Campeão de tudo (mesmo)

Tricolor conquista a Supercopa do Brasil e agora tem todos os títulos possíveis em sua galeria de troféus

Bruno Madrid e Eder Traskini Do UOL, em São Paulo e Belo Horizonte Gilson Lobo/Agif

A conquista da Supercopa do Brasil pelo São Paulo acaba de vez com qualquer ponderação sobre a alcunha "campeão de tudo". O Tricolor falou bastante no ano passado sobre a inédita Copa do Brasil ser a peça que faltava na galeria de títulos, mas alguns levantaram o questionamento da ausência da taça da Supercopa do Brasil. Mas agora não falta mais.

O time enfrentou o rival Palmeiras e, após o 0 a 0 no tempo normal, levou o troféu na disputa de pênaltis ao fazer 4 a 2, com duas defesas de Rafael nas cobranças de Murilo e Piquerez. Festa da torcida são-paulina, que dividiu o Mineirão, em Belo Horizonte, com os alviverdes.

Dentre outras conquistas, o Tricolor paulista é hexacampeão brasileiro, soma 22 estaduais, é o maior campeão continental empatado com três conquistas, tem duas Recopas e é o maior campeão mundial entre os times brasileiros, também somando três títulos. E agora completa sua galeria de conquistas com a Supercopa do Brasil. Pelo menos até inventarem outra competição!

Gilson Lobo/Agif

Era o título que faltava para a instituição e não tem mais discussão de quem é o maior do Brasil. O São Paulo ganhou tudo que tem daqui para trás [no passado]".

Calleri, atacante do São Paulo

O gigante acordou

Depois faturar a Copa do Brasil no ano passado, o São Paulo ficou sem Dorival Júnior, mas trouxe o promissor Thiago Carpini, manteve a estrutura e seguiu em alta: dias após quebrar um amargo tabu na Neo Química Arena, garantiu o título da Supercopa do Brasil sobre outro rival, o Palmeiras.

A conquista recoloca o Tricolor na primeira prateleira do futebol brasileiro. Depois de uma carência de títulos nos últimos anos, algo que não estava acostumado, o clube retomou seu protagonismo ao conquistar troféus sobre Flamengo, em 2023, e Palmeiras, hoje, as equipes mais badaladas dos últimos anos.

A experiência do elenco colaborou: Calleri e Rafinha são os pilares de um São Paulo cada vez mais maduro. A juventude de Cotia também: Pablo Maia e Welington deram o gás necessário para equilibrar um elenco que passa, cada vez mais, a incomodar os outros gigantes.

Gledston Tavares/Ag. Estado Gledston Tavares/Ag. Estado

A primeira vez

O título de hoje coroa de um ciclo de 12 meses mais do que eficientes de Thiago Carpini. Ele ganhou projeção nacional ao colocar o Água Santa na final do Campeonato Paulista do ano passado e mostrou, no Juventude, que não era técnico de um trabalho só: levou o time gaúcho à Série A e iniciou de maneira invicta a trajetória no São Paulo.

A conquista sobre o alviverde é a cereja do bolo perfeita ao "professor", como é carinhosamente chamado pelos torcedores, de 39 anos. A pouca idade, aliás, provou não ser um problema: Carpini já havia avisado no meio da semana que, apesar de novo, não "caiu de paraquedas" no clube do Morumbi — e quebrou mais uma "interrogação" sobre seu desempenho.

"A gente precisa reconhecer a capacidade independente da idade e entender que há um trabalho. Eu não caí aqui de paraquedas. E isso não é uma crítica. Prefiro que as dúvidas continuem, tenho dificuldade quando estou no conforto. O desconforto me estimula. Mas é só um ponto a ser citado. Vamos pensar no São Paulo como um todo, e não se o Carpini é jovem ou não. Vamos olhar para frente", disse.

Rodney Costa/Ag. Estado Rodney Costa/Ag. Estado

Herói da Supercopa

O goleiro Rafael brilhou ao defender duas cobranças na disputa por pênaltis contra o Palmeiras, pela Supercopa do Brasil, e foi o herói do título do São Paulo. Humilde, ele confessou que não esperava viver um momento como esse.

"Só tenho de agradecer por tudo que estou vivendo. Nem nos meus melhores sonhos poderia imaginar viver isso, conquistando títulos com o São Paulo, jogando. Fico muito feliz de ter ajudado, esse time merece demais, trabalhamos muito. Muito feliz de conquistar mais um título com essa camisa", disse.

Ele chegou ao Tricolor paulista no ano passado e se firmou rapidamente na posição. Ele sabia que a torcida sentia falta de um ídolo na posição como Rogério Ceni, mas evitou comparações e vem sendo responsável por garantir bons resultados para o São Paulo em partidas decisivas.

Gilson Lobo/Agif Gilson Lobo/Agif

Toca no Calleri

O argentino não tem status de estrela em vão: Calleri faz a diferença — desde que toquem para ele, é claro. Camisa 9 típico, o atacante se encantou (e foi encantado) pelo São Paulo desde que pisou no Brasil. A sintonia foi tanta que ele largou a Europa para retornar e, desta vez, realizar o sonho de ser campeão com a camisa Tricolor.

Após o título da Copa do Brasil, o centroavante encerrou 2023 antes dos companheiros para passar por cirurgia no tornozelo e voltar inteiro para a atual temporada. Deu certo: ele foi titular em todos os jogos do São Paulo até o momento e na Supercopa do Brasil, contra o Palmeiras, abriu o caminho para a vitória nos pênaltis ao acertar sua cobrança.

Gilson Lobo/Agif Gilson Lobo/Agif

A liderança de Rafinha

Aos 38 anos, Rafinha é o grande líder deste São Paulo e foi fundamental nos dois títulos recentes, da Copa do Brasil 2023 e da Supercopa deste ano. O lateral-direito fez enorme sucesso na Europa e, ao retornar ao Brasil, muitos apontaram que ele vinha em fim de carreira e que pouco poderia contribuir.

Mas além de estar ajudando fora de campo, dando uma consistência defensiva ao time e sendo capitão da equipe, ele também é fundamental fora dele, como inspiração para os mais jovens e exemplos para todo grupo.

Contra o Palmeiras, não foi diferente. Lutou e comandou o time de dentro de campo, até precisar ser substituído no segundo tempo, machucado e extenuado. Ele foi substituído com lágrima nos olhos, contrariado por ter de sair em um momento importante do jogo, mas mostrou aos seus companheiros que era hora de continuar lutando pelo título.

Gilson Lobo/AGIF Gilson Lobo/AGIF

+ Especiais

Camilla Maia/Globo

Lucas Gutierrez conta como se reencontrou na carreira ao equilibrar duas paixões

Ler mais
Arquivo pessoal

A história da primeira mulher trans a jogar futebol profissional no Brasil

Ler mais
ESTADÃO CONTEÚDO

A história esquecida de Zózimo, bicampeão mundial pela seleção brasileira

Ler mais
Sergio Moraes/Reuters

Fluminense conquista a Libertadores pela primeira vez e deixa trauma para trás

Ler mais
Topo