Raio X da Libertadores

Levantamento feito pelo UOL Esporte após 60 anos da competição mostra ranking dos times sob várias óticas

Diego Salgado Do UOL, em São Paulo Guadalupe Pardo / Reuters

Seis décadas de Libertadores criaram heróis, vilões e, como não poderia deixar de ser, duelos inesquecíveis. Diante dessa vasta história, o UOL Esporte se debruçou sobre todas as edições da maior competição sul-americana.

As vitórias, derrotas e títulos foram, então, traduzidos em um levantamento minucioso que você acompanhará a partir de agora. Ele mostra, por exemplo, que o Cruzeiro é o time de melhor aproveitamento na história da competição, seguido por Santos e Boca Juniors.

Já o São Paulo apresenta um ótimo retrospecto como mandante, embora fique numa posição intermediária fora de casa. O Flamengo, por sua vez, leva a melhor nos duelos entre os grandes times brasileiros, seguido justamente pelo Cruzeiro, enquanto o Palmeiras registra o pior desempenho em finais entre os campeões continentais.

O levantamento traz ainda dados sobre os times que mais jogaram pela Libertadores. E também qual campeão continental levou mais tempo para enfim erguer a taça mais cobiçada da América. Quais são as suas apostas?

Pedro Vale/AGIF Pedro Vale/AGIF

Bicampeão Cruzeiro no topo

O equilíbrio entre as campanhas como mandante e visitante coloca o Cruzeiro no primeiro lugar da lista dos times com maior aproveitamento na Libertadores. O time mineiro entrou em campo 166 vezes pela competição e conquistou 63,6% dos pontos disputados, com 95 vitórias, 32 empates e 39 derrotas.

Vale lembrar que o levantamento considerou três pontos por vitória em todas as 60 edições, embora esse modo de contagem tenha começado apenas em 1995. Além disso, foram considerados apenas times com mais de 30 jogos na competição. Os dados foram obtidos no site "ogol". O segundo colocado geral é outro brasileiro, o Santos, seguido de Boca Juniors, Estudiantes e Flamengo no top 5. Palmeiras, Corinthians, Grêmio, Vélez Sarsfield (ARG) e Inter fecham a lista dos dez primeiros.

O Cruzeiro registra a melhor campanha como visitante. Em casa, aparece na quarta posição. Um rendimento impressionante. Já o Santos ocupa a vice-liderança do ranking pela campanha longe dos seus domínios, com 48,5% de aproveitamento. Em casa, o time da Baixada caiu para o nono lugar da lista, com a conquista de 75,8% dos pontos disputados.

Roth, Gustavo/TBA/FOLHA DE S.PAULO Roth, Gustavo/TBA/FOLHA DE S.PAULO

Como anfitrião, São Paulo só perde para Estudiantes de La Plata

Tricampeão continental, o São Paulo fez de Morumbi um alçapão durante a sua trajetória na Libertadores. O time tricolor registra aproveitamento de quase 80% com mandante, atrás apenas do Estudiantes (ARG) que levantou a taça quatro vezes. Nos 92 jogos em que disputou diante dos seus torcedores, a equipe brasileira obteve 69 vitórias, com 13 empates e apenas dez derrotas.

Os brasileiros, inclusive, dominam a lista dos dez primeiros colocados. Sete clubes do país aparecem neste recorte: além do São Paulo, Inter (terceiro), Cruzeiro (quarto), Corinthians (quinto), Grêmio (oitavo), Santos (nono) e Flamengo (décimo). Completam a lista o América do México, em sexto, e o Boca Juniors, da temida Bombonera, em sétimo.

Um dado curioso é a aparição do Bolívar (BOL), que obteve quase 74% de aproveitamento, na 16ª posição. Os bolivianos, que atuam numa altitude de 3.600 metros, estão à frente de campeões como Atlético-MG, San Lorenzo (ARG), Peñarol (URU), Olimpia (PAR) e Colo-Colo (CHI).

Jorge Abrego/EFE Jorge Abrego/EFE

Peruanos e bolivianos amargam últimas posições no geral

Assíduos na Libertadores, times como Alianza Lima, do Peru, e Jorge Wilstermann, da Bolívia, aparecem nas últimas posições na lista do aproveitamento geral. A equipe peruana não atinge 30% dos pontos disputados e soma 96 derrotas em 164 partidas.

A lista dos 25 times com pior desempenho geral traz algumas surpresas, como o San Lorenzo (ARG), campeão da edição 2014. O clube de Almagro ocupa a 17ª posição. Já o Colo-Colo (CHI), que ergueu a taça em 1991, é o 22º lugar.

Não há brasileiros na lista, embora algumas equipes tenham aproveitamento baixo em edições isoladas, com baixa amostragem. O Bangu, por exemplo, não venceu um jogo sequer na edição 1986. Foram dois empates e quatro derrotas em seis jogos, com 11% dos pontos disputados.

Os desempenhos de Chapecoense (29% em oito jogos), Paulista (33% em seis duelos) e Juventude (39% em seis partidas) também ficam entre os piores, mas não entram na lista por estarem fora do critério de 30 confrontos.

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Uruguaios sobram com mais participações

Os times mais tradicionais do Uruguai, Peñarol e Nacional, são os mais assíduos da história da Libertadores. A dupla esteve presente em nada menos que em 47 das 61 edições, incluindo a de 2020.

Em um cenário similar ao do Uruguai, o Paraguai também coloca suas duas maiores equipes entre os primeiros colocados. O Olimpia soma 42 participações, uma a mais que o rival Cerro Porteño.

O River Plate (ARG) aparece na quinta posição, com 36 aparições na competição. O Boca participou de 29 edições. O segundo time argentino mais assíduo é o décimo colocado da lista. Sporting Cristal (PER), Bolívar, Colo-Colo são os representantes de Peru, Bolívia e Chile, respectivamente, no Top 10. O Universitario, também peruano, fica à frente do Boca na nona posição.

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No Brasil, três dividem 1º lugar

Aqui temos um exemplo claro da alta competitividade do futebol brasileiro. A quantidade de clubes que brigam por títulos no Brasil pode explicar a ausência de equipe do país no top 10 de assiduidade da Libertadores. Grêmio, Palmeiras e São Paulo dividem o 19º lugar com 20 participações. O Jorge Wilstermann, da Bolívia, soma o mesmo número.

Cruzeiro (17), Flamengo (16), Corinthians (15), Santos (15) e Inter (13) ficam numa posição intermediária, seguidos de Atlético-MG (10) e Vasco (9). Mais abaixo, o Athletico-PR, com sete participações, consegue superar a dupla carioca Fluminense (6) e Botafogo (5).

No total, 28 times brasileiros já estiveram na Libertadores. Bahia, Guarani e São Caetano, por exemplo, somam três aparições cada. Chapecoense, Coritiba, Sport, duas. Fecham a lista, com uma participação, os seguintes times: Bangu, Criciúma, Goiás, Juventude, Náutico, Paraná, Paulista, Paysandu e Santo André.

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Brasileiros perto do jogo 200

Apenas cinco clubes somam mais de 300 jogos na Libertadores: os tradicionais Nacional (387), Peñarol (365), River Plate (353), Cerro Porteño (309) e Olimpia (306).

Oito times estão na casa das 200 partidas. São eles: Boca Juniors (290), Colo-Colo (237), Bolívar (233), Sporting Cristal (222), Universitario (219), Universidad Católica (218), além da dupla equatoriana Emelec e Barcelona, que têm 213 partidas na competição.

Os brasileiros só aparecem em seguida. O Grêmio ocupa na 14ª posição, com 195 jogos, já incluindo dois disputados na atual edição. O Palmeiras vem na sequência, com 186 partidas somadas em 20 edições. O São Paulo está a um compromisso de igualar o rival paulista. Mais um clube do Brasil aparece entre os 20 primeiros: o Cruzeiro, com 166 jogos.

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River tem mais vitórias; Grêmio é 7º

Tetracampeão e nas primeiras posições entre os clubes com mais participações, o River Plate é o time com mais vitórias obtidas em 60 de Libertadores. O time argentino venceu 171 jogos, seguido de perto pela dupla uruguaia. O tricampeão Nacional soma 165 triunfos, contra 162 do pentacampeão Peñarol. O Boca, que ergueu a taça seis vezes, é o quarto colocado, com 154.

Os paraguaios Olimpia e Cerro Porteño surgem antes dos brasileiros. O Grêmio ocupa a sétima posição, com 102 vitórias em 20 edições. O Palmeiras está na cola da equipe gaúcha. Na atual edição, os palmeirenses atingiram o centésimo triunfo ao derrotar o Guaraní (PAR) por 3 a 1 no Allianz Parque.

O Cruzeiro aparece em nono, com 95 vitórias conquistadas. Colo-Colo (94) e Bolívar (92) superam o São Paulo por pouco. O time paulista soma 91 vitórias e pode superar chilenos e bolivianos em breve. A lista dos 20 primeiros ainda traz dois brasileiros. O Santos, com 73, e o Flamengo, com 69.

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O Brasileirão na Libertadores

O levantamento do UOL Esporte reuniu apenas os duelos entre brasileiros nas seis décadas de Libertadores. Do empate por 1 a 1 entre Santos e Botafogo, no Pacaembu, em 22 de agosto de 1963, ao clássico Grêmio e Inter, que terminou sem gols em março passado, 173 partidas foram disputadas entre clubes do país.

O Flamengo é o dono do melhor desempenho, considerando três pontos por vitória desde o começo da Libertadores e equipes com mais de dez jogos. O atual campeão registra quase 56% de aproveitamento contra brasileiros. Em 27 jogos, o clube rubro-negro conquistou 12 vitórias, com nove empates e seis derrotas.

O Cruzeiro está bem perto da marca, com cerca de 55% de aproveitamento. A equipe mineira enfrentou seus rivais caseiros em 28 oportunidades e obteve 13 triunfos, com sete empates e oito derrotas. Corinthians e São Paulo aparecem em seguida, com 50%.

Vale ressaltar que equipes com poucos jogos na Libertadores, como Guarani e Coritiba, têm desempenho superior ao do Flamengo. O time de Campinas, por exemplo, nunca perdeu para brasileiros nos seis jogos que disputou. Com cinco vitórias e um empate, registra 89% de aproveitamento. Santo André e Bahia também ficam à frente do Flamengo, mas disputaram menos de cinco jogos, assim como o Coritiba.

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Os extremos dos duelos

Mesmo sempre muito disputada, a Libertadores traz particularidades quando o assunto é o duelo entre brasileiros. O clássico Palmeiras x São Paulo é uma prova disso. O duelo é o que apresenta maior vantagem para um dos lados.

Os rivais já se enfrentaram oito vezes, nas edições 1974, 1994, 2005 e 2006. O Palmeiras nunca derrotou o São Paulo, que venceu seis vezes, com dois empates. O time tricolor eliminou os palmeirenses em três duelos de mata-mata.

O São Paulo, em contrapartida, leva o troco no confronto com o Atlético-MG, que, por sinal, é o mais frequente entre brasileiros na Libertadores. Em dez jogos, a equipe mineira venceu cinco vezes, com três empates e dois triunfos dos paulistas.

Por outro lado, há equilíbrio entre Corinthians e Palmeiras, embora o time alviverde tenha eliminado o rival em dois duelos de mata-mata, em 1999 (quartas) e 2000 (semifinal). Os clubes mediram forças em seis ocasiões, com três triunfos para cada. Os palmeirenses superaram os corintianos nos pênaltis nas duas classificações.

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A arte de esperar

O River Plate soma quatro títulos da Libertadores, conquistados em 1986, 1996, 2015 e 2018. Apesar disso, a equipe argentina teve de esperar muito para erguer a taça pela primeira vez. Foram 121 partidas disputadas, de 1966 até a final contra o América de Cali (COL) em 1986, em 11 participações.

Dos 25 campeões da Libertadores, o Colo-Colo é o segundo clube que mais demorou para dar a volta olímpica. Os chilenos entraram em campo 117 vezes até o título de 1991.

Em seguida, vêm LDU, campeão em 2008 depois de 115 partidas, San Lorenzo, que esperou 104 partidas até vencer a competição em 2014.

O primeiro brasileiro da lista é o Corinthians, que aparece empatado com o Olimpia. O time paulista precisou de 86 jogos, de 1977 a 2012, para enfim ser campeão. O recorde entre times do Brasil era do Palmeiras, que disputou 82 partidas até erguer o troféu em 1999.

Marcos Brindicci/Jam Media/Getty Images Marcos Brindicci/Jam Media/Getty Images

Final é com eles

Onze clubes registram 100% de aproveitamento em finais. O destaque é justamente o maior vencedor da Libertadores. O Independiente (ARG) sempre saiu campeão quando disputou a decisão. São sete títulos.

Apenas mais um clube que disputou mais de uma final conseguiu vencer todas elas. O Flamengo, campeão em 1981 e 2019, contra Cobreloa, do Chile, e River Plate, respectivamente.

Os outros nove times campeões e com 100% de aproveitamento em finais disputaram apenas uma decisão. A lista em Racing (1967), Argentinos Juniors (1985), Vélez Sarsfield (1994), Vasco (1998), Once Caldas (2004), LDU (2008), Corinthians (2012), Atlético-MG (2013) e San Lorenzo (2014).

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Palmeiras levou um em quatro

O pior aproveitamento entre os 25 campeões é do Palmeiras, que disputou quatro finais, com o título de 1999. O time alviverde perdeu as finais de 1961, para o Peñarol, 1968, contra o Estudiantes, e 2000, diante do Boca Juniors.

O Olimpia também tem baixo desempenho em finais, embora tenha conquistado três títulos. Os paraguaios chegaram à final em sete oportunidades. Em seguida, três times apresentam aproveitamento de 50%: Colo-Colo (uma taça), Cruzeiro (dois títulos) e São Paulo (três troféus).

Dezoito equipes já disputaram uma final, mas ainda não conquistaram o tão sonhado título. A marca negativa é do América de Cali, que perdeu quatro decisões: 1985, 1986, 1987 e 1996. Cobreloa, Newell's Old Boys, Barcelona de Guayaquil e Deportivo Cali somam duas derrotas em finais.

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