Hoje é 1º de maio, data eternizada pela morte de Ayrton Senna. É difícil encontrar quem não se lembre onde estava naquele domingo do GP de San Marino de 1994. Como milhões em todo o mundo, o pentacampeão Juan Manuel Fangio assistia à corrida ao vivo - estava em Buenos Aires, na casa de amigos, um costume que terminaria exatamente naquela manhã. "É fatal", disse, com sua habitual voz baixa, ao olhar para a TV quando os primeiros socorros eram prestados ao brasileiro ainda na área de escape da saída da curva Tamburello.
Conhecida em todo o mundo, a amizade entre Senna e Fangio guarda poucos registros, mesmo neste 2021 de tanta informação. Até os quilométricos obituários reservam escassos parágrafos para a relação. A biografia mais completa sobre o piloto brasileiro, "Ayrton, o Herói Revelado", com suas 640 páginas de fôlego do autor Ernesto Rodrigues, traz apenas seis breves remissões a Fangio.
Para preencher esta lacuna, o UOL Esporte publica neste 1º de maio o resumo da investigação mantida durante anos na Argentina em jornais, revistas, rádios, portais e TVs, além de entrevistas com parentes, amigos e jornalistas próximos a Fangio. O resultado esclarece como o "bom velhinho" argentino e o jovial brasileiro trocaram entre si a sabedoria e vitalidade necessárias para fazer da diferença de idade de quase 50 anos uma bem-vinda aliada na paixão mútua pelas corridas.
Esta história recebia seus contornos finais há exatos 27 anos. Em Ímola, com a chocante morte de Senna. Em Buenos Aires, quando Fangio sentou-se pela última vez para ver uma corrida de carros, razão da sua vida que, tal qual o mundo o conheceu, terminaria de certa forma também ali.