Sempre que o Charles viaja, fico cuidando da casa dele. Dessa vez estávamos eu e meu filho mais novo, o Hermison, lá. Ele na sala e eu, no quarto. Faz tempo que não vejo mais as lutas dele. Vou para o meu quarto, dobro meu joelho e fico orando e pedindo a Deus pra que meu filho não se machuque, nem machuque o adversário.
A gente não quer ver o filho batendo e muito menos apanhando, né.
A última vez que assisti a uma luta do Charles foi contra o Max Holloway [em 2015], que ele machucou o pescoço. Meu Deus do céu, ali foi a morte pra mim. Eu questionei muito com Deus, peço perdão até hoje. É que não tinha ninguém pra gravar, mas eu me transformei de tão nervosa que fiquei naquele dia. Depois que soube que o Charles estava bem, pedi para Deus acalmar meu coração.
Foi quando eu me decidi: a partir de hoje, não fico mais nervosa, nem vejo nenhuma luta dele mais. Agora, ganhando ou perdendo, eu só agradeço. Se tiver luta no Brasil, eu estou lá. Mas assim que ele entrar e cumprimentar, eu dobro meu joelho, viro de costas e não vejo até acabar.
Na luta de sábado, eu estava ajoelhada orando quando meu filho entrou correndo no quarto. Ele gritava, me puxava, me puxava. E eu fazendo com a mão para ele esperar. Eu tinha que terminar a minha oração, né! Não podia me levantar.
Depois que terminei, desci as escadas com tudo e ficamos gritando igual bestas nós dois. Não vou dizer que não chorei, mas foi um choro de felicidade, de calma. O que eu mais queria era que meu filho realizasse os sonhos dele. Não tenho palavras pra minha felicidade.
Ozana Oliveira, mãe de Charles "Do Bronx" Oliveira