Velozes e furiosos

Super Drift cresce inspirado pela franquia de filmes e ganha seguidores no Brasil

Rubens Lisboa Colaboração para o UOL, em São Paulo Divulgação

Muito barulho, pneus esfarelando, fumaça e carros em alta velocidade se locomovendo de lado e tomando os melhores ângulos nas curvas. As cenas fazem parte do terceiro filme da bilionária série "Velozes e Furiosos" - iniciada em 2001 e que chegará à nona edição neste ano. "Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio" (do original The Fast and Furious: Tokyo Drift) ficou marcado por apresentar ao mundo um esporte criado nos anos 70 no Japão, o Drift, modalidade em crescimento no Brasil.

Tendo Sean Boswell (Lucas Black) como personagem central, em vez dos protagonistas usuais Dominic Toretto (Vin Diesel) e Brian O'Conner (Paul Walker), o filme é uma ode ao drift. Para elevar o nível de realidade das cenas, a produção contou com pilotos profissionais de drift. Tanner Foust foi um dos dublês e o japonês Keiichi Tsuchiya, conhecido como o rei do drift, prestou consultoria, avaliando a performance dos pilotos, e acabou fazendo uma ponta em uma cena.

No Brasil, o filme foi um marco para o drift e o sucesso da série fez com que pilotos e público passassem a tomar gosto pela modalidade. Com uma tradição em automobilismo e a paixão por carros no país, não demorou a surgir um grande número de adeptos e assim se fez necessária a organização mais profissional de competições.

E foi então que surgiu o Super Drift Brasil, maior competição de drift da América Latina. Criada em 2015, a competição foi homologada como Campeonato Brasileiro oficial da modalidade já no ano seguinte pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA). O circuito corre o país levando milhares de pessoas às arquibancadas de autódromos. Neste ano, a competição já esteve em Santa Luzia (MG) com a primeira etapa no fim de março, além de Piracicaba, no interior paulista.

E amanhã (14) será a vez do Paraná conferir os melhores pilotos de drift do país desafiando a pista do Autódromo Ayrton Senna, em Londrina, onde acontece a terceira etapa de um total de cinco programadas para o ano.

O UOL transmitirá pela primeira vez o Super Drift Brasil ao vivo com as disputas da etapa paranaense. A competição tem início às 14h.

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Afinal, o que é drift?

Diferentemente de uma corrida convencional, no drift os critérios não são simplesmente baseados no primeiro a cruzar a linha de chegada, tampouco na maior velocidade alcançada pelo piloto, ultrapassagens ou mesmo na potência do motor do carro. Vale a habilidade do condutor, que precisa cumprir alguns requisitos durante cada volta de classificação. Cada curva e movimento é avaliado por juízes que atribuem uma pontuação à performance. Além disso, há batalhas entre dois pilotos no melhor estilo Velozes e Furiosos em formato mata-mata.

O piloto deve virar o volante para que o carro esteja sempre com as rodas na direção oposta ao sentido da curva, fazendo com que o veículo deslize pela pista com o nível de derrapagem sob controle, evitando assim a rodagem e a perda do traçado.

São três os critérios avaliados: Linha, Ângulo e Estilo. Os dois primeiros contam com 30 pontos cada, que são avaliados em cada um dos seis trechos no qual o circuito é dividido. Já o Estilo distribui 40 pontos, sendo 20 para a avaliação de fluidez e outros 20 para comprometimento. O piloto que atinge pontuação máxima em todos os quesitos de sua avaliação obtém 100 pontos.

  • Linha

    Cada um dos seis pontos em que a pista é dividida conta com uma marcação na qual o piloto precisa passar correndo no drift. Neste critério, é avaliado o quão próximo o carro chega das outsides zones e dos inside clips. Quanto mais perto ele chega dos pontos destacados, maior a sua pontuação, desde que ele não se choque com as sinalizações. Ele precisa pilotar no limite.

  • Ângulo

    Não basta se aproximar dos pontos, é preciso fazê-lo com o máximo de angulação sem fazer com que o carro rode ou perca a velocidade. E também não adianta estar muito rápido e não conseguir angular o carro ao fazer cada curva da pista.

  • Estilo

    Separado entre Fluidez e Comprometimento, ele avalia no primeiro caso a rotação entre eixos do carro e a velocidade na qual as transições são feitas pelo piloto na saída de um trecho de curva para o seguinte. Já o Comprometimento tem avaliado o impulso do veículo e a sua velocidade geral para completar o traçado atingindo todas as zonas e passando pelos clip points.

Scott Varley/Digital First Media/Torrance Daily Breeze via Getty Images Scott Varley/Digital First Media/Torrance Daily Breeze via Getty Images

Clip points e outside zones

Pontos principais da pista na avaliação dos pilotos, os clip points são um recorte específico na pista marcado por um cone, que geralmente é colocado no ponto mais interno de uma curva. Também é chamado de vértice ou pontos internos.

Já as zonas externas são uma área de tamanho variável entre dois marcadores, um no início e outro no fim. Estas seguem o lado mais externo de uma curva .Também podem ser conhecidos como outside zones.

O objetivo dos pilotos de drift é se aproximar o máximo possível dessas marcações -- os clip points com a frente o carro, e as outside zones com a parte traseira --, porém sem encostar nelas.

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Como acontece a competição

A disputa começa com uma fase de classificação na qual cada piloto tem o direito a três voltas na pista para que seja avaliada a sua passagem em todos os critérios citados acima. Qualquer rodagem, toque nos clip points ou colisão invalida a volta. Apenas o melhor resultado dos três é considerado para a pontuação final.

Porém os vencedores de cada etapa são determinados apenas após uma série de batalhas. A classificação é utilizada para definir como ficará a chave dessas batalhas, fazendo com que os melhores da fase inicial só se encontrem já nos momentos mais decisivos desde que vençam suas batalhas, o que geralmente acontece em disputa de outros esportes, como os playoffs da NBA no basquete ou da NFL no futebol americano.

Nas batalhas, dois pilotos partem para duas voltas com seus carros nas condições de líder e perseguidor. O líder tem a necessidade de fazer o melhor traçado possível ao atingir as zonas do circuito, os clip points (marcações no asfalto no qual o carro deve passar angulado exatamente por cima para obter maior pontuação).

Enquanto isso, o perseguidor precisa imitar o trajeto feito pelo líder e segui-lo com a maior proximidade possível - os carros chegam até a se encostar nas batalhas mais disputadas. Caso o carro à frente saia do traçado, o perseguidor também precisa segui-lo e será julgado justamente pelas imitações e a aproximação na pista.

Ao final de cada uma das duas voltas de perseguição, os juízes comparam cada piloto na função de líder e perseguidor para definir um vencedor.

No topo do ranking

  • Diego Higa

    Com apenas 22 anos, o jovem piloto natural de Santos é um dos grandes nomes do drift no Brasil. Corria de kart até os 13 anos e acompanhava o pai como passageiro quando ele praticava o drift. Aos 14, decidiu vender o kart e comprou um carro para treinar a modalidade. No Super Drift Brasil, Higa tem sido dominante e venceu as quatro temporadas, de 2015 a 2018, sendo as últimas três válidas como Campeonato Brasileiro. Atualmente, lidera o campeonato de 2019 com 213 pontos e pilota um Toyota Supra.

    Imagem: Divulgação
  • Erick Medici

    Mecânico em Laranjal, no interior paulista, começou a se envolver com o drift aos 13 anos e teve como seu primeiro carro um Chevette equipado para competição, que foi a atração nas etapas disputadas, até trocar de carro em busca de um melhor desempenho. Ficou em terceiro lugar nas últimas duas temporadas do Super Drift Brasil e começou bem este ano, liderando a fase classificatória da etapa de Piracicaba. É o atual vice-líder e segue na tentativa de desbancar o tetracampeão Diego Higa.

    Imagem: Reprodução/Facebook
  • João Barion

    Também conhecido como "Xerife", tem uma longa trajetória no automobilismo, iniciada aos 9 anos no kart e com passagens em categorias como Fórmula Renault e Fórmula 3 Sul-Americana, correndo pela Piquet Sports. Aos 32 anos, está apenas no terceiro como competidor de drift e já tem dois vice-campeonatos, em 2017 e 2018, quando foi superado justamente por Diego Higa, seu professor de drift. Amante de carros antigos, costuma correr com um Mustang 1965, um Maverick V8, um Camaro e um Nissan 370z Nismo.

    Imagem: Reprodução/Instagram
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Os carros

A disputa do drift exige que os carros sejam aqueles produzidos para a utilização em ruas, com características técnicas originais, mantendo os chassis mas com modificações para uso na competição. Não podem participar protótipos, e a presença de picapes e SUVs também é vetada.

Os carros levam uma gaiola de proteção para segurança, comum em carros de corrida. Suspensão, freios, direção, motor e câmbio têm substituições livres desde que vistoriadas pela organização.

Os pneus seguem regras de medidas de acordo com o peso do carro. Quanto mais pesado, maior a medida permitida, sendo que o peso mínimo do veículo (somado ao do piloto) é 900 kg.

A caracterização visual dos carros é livre, podendo utilizar aerofólios e pinturas diversas.

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Etapa de Londrina

Em uma das principais pistas do automobilismo brasileiro, o Autódromo Ayrton Senna, a terceira etapa do Super Drift Brasil 2019 acontece neste fim de semana, com treino aberto no sábado e a competição oficial no domingo, a partir das 10h (de Brasília).

O evento terá pela primeira vez a transmissão ao vivo do UOL Esporte e o principal desafio dos pilotos será desbancar o atual tetracampeão Diego Higa, que lidera a temporada em busca do quinto título consecutivo.

A pista é caracterizada por ser bastante veloz e isso deve ajudar a equilibrar a disputa. Para esta etapa, os organizadores utilizarão três quartos do autódromo londrinense. O traçado terá duas outside zones e um clip point.

A disputa conta com grande interação do público. Os ingressos variam entre R$ 40 e R$ 400, de acordo com o que cada categoria oferece. A venda é feita exclusivamente pela internet.

Estão disponíveis os seguintes setores:

Área VIP (oferece bebidas) - R$ 150
Full Experience (kit exclusivo e uma volta rápida na pista, além de acesso à Área VIP) - R$ 400
Entrada 2º lote - R$ 80 (Meia R$ 40)
Entrada Solidária 2º lote - R$ 40 (mais doação de 1 kg de alimento não perecível)

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