A bola pingou meio despretensiosa saindo de uma das grandes áreas do Santiago Bernabéu, em Madrid, mas Sebastien Thill estava no lugar certo, na hora certa e cheio de pretensões. Faltavam exatamente um minuto e cinco segundos para o fim do tempo regulamentar, e o placar mostrava Real 1 x 1 Sheriff, na segunda rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões. Thill, meia-atacante contratado pelo Sheriff em janeiro, ajeitou o corpo e preparou o chute.
A bola passou como um jato pelo meia Modric e pelo goleiro Courtois, que em vão tentaram desviá-la. Foi morrer no fundo da rede do Bernabéu, depois de acertá-la no ângulo. Para todos os efeitos, um golaço. Os torcedores espanhóis levaram as mãos à cabeça, incrédulos, assim como os jogadores do Real. Thill, natural de Luxemburgo, tirou a camisa e correu em direção à linha de fundo, celebrando o gol como se fosse um título. Foi o primeiro gol de um atleta de Luxemburgo na história da competição.
O treinador ucraniano Yuriy Vernydub, que comanda o time há menos de um ano, se ajoelhou na lateral, levou as mãos ao alto e foi abraçado pelos reservas. Ninguém parecia acreditar que o Sheriff, um clube da Moldávia sem nenhuma tradição internacional, estava vencendo o Real Madrid (13 títulos da Liga dos Campeões) na capital espanhola. A vitória de ontem foi a segunda do Sheriff, que se isolou na liderança de um grupo que tem ainda Inter de Milão (três títulos da Liga) e Shakhtar Donetsk (um título da Liga Europa).
Era de esperar que a Moldávia, país de 4 milhões de habitantes entre a Ucrânia e a Romênia, estivesse em festa com a campanha do time, que faz sua estreia no palco internacional. Na prática, é complicado... A seguir, UOL Esporte conta a história do clube que virou a grande zebra da Liga dos Campeões. Uma história que reúne o comunismo, uma megacorporação, fazendas de caviar e um ex-agente da KGB bilionário que resolveu formar um time de futebol.