Portugal é uma nação devota do futebol — o culto a Eusébio ou Cristiano Ronaldo é só a ponta de um iceberg. O país que tem uma população menor do que a da cidade de São Paulo não cabe em si de paixão pelo jogo: visceral e, por vezes, de insustentável ingenuidade. E, dentro do país, o Sport Lisboa e Benfica é provavelmente o clube que mais traduz esse ardor.
O comando dos "encarnados" hoje está nas mãos de Jorge Jesus, aquele que recentemente experimentou uma paixão tão (ou mais) intensa do outro lado do Atlântico, nos meses de sucesso absoluto pelo Flamengo.
Em Portugal, o Benfica é também um desses fenômenos que passa de geração em geração. Foi assim foi com o lisboeta Rui. Para criar os filhos em lugar mais pacato, ele se mudou da capital para Fátima, sem abandonar o clube amado. Enquanto no Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima os fiéis peregrinam para fortalecer a fé, a poucos metros os fanáticos "encarnados" exercitam sua devoção num local também considerado sagrado (mas totalmente mundano): o restaurante "O Benfiquista Fanático", um lugar que representa o time mais popular de Portugal, mas que, na essência, ilustra a sina universal de ser torcedor.
Os visitantes chegam ao restaurante de origens como Nova York, Berlim, Rio de Janeiro Coimbra ou Lisboa. E, lá, é como se fosse uma mesa-redonda. Pessoas bem diferentes se encontram no mesmo lugar, pelo mesmo motivo e sem marcar hora. É só chegar e a resenha começa.
Rui La Feria é embaixador, garçom e também o anfitrião deste reduto que respira futebol. Um benfiquista que sofre tanto pelo time que deixa de trabalhar quando ele perde. Acima de tudo, um torcedor que entende a alma "encarnada" a ponto de cravar que os flamenguistas não terão o sonhado reencontro com Jorge Jesus.
Eu acho que ele não volta mais para o Brasil."
Pois é, para o ilustre benfiquista da cidade de Fátima, o "Mister" nunca mais será mais rubro-negro. Será mesmo?