Era um novo começo: contrato de cinco anos assinado com o Flamengo. Às 20h30, eu e meu irmão saímos da rodoviária de São Paulo rumo a Dracena, minha terra natal no interior. Poucas horas antes tínhamos voado do Rio para a capital paulista. Quase perdemos o voo por causa de uma ligação com a família anunciando a boa nova. Naquela hora, já não havia mais voos para Presidente Prudente, a cidade mais próxima de casa. Tivemos de recorrer ao ônibus.
A noite passava rápida pela janela na rodovia e, naquela escuridão, o filme da minha carreira foi passando. E fui comentando com meu irmão, na poltrona do meu lado no ônibus. Por dez horas, ali sentados, fomos recordando tudo o que passou até aquela conquista. As dificuldades na infância, as vitórias e os problemas no São Paulo e aquela decisão.
A manhã já estava começando quando chegamos a Dracena. Fui pra casa, tirei um cochilo que não durou mais do que três horas. Não estava fácil dormir. Quando acordei, meus pais já tinham ido para minha chácara, onde comemoraríamos o início desta nova fase. Jamais vou esquecer a recepção que tive quando cheguei ali.
O hino do Flamengo tocava em alto e bom som, minha família inteira, e alguns amigos, estavam uniformizados em rubro-negro. Um amigo conseguiu com um colecionador de camisas que morava na cidade e emprestou para todos. Foi um momento mágico. Dava para sentir aquela energia, sabe? Ali eu soube: tinha feito a escolha certa.