Lua de mel desperdiçada
A Copa América de 2019 deu sinais de que era possível uma reaproximação entre a seleção brasileira e sua torcida. O início foi conturbado, com vaias na abertura, no Morumbi. Baiano, Daniel Alves profetizou que a reconciliação viria na segunda partida, diante da Venezuela, na Fonte Nova, mas o 0 a 0 manteve a insatisfação. Foi a partir do terceiro jogo, com a goleada por 5 a 0 sobre o Peru, que o Brasil engrenou e iniciou a caminhada rumo ao título.
Do sonoro apoio a Neymar na frente do hotel brasileiro em Brasília durante a preparação - o atacante se defendia da acusação de estupro da modelo Nájila Trindade - passando pela vitória sobre a Argentina no Mineirão, nas semifinais, culminando com a consagração de Everton Cebolinha como xodó. A Copa América terminou com título em solo brasileiro, vaias exorcizadas e amor com o torcedor.
Os meses que se seguiram, entretanto, tiveram a seleção de volta a uma rotina já conhecida: fria e distante. Foram amistosos distantes em países de pouca expressão no futebol, estádios vazios, em jogos pouco empolgantes. Para piorar, segundo avaliação da própria cúpula da CBF, testes e experiências fizeram com que o futebol apresentado fosse bem abaixo daquele apresentado nos momentos decisivos da Copa América.
Com isso, o Brasil termina 2019 de mal com a torcida. A oportunidade de utilizar um título conquistado em casa com vitória sobre a Argentina de Messi como impulso para recuperar o interesse e carinho pelo time brasileiro parece desperdiçada. Ao invés disso, o ano termina com uma sensação de indiferença por parte dos torcedores. E aqueles que não são indiferentes têm pendido para críticos. Precisamos, então, voltar a falar sobre a seleção e seus problemas.