O apresentador fez fama trabalhando no nicho esportivo. Os cinco funcionários que ajudam a por o programa da TVT no ar têm ligações com a ESPN. Agora, eles trabalham com Trajano para atender a um público ainda mais segmentado: pessoas politizadas de esquerda. A audiência não é a mesma de outros tempos, mas o jornalista conta que a bolha não é tão pequena assim.
Há afinidade política na equipe, mas Edu Souza, uma espécie de editor-chefe, fala que às vezes acontecem arranca-rabos. E acrescenta que Trajano considera positivas estas situações.
"Ele não gosta de subserviência".
Também existem dias de comemoração. Edu diz que durante a Copa eles chegaram a marcar 1.1 ponto nas praças onde estão. Bateram a RedeTV! e a TV Cultura. Mas o público de Trajano ficou feliz em outras ocasiões: as participações especiais que estiveram no estúdio. Lula, Haddad, Ciro e Manuela - assim, sem necessidade de nome-sobrenome, como amigos na sala de estar.
Pagando para trabalhar
A repercussão das entrevistas com convidados especiais foi imensa. Mas a brincadeira precisou ser interrompida, porque estava ficando cara. Trajano quis conferir um padrão de qualidade elevado ao programa com pessoas conhecidas nacionalmente e isto exige infraestrutura.
"Eu precisava alugar uma mesa de áudio e um operador para ela. Precisa de câmeras e operadores. Estava ficando caro e não recebia. Estava tirando do bolso. Até que não deu mais. Se não está entrando, não pode ficar saindo", explicou Trajano.
O apresentador também refuta qualquer impressão de que esteja nadando em dinheiro depois de uma rescisão milionária com a ESPN. Justifica que primeiro saiu do cargo de diretor para o de comentarista e, por último, recebia por participação.
Hoje, eu preciso trabalhar. A única coisa que tenho é este apartamento".
Fãs desde longa data
Trajano recebe da TVT e de doações no Catarse, um site de financiamento coletivo. As pessoas que contribuem apoiam um conteúdo de que gostam e têm chance de acompanhar o Pontapé, programa que conta com a participação de Trajano e é veiculado às segundas-feiras na Rádio Central 3. Felipe Tognoli foi uma destas pessoas.
Ele contribui com R$ 20 mensais e é o espectador-padrão de Trajano. Considera que o retrato de Marielle no estúdio da rádio é mais que adequado. Adora o Sócrates, é corintiano e acredita que a ESPN se descaracterizou com a saída do jornalista.
"Sou fã dele desde o Cartão Verde. Quando saiu da ESPN, fiquei muito desapontado. Mas o canal do YouTube é melhor, porque democratizou. Não precisa de TV a cabo para ver".