Pia Sundhage comanda a seleção feminina de futebol há pouco mais de um ano —tempo suficiente para que se apaixonasse por Alceu Valença, pelo sol e pelo calor. De português, ela manja pouco, mas, a barreira do idioma não tem sido empecilho para criar uma relação de intimidade com o time, regada à música, do jeito que ela gosta.
O foco principal da treinadora é a Olimpíada, título inédito para o Brasil, e o caminho trilhado até aqui é promissor: depois de uma sequência invicta em 2019, com seis vitórias e dois empates, a técnica sueca segue em alta em 2020, com apenas uma derrota para França em cinco jogos.
Ao desembarcar no Brasil, em julho de 2019, a sueca trouxe uma história intimamente ligada ao futebol. Ela nasceu em Ulricehamn, na Suécia, dois anos após a Copa do Mundo de 1958, que apresentou Pelé para o mundo, e cresceu jogando futebol com os garotos, na vila em que morava. Dos pais teve todo o apoio que precisava para seguir no esporte em uma época que o futebol feminino ainda nem engatinhava. E foi pela boca dos vizinhos que ouviu falar pela primeira vez da seleção brasileira, que derrotou a Suécia por 5 a 2 na final do Mundial, e de Pelé, de quem se tornou fã e se inspirou: "Eu queria fazer muitos gols também. Então, ora, me chamem de Pelé", brinca Pia.
Nesta entrevista, a treinadora comenta os bastidores da chegada à seleção brasileira —o que não passava pela cabeça dela nem no mais distante sonho—, o que fez para criar identificação com o time e as expectativas para a Olimpíada e para a Copa do Mundo. Pia também ressalta o tamanho do futebol feminino e comemora que, finalmente, ele tem sido visto da maneira grandiosa que deve.