. Ele também trabalhou na Espanha, pelo Real Betis (2006/2008), e nos Emirados Árabes, pelo Al-Jazira (2008-10). Tem rodagem, então, para lhe oferecer novas perspectivas.

Pensando o futebol brasileiro, o que já o incomodou muito foi a mentalidade do boleiro nacional, excessivamente individualista no seu entender. "Jogador gosta de furar fila. Jogador é um bando de mal-educado que ganha dinheiro. Falam palavrão no avião, sentem-se os donos das coisas. E disso tenho muita vergonha", disse em uma entrevista ao Globo Esporte em 2014, quando ainda defendia o Fluminense.

As palavras obviamente não foram recebidas com muita parcimônia. Sóbis já imaginava isso e sentiu a tensão em diversas ocasiões. "Houve vários que me olharam [feio], bem aqueles para quem servia o chapéu. Era simples assim. Hoje, qualquer declaração que você der que saia em internet, em redes sociais, você vai ter apoio de alguns e críticas de outros. Isso faz parte".

Passados seis anos da incendiária declaração, a opinião de Sóbis hoje já é outra. "Melhorou muito. As conversas dos atletas já são outras, no geral, da vida. Eles já conseguem discutir vários assuntos, e isso é um ganho ótimo. Não era só futebol, mulheres e essa vida que, no geral, a gente tinha, antigamente", diz.

Como eu falei, tem uns ainda que tão lá, não querem nada com nada, porque, hoje, rola muita grana no futebol. É difícil fazer eles pensarem que depois dos 35 a vida segue. A minha opinião é que melhorou. Os meninos, sim, melhoraram. É um longo caminho. A gente não busca a perfeição de ninguém. Mas, hoje, há muitos jogadores que fazem faculdade, que sabem de muitas coisas além do futebol."

© Washington Alves/Light Press/Cruzeiro © Washington Alves/Light Press/Cruzeiro

"O que acontece com o Cartola?"

Rafael Sóbis é um cara que não costuma guardar o que pensa. Ele fala o que tiver que falar, independentemente da reação do torcedor ou seja lá qual for o alvo de suas palavras. Se ele já se sentiu confortável para questionar o comportamento da classe dos jogadores, não seria um jogo virtual que o inibiria: o Cartola.

"O que acontece com o Cartola? A gente já sofre uma pressão absurda no futebol. Quando a gente perde um jogo, o torcedor não quer saber como que foi que tu perdeu. Do outro lado tem um time se preparando pra ganhar também. As pessoas não entendem. Aí, vem o tal do Cartola. É uma forma de a mídia ganhar dinheiro. De usar também a cabeça das pessoas", dispara.

Agora, as pessoas estão nos xingando porque te escalou no Cartola e tu não jogou bem."

E, no seu entender, esse jogo virtual também pode ser injusto em alguns pontos e fundamentos. Não traduz exatamente o que pode ser importante em 90 minutos de bola rolando.

Não sei quais são as regras do Cartola, mas sei que, por exemplo, tem jogadas ali que faz você perder pontos, mas que são muito boas para o time em que você joga. Imagina alguém chega pra você, você perde o jogo: 'Cara, vai te f.... Te botei no Cartola e você me f...' Ah, cara, por favor. Já tem a pressão do dia a dia e, agora, todo mundo vira treinador. Com rede social, os caras te cobram por isso. Eu nem sei que tu me escalou. Eu te dou certeza de que 90% dos jogadores pensam o mesmo do que eu. Porém, eu falo."

Flavio Moraes/UOL

Rock no vestiário? Esquece

Se Sóbis acredita haver um consenso (não declarado) em torno do Cartola, ele não seria ingênuo de achar que, em matéria musical, seu gosto fosse coincidir com o dos companheiros. Rock'n'roll? Sim, é o que mais toca no som do atacante — que tem até uma tatuagem referente à banda Blink 182.

Sertanejo, funk e pagode passam bem longe. Já bastam, afinal, as horas em que é "obrigado" a ouvi-los, em concentrações, confraternizações e reuniões no vestiário.

Mas será que um dia isso vai mudar? Poderá, um dia, o rock ser o estilo de música mais ouvido nos vestiários por aí? "É impossível. Eu não tenho esperança nenhuma, até porque as bandas de rock estão acabando. Mas eu respeito, não tenho problema nenhum quanto a isso".

E apesar de os grupos de rock "estarem acabando", ainda há espaço para novos artistas cativarem o gosto musical de Rafael Sóbis. Para os roqueiros de plantão que ainda não conhecem, uma dica.

"O rock está bem difícil, ultimamente. Eu gosto mais dos anos 1980, anos 1970. Mas, agora, surgiu uma banda que é muito boa, ela se chama Greta Van Fleet [foto]. São meninos, e é espetacular. É a banda do momento no rock. Eu acho que eles vão explodir muito. Se parecem muito com Led Zeppelin, principalmente o vocalista. É uma banda que estou acompanhando mais de perto."

Ceará SC/Divulgação Ceará SC/Divulgação

Ceará, um Brasil que Sóbis não conhecia

Com a saída do Inter, Rafael Sóbis retomou uma conversa iniciada em 2018. O Ceará, hoje bem estruturado e com o elenco mais caro de sua história, voltou a procurar o atacante, e desta vez ele cedeu. Uma oportunidade para conhecer, como ele diz, "um lado do Brasil que não conhecia".

"Em 2018, teve uma procura, teve uma conversa, mas eu dei a prioridade para o Inter, tanto que eu fui para lá. Depois, veio a procura, de novo, e acho que valeu, até por questão de respeito. Quando um clube quer bastante você, acho que é importante tentar retribuir. É um lado do Brasil que eu não conhecia, que eu não tinha jogado. Então, estou feliz da vida e com uma expectativa muito boa", diz.

Ceará e Sóbis ainda estão invictos em 2020. O ano que começou com muitos empates foi melhorando a cada partida, assim como o desempenho do jogador, que, após passar oito jogos em branco, tirou o atraso e marcou cinco gols em três partidas.

"[O começo pelo Ceará] Está sendo bacana. Teve um tempo de adaptação, não só meu, mas do time. Por mais invicta que estivesse, a equipe não estava conseguindo ter bom rendimento dentro de campo. Depois de um tempo, o time começou a andar, e, aí, claro, fica bom pra mim, para os meus companheiros, os gols começaram a sair. A gente estava num crescimento, num momento muito bom de jogo. Essa parada aí vai fazer a gente recomeçar", lamenta.

Ricardo Duarte/Inter

Inter impede plano de carreira

No ano passado, Sóbis e Internacional retomaram a relação interrompida em 2011. Desta vez, ao contrário das outras passagens, não teve título. E o que poderia significar um final feliz com a possibilidade de até encerrar a carreira no Beira-Rio não aconteceu. Assim como já havia acontecido da última vez, o Inter novamente decidiu não renovar com o jogador.

Eu queria ter ficado mais é difícil [falar]. É o clube do meu coração. Eu gostaria de encerrar a carreira ali. Não foi possível, faz parte."

"Acho que, na medida do possível, eu produzi muito bem. Mesmo jogando pouco, eu fui o jogador que mais deu passe pra gols, fiz seis gols, fui o terceiro artilheiro. Imagino que se tivesse jogado mais, com certeza, faria mais gols", analisa. "São coisas do futebol, normal. As coisas nem sempre saem como a gente quer, e vida que segue. Eu vou seguir sendo colorado. O Inter vai seguir firme e forte, e assim que é a vida".

Koji Watanabe/Getty Images Koji Watanabe/Getty Images

Uma lacuna

Ainda antes de realizar o sonho de vestir a camisa do clube de coração, Rafael Sóbis teve uma passagem por São Paulo. Sim, Sóbis já foi jogador do Corinthians nas categorias de base. Na hora de fazer a transição para os profissionais, tomou a decisão de deixar o clube por lealdade a seu empresário na época.

Era um momento em que eu poderia, sim, assinar o contrato profissional. O Corinthians queria que eu assinasse o contrato e o meu pai também, assim eu seria 100% do clube. Mas eu não achei certo. Não estou falando que o Corinthians tava errado, mas, no meu pensamento, eu achei que era melhor não concordar com isso porque tinha o meu empresário, a pessoa que me levou até o clube."

"Eu procurei ser fiel, saí. O futuro não sei qual seria, caso eu ficasse. Foi um ano que eu fiquei ali bem feliz, produzi muito bem. Eu tinha, sei lá, os meus 15, 16 anos, e foi uma experiência muito bacana", lembra.

Sóbis nunca mais voltou à capital paulista como jogador local. Houve flertes, possibilidades que ficaram perto, mas acabou não acontecendo.

"Durante muito tempo, eu tive, sim, vontade [de jogar em São Paulo]. Fiquei perto de alguns. Não me pergunta que eu não vou te falar [risos]. É o centro do país. Pude jogar no Rio, fui feliz também. São Paulo ficou na minha carreira, uma carreira muito boa, graças a Deus. Tive oportunidades e não aconteceu", diz.

Jeferson Guareze/AGIF Jeferson Guareze/AGIF

"Não quero que o futebol pare comigo"

Perto dos 35 e com contrato até o fim do ano com o Ceará, Rafael Sóbis já começa a pensar em despedida. Ainda quer continuar jogando, mas enquanto estiver satisfeito com o que produz em campo. "Já estou me preparando para o fim. Já não faço planos longos. Tudo vai depender de cada ano, da produção, porque eu quero parar com o futebol, eu não quero que o futebol pare comigo".

Penduradas as chuteiras, Rafael Sóbis deve, enfim, tirar o futebol do seu mundo. Depois de priorizar o futebol desde pequeno e perder momentos importantes da vida, ele não quer deixar isso se repetir.

"Tem muita gente importante do futebol, até da imprensa, que fala que eu tenho que trabalhar com o futebol, porque seria importante uma cabeça como a minha no esporte. Sinceramente, não penso. Claro que, no futuro, pode mudar, mas, hoje, eu não penso em estar no meio do futebol. É muito desgastante, é muito difícil", diz

"Não é uma conta certa. Você fazendo a coisa certa pode ser que você não ganhe. Aí, vem pessoas que não entendem e opinam. É um desgaste. Não tive família, não tive adolescência, não curti a vida. Todo o fim de semana trabalhando. Então, eu quero me dedicar aos meus filhos, à minha esposa, e num outro ramo", garante.

Ele desenvolveu esse interesse aprofundado sobre a gastronomia, mas esse também pode não ser o futuro que Sóbis quer para ele. Dá para saborear o prato certeiro como se fosse um gol. Mas é algo mais para o ambiente familiar.

"Acho uma das coisas mais bonitas do mundo você receber amigos, cozinhar pra eles e ter umas duas, três horas se divertindo, conversando. Eu acho que isso é a melhor coisa da vida. Mas restaurante, jamais", diz.

"Agora estou me aventurando em cozinha. Essa quarentena está me 'ajudando', porque eu gosto de cozinhar, quero ser um cara bom na cozinha. Pretendo fazer muita coisa depois de jogar."

Raul Sifuentes/Getty Images Raul Sifuentes/Getty Images

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