"P... burra, jumenta"

Ameaças e BOs: UOL revela com exclusividade acusações de violência doméstica contra comentarista Alê Oliveira

Larissa Mendes e Pedro Lopes Do UOL, em São Paulo

Comentarista do Esporte Interativo e do programa Estádio 97, Alê Oliveira foi às redes sociais há três dias para dizer aos seus 1,6 milhão de seguidores que estava impedido por Tereza dos Santos, sua ex-mulher com quem se relacionou por cerca de 15 anos, de encontrar a filha do casal, que tem 12 anos de idade.

O caso teve grande repercussão e, em resposta, Laís Adriane, filha de Tereza anterior ao relacionamento com Alê, postou stories no Instagram indicando que o ex-padrasto manteve com sua mãe um relacionamento abusivo. O UOL Esporte apurou que, entre 2008 e 2020, Tereza registrou seis ocorrências policiais por violência doméstica contra o ex-marido - de quem se separou em maio deste ano.

Foram registradas ocorrências por violência doméstica contra Alê Oliveira duas vezes em 2008 - uma na 4ª Delegacia de Defesa da Mulher, outra na delegacia do 14º Distrito Policial. Em 2009, o registro foi na 4ª Delegacia de Defesa da Mulher. Fato que se repetiu em 2011, no 28º DP, e em 2013, na 6ª Delegacia de Defesa da Mulher. A última queixa ocorreu em junho deste ano, na 3ª Delegacia de Defesa da Mulher.

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Alê diz que relação teve "ofensas verbais mútuas"

O teor integral das ocorrências é protegido por segredo de Justiça. Em contato com a reportagem, Alê Oliveira minimizou os casos e afirmou que os boletins são registros unilaterais de uma relação que teve "ofensas verbais mútuas". O comentarista enviou um comunicado, reproduzido na íntegra ao fim da matéria, em que afirma que jamais agrediu a ex-esposa fisicamente e fala em "excessos de ambas as partes". O texto é acompanhado de um vídeo no qual Tereza aparece riscando seu carro, no dia 28 de julho, fato que gerou também um Boletim de Ocorrência (B.O.).

A última das ocorrências de violência doméstica, registrada em junho deste ano, evoluiu para uma ação judicial. Nela, Tereza afirma à polícia ter sido ameaçada pelo comentarista, que teria lhe dito que "não tem nada a perder" e "para (te) botar na cadeia não precisa de muita coisa". Além disso, relata que sempre viveu com ele um relacionamento abusivo, do qual nunca teve forças para sair.

"Eu tenho outros recursos"

Alê ameaça em áudio e diz que não tem nada a perder

O UOL também obteve com exclusividade o áudio de Alê Oliveira enviado à advogada de Tereza, Thaysa Pinheiro, e à ex-esposa (ouça a íntegra abaixo). As ameaças na fala do comentarista são claras.

"Deixa só eu esclarecer. Eu sou um cara do bem, só que a gente está lutando contra as forças do mal. Você não pense que eu não tenho outros recursos. Eu tenho outros recursos. É que eu não quero usar. Quero continuar no bem. Quem faz o bem, ganha o bem. Você abraçou o mal. Era evidente que você vai ter as suas consequências [sic]. Bacana, legal. Lugar da Tereza você sabe muito bem, como advogada, que é na cadeia. Falsidade ideológica, furto, chantagem, alienação parental, uma série de coisas que ela fez e deveria estar na cadeia. Eu não botei ela na cadeia por causa da [filha de Alê com Tereza]. Porque ela é tão sem escrúpulo que ela fez a cabeça da minha filha contra o próprio pai. O pai que sustenta ela, a mãe e todos os filhos. Há muito tempo. Mas, agora que eu perdi minha filha, eu não não tenho muita coisa a perder. Se você quiser continuar trabalhando para o mal, é uma escolha sua. Não adianta eu falar que você deveria ser do bem. Não tenho como fazer isso. Eu faço isso na minha vida, o Flávio [não identificado] tem na vida dele. Só que a gente tem outros caminhos, sabe? Só que a gente tenta evitá-los. Porque eu sou uma pessoa pública, porque tem a [filha de Alê com Tereza], e eu quero trabalhar. Eu vivo do meu trabalho, não vivo do trabalho dos outros. Ou você se posiciona ou você começa a aconselhar... ou a gente vai ter problemas. Sei que você é muito esperta, muito malandra, a gente sabe tudo isso. Ninguém é idiota. A gente se faz de idiota para tentar levar, né. Ali na maciota e tal. Mas você não é a pessoa mais esperta do mundo. A Tereza também não. A gente tem tudo comprovado. Então, para colocar na cadeia, não precisa de muita coisa. E você sabe disso. Agora, se você não orientar, não alertar, aí é uma falha sua, não minha".

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"Impossível uma pessoa ser tão jumenta"

Em trocas de mensagens entre Alê Oliveira e Tereza, entregues à Justiça, o comentarista trata a ex-mulher com extrema agressividade. "Vai tirar foto pelada vai, puta burra. Não entende nada que falo ou escrevo", diz uma das conversas. "Impossível uma pessoa ser tão jumenta assim. Só pedi a porra do carinho (sic)".

Em outra conversa, Oliveira ataca Tereza dizendo "Covarde. Assuma seus golpes. Tem vergonha de ouvir e não de fazer (...) E reza todos os dias para eu ter saúde para te sustentar hein. Você continua dependendo de mim até para limpar a bunda. Que vergonha".

"Não tem vocação para ser mãe"

Alê Oliveira criticou fotos "sexualizadas" da ex-esposa

Em uma troca de e-mails e em depoimento à polícia, Oliveira crítica o hábito de Tereza de postar fotos em redes sociais que chama de "sexualizadas". À esposa, questiona se ela faz isso para ter atenção de "seus homens" e afirma que ela "não tem vocação" para ser mãe.

A ex-enteada de Alê, filha de Tereza de outro casamento, também postou áudios do ex-padrasto em redes sociais. Em um deles, Oliveira parece ameaçar de forma direta a então companheira - o comentarista afirma que o termo "sangrada" significa apenas que estabeleceria restrições nos gastos da família.

"É o seguinte, se você não colaborar com as coisas da casa, não quero ninguém mais em casa. Não quero gato, não quero porra nenhuma. Você tá ouvindo o que tô falando? Tá ouvindo bem o que tô falando né? Se não já vou dar a primeira sangrada, já vou dar hoje mesmo. É só uma mensagem e acabou".

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Justiça: Medida protetiva após "fatos graves"

Tereza conseguiu em junho deste ano uma medida protetiva contra o ex-marido. A decisão, assinada pela juíza Ana Paula Vieira de Moraes, cita as cinco ocorrências anteriores e diz "os fatos narrados são graves e vislumbra-se a possibilidade de reincidência, uma vez que não é a primeira vez que a vítima tem sua integridade física atingida pelo réu". Depois, proíbe Alê Oliveira de aproximar-se a menos de 300 metros da ex-mulher, bem como de contatá-la por qualquer meio, inclusive no local de trabalho.

Na noite de ontem (9), após Alê compartilhar em seus stories do Instagram uma foto antiga de uma publicação feita pela ex-enteada com uma legenda carinhosa, ela se defendeu, também através de seus stories, e explicou que em momento algum falou que os abusos praticados pelo comentarista eram contra ela.

Ela afirma ter exposto o caso em defesa da mãe e da irmã, que não podem se pronunciar sobre o ocorrido, e que a publicação do início do ano não a faria entrar em contradição, uma vez que na acusação de violência doméstica, a vítima é sua mãe.

Tereza não se manifesta. Alê se defende e também mostra BOs

O UOL Esporte tentou contato com a família de Tereza, que não quis se manifestar fora dos autos. Já o comentarista enviou um comunicado à reportagem dizendo não ser "santo", reconhecendo que seu relacionamento não era saudável e apresentando acusações - e os registros de ocorrência contra Tereza - após ter o seu caso riscado e afirmar que um cartão foi utilizado sem autorização [aqui, o registro sobre o carro riscado e o registro sobre uso de seu cartão de crédito].

Confira o posicionamento de Alê na íntegra:

"É sabido que, nesta semana, surgiram nas redes fatos expondo a mim e à minha família, contendo informações parciais sobre o meu divórcio.
Não sou santo, como nenhum santo há na relação que tive - e que se desfez.
O término do meu casamento me fez demonstrar que meu relacionamento não foi saudável, mas claramente houve excessos de ambos os lados.
Boletins de ocorrência devem ser vistos como são: relatos unilaterais interessados. E, nesse ponto, há desses boletins lançados tanto contra mim que nunca foram para frente, assim como há outros por mim registrados contra minha ex-esposa.
Afirmo que nunca houve agressão física ou ameaça disso - mas sempre agressões verbais mútuas, quase sempre por questões financeiras e ciúmes.
Áudios parciais que vazaram foram descontextualizados de quando e como foram falados, em uma covarde tentativa de sugerir agressões físicas e/ou ameaças. Em um deles, quando no início do processo de separação afirmei que iria separar as contas correntes do então casal, utilizei o termo de efetuar uma "sangria" (termo comum a qualquer comerciante que se refere ao procedimento de retirada não programada de dinheiro do caixa). A discussão era, como sempre, financeira e a interpretação dada a isso é um factóide.
Retirado do seu contexto, a colocação nas redes sociais foi manobra estudada e bastante maliciosa para sugerir uma realidade que jamais houve. É uma atitude de desespero face ao calor de um litígio judicial que está em curso.
Meu carro foi, recentemente, riscado (com imagens que comprovam o fato e devido registro junto autoridade policial); compras foram feitas sem utilização utilizando mecanismos de segurança de meu cartão de crédito (o que já foi objeto de registro policial e terá consequências); áudios de ameaças foram enviados para mim; mas isso é matéria para ser entregue aos tribunais.
Desde a tomada de iniciativa de me divorciar, passei a ser atacado de todas as formas, mas o que pegou, mesmo, foi a manobra de me afastar de minha filha. Utilizar uma adolescente como moeda de barganha é algo absolutamente condenável.
Por isso o meu justo desabafo. A questão patrimonial não deveria interferir na relação pai x filha. Mais uma vez deixo claro: absolutamente todos os relatos de agressões que teriam feito jamais sugerem quaisquer violências físicas, senão ALEGAÇÕES de ofensas verbais - que sempre foram MÚTUAS. O único elemento que possa sugerir isso foi tirado de um contexto de discussão sobre gastos e finanças pessoais. É uma covardia e um discurso que "joga" para as redes sociais.
Todas as denúncias não se converteram em qualquer processo, com exceção da feita recentemente, que está em curso e será respondida.
As redes sociais estão repetindo uma briga de casal que ocorre como desdobramento do divórcio e com a discussão sobre a guarda e visitação com minha filha. Estou em desconstrução e cometi alguns excessos, até em razão das circunstâncias deste fim de relacionamento que resumo acima.
Encaminho para publicação, com essa nota, inúmeras imagens de postagens feitas pela minha ex-esposa me tendo como exemplo de marido, pai e padrasto, tirada de momentos felizes que vivemos. Tempos em que, por vez ou outra, tivemos desavenças e boletins de ocorrência e percalços, tirados de ânimos exaltados.
Eu torno a desabafar: sinto falta de minha filha e nunca deixarei de lutar contra todas as forças que tentam (e conseguem) afastá-la."

Carro riscado e mais polêmica

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