Se dizem que a água de Santos é diferente, o terno e gravata da cidade praiana também parecem ser. O Peixe que tanto revela jogadores em suas categorias de base parece perder joias na mesma velocidade diante de gestões atrapalhadas que permeiam os corredores da Vila Belmiro há anos.
Toda e qualquer renovação de contrato de jovens de potencial parece se tornar uma novela no CT Rei Pelé. As idas e vindas de reuniões por novos vínculos se tornaram tão corriqueiras que o torcedor santista chega a se espantar quando não ocorrem —ou quando uma transação é bem feita.
Parece um círculo vicioso. O time profissional, de orçamentos baixos nos últimos anos, perde algum jogador e o Peixe recorre à base para repor a ausência. O clube queima uma etapa para alçar aquele talento que pode ajudar no desempenho do time de cima e, em grande parte das vezes, tem a resposta técnica no gramado. Mas se esquece do extracampo.
Vê-se somente depois que aquele jovem que subiu ao time de cima e já começou atrair olhares cobiçosos de fora da Vila Belmiro tem pouco tempo de contrato —e pode sair a qualquer momento. Só nos últimos anos o Santos perdeu quase R$ 350 milhões* em jogadores assim.
É justamente isso que o novo executivo de futebol, o ex-jogador Edu Dracena, promete evitar. O "Capitão América", apelido que Dracena ganhou ao erguer a taça da Libertadores como jogador em 2011, pode não ser o Capitão Nascimento, icônico personagem do filme Tropa de Elite, mas com ele também não vai subir ninguém. Pelo menos sem contrato.
* Valor de mercado somado de dez atletas que saíram nos últimos anos do Santos, em avaliação do site Transfermarkt. Mais informações em lista abaixo.