O apito não vai até a boca quando necessário, o cérebro não acompanha a jogada imprevisível, o posicionamento não é o melhor para saber: Foi falta? Foi pênalti? Foi mão? E ainda tem jogadores e torcedores pressionando, gritos e xingamentos, a transmissão esportiva detonando, o programa de TV analisando cada decisão daquele homem que, sozinho, apita o final do jogo.
É o árbitro. Ninguém precisa avisar que foi um dia ruim. Ele sabe.
“Você sai de casa para estar bem, mas o futebol é dinâmico. Você não consegue prever tudo, nem o comportamento do jogador e nem o seu. Tem situações que fogem da sua alçada. Se você não tiver equilíbrio, é afetado. Quando saímos de casa, temos o conceito, mas tem dia que é noite”, define o ex-árbitro Sandro Meira Ricci, único brasileiro no quadro da Fifa na Copa do Mundo de 2018 – ele se aposentou após o torneio.
Se você é torcedor de algum time brasileiro, já pode ter soltado críticas mais quentes contra Sandro. Ele entende, mas também sabe que não errou de má-fé. Juiz de futebol é treinado para aquele tipo de situação, tem o domínio das regras do futebol, mas continua sendo gente como a gente.
“Uma certeza eu tenho: nunca errei de má-fé. Nunca perdi o sono por desconfiar de mim mesmo. Não posso me arrepender de ter errado porque nunca errei querendo. Eu sabia que errar é normal em uma atividade como essa”.
A experiência de competições internacionais, duas Copas do Mundo, finais importantes e clássicos fazem Sandro encarar com tranquilidade, em longa conversa com o UOL Esporte, as polêmicas mais delicadas da carreira, os erros mais polêmicos e até as questões mais pessoais.