Todo fim de semana, o meia-atacante Jonatas Rey pega uma bicicleta emprestada e sai de casa para entregar hambúrgueres na cidade de Cabo de Santo Agostinho, no litoral pernambucano. Até março, o atleta disputava o Campeonato Paraense pelo Paragominas, mas foi dispensado com o início da quarentena do novo coronavírus.
O bico como entregador da "Lanchonete do Trailer", empreendimento de uma amiga de sua mulher, Katyane, foi a forma que o casal encontrou para sustentar seus três filhos. Pelo serviço, o jogador de 24 anos recebe R$ 5 a cada entrega. "Tem dia que tiro R$ 50, R$ 70, mas também tem dia de pouca entrega que dá R$ 20, R$ 30."
Há duas semanas, o atleta espera receber os R$ 600 de auxílio emergencial prometido pelo governo federal. Ele já foi aprovado, mas o dinheiro ainda não foi liberado em sua conta. Jonatas chegou a ficar 12 horas em uma fila da Caixa Econômica Federal para sacar R$ 90 que o Paragominas lhe enviou como direitos de imagem.
Por todo o país, clubes de grande e médio porte têm negociado a redução salarial de seus jogadores. Mas a maioria dos clubes, sem a perspectiva de renda, optaram por dispensar seu elenco. A situação de Jonatas é um retrato das dificuldades que a maioria dos atletas profissionais do Brasil passam sem poder trabalhar.
De acordo com um estudo da consultoria Ernst Young para a CBF, 55% dos jogadores profissionais país ganham até R$ 1.000,00 de salário. Jonatas deveria receber R$ 2.500,00 do Paragominas, mas só ganhou uma fração disso por causa da pandemia.
Como ele, outros atletas estão improvisando para repor ou complementar a renda perdida durante a quarentena, o que não raramente inclui sair de casa e aumentar suas chances de contágio. A seguir o UOL Esporte conta a história de alguns deles.