Paralelamente a isso, Senna estava conversando com o presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo. O namoro entre o brasileiro e o time italiano tinha tido idas e vindas ao longo dos anos, e Ayrton nunca escondeu o desejo de correr pela equipe de Maranello. A Ferrari tinha brigado pelo título com ele em 1990, com Alain Prost ao volante, mas não conseguiu manter a competitividade nos anos seguintes.
Eles tinham contratado Jean Todt em 1993, e passavam por um período de reconstrução. Segundo Montezemolo, ele e Senna tiveram uma conversa em Ímola na qual o brasileiro se comprometeu a estudar seu contrato e buscar uma forma de quebrar seu acordo com a Williams, que era de três anos.
Houve, depois de sua morte, muita conversa sobre o um pré-contrato com a Ferrari para a temporada de 1996. O fato é que sempre foi prática em Maranello (e continua sendo) ter algum tipo de vínculo com vários pilotos, mas sempre deixando a opção de ativar ou não o contrato na mão da própria equipe.
Então, não dá para cravar que Senna iria para a Ferrari. Tudo dependeria da evolução da Williams ao longo da temporada 1994 e do quanto a Benetton seria freada caso o controle de tração fosse realmente encontrado -o que não aconteceu.
A FIA chegou a investigar o carro da Benetton, encontrou um software "suspeito", mas chegou à conclusão de que nada ilegal estava sendo usado. Schumacher foi desclassificado de duas provas e foi excluído de outras duas, mas por outras irregularidades. Quase uma década depois, a FIA desistiu de policiar sistemas eletrônicos por alguns anos, dizendo que tinha dificuldades de encontrá-los por questões tecnológicas. Isso foi resolvido posteriormente.
O que ouvi dos profissionais consultados no paddock é que Senna muito provavelmente teria uma relação complicada com Jean Todt, pelas personalidades dos dois, e que o brasileiro não tinha paciência suficiente para reconstruir uma equipe da maneira que a Ferrari precisava. Afinal, ele já tinha demonstrado isso nos dois últimos anos de McLaren.