A reunião do Conselho Deliberativo da Ponte Preta no final do ano passado serviu para Sebastião Moreira Arcanjo, o Tiãozinho, apresentar os nomes que iriam compor sua diretoria. Era a missão inicial do primeiro negro a presidir o clube campineiro.
Em sua gestão, Tiãozinho quis ser plural. Os dez cargos da diretoria agora seriam ocupados por três negros, dois descendentes de orientais, quatro brancos e uma mulher.
A atitude que poderia ser vista como positiva gerou o primeiro caso de racismo a ser lidado pela nova gestão. Nas redes sociais, um conselheiro escreveu que achava que o clube fosse anunciar "gente" para os cargos. A mensagem repercutiu. O conselheiro teve seus direitos suspensos, e o Conselho Deliberativo da Ponte Preta abriu uma investigação.
"Quando você pega essa frase, você tem várias formas de justificar ou tentar justificar. Mas o pano de fundo é essa pessoa não entender que o mundo está mudando e que ela precisa mudar também", reflete Tiãozinho.
Durante uma conversa de duas horas com o UOL, Tiãozinho se colocou como agente dessa mudança. Sua simples presença no futebol já é um ponto fora da curva: é o único presidente negro entre os 40 times das Séries A e B do Brasileirão.
"Na posição de alguém que está liderando esse debate, tenho que ter uma postura muito firme, muito coerente, para estimular que outras pessoas não desistam da luta, não desistam de travar o bom combate".