Tudo que envolve Jorge Sampaoli é intenso — e tenso, também. Em uma analogia com relacionamentos, é como se você conquistasse a pessoa desejada, mas, no final, descobrisse que não valia a pena o esforço.
No início, há paixão. Sampaoli causa uma euforia quase "beatlemaníaca". Sua chegada é ovacionada e suas primeiras palavras conquistam até o mais descrente dos torcedores. Ele, que já tinha animado você (no caso, o clube), ganha a simpatia também daqueles que torcem por você. É como se sua família e amigos aprovassem o relacionamento.
Quando vocês começam a sair de rolê (no caso, os campeonatos), atraem olhares invejosos. É fácil se render ao estilo de Sampaoli: um futebol ofensivo e repleto de conceitos modernos. Mesmo nas derrotas (algumas acachapantes) e nas eliminações (algumas precoces), você fecha os olhos e procura recordar os bons momentos.
Então, aos poucos, começam os problemas graves. Aquilo que você faz por ele nunca parece ser suficiente. A relação se desgasta. E, a cada dia, ele quer mais reforços. E sem dar muita coisa de volta. Nos dois relacionamentos que teve no Brasil, fez Santos e Atlético-MG investirem mais de R$ 210 milhões em contratações, mas só conquistou um título, o Campeonato Mineiro de 2020.
E é assim que termina. Depois de tudo que você fez por ele, é ele quem decide ir embora. Você já não lamenta, sabe que vai ser melhor assim, tem noção de que é impossível satisfazê-lo. A saída de Sampaoli, perto de trocar o Atletico-MG pelo Olympique de Marselha (FRA), não causa dor, só alívio — e vem com muitas contas para pagar...