A história de um esportista pode ser contada de várias formas. A do técnico Luiz Alberto de Oliveira começa quando ele batalhou para dar condições de treinamento a três jovens promissores nos EUA: Agberto Guimarães, Zequinha Barbosa e Joaquim Cruz, há quase 40 anos (como mostra a foto acima). Ou pode ser contada com a corrida dos mesmo três atletas, hoje consagrados, em uma campanha para pagar as despesas hospitalares do velho técnico, que ficou internado no Hamad General Hospital, em Doha, no Qatar, de abril até o fim de junho.
No dia 30 de junho de 2021, Luiz Alberto perdeu a luta contra o próprio corpo. Morreu aos 71 anos, longe do Brasil, mas ao lado da mulher, Graze de Oliveira, também treinadora de atletismo. Em maio, o UOL publicou esta reportagem sobre a longa internação do técnico. Falou com Graze, direto do quarto do hospital qatari. "São mais de dois meses de uma luta diária, mas eu acredito que ele vai sair daqui andando e ainda voltaremos ao Brasil".
Não conseguiu.
Professora de Educação Física e com curso de técnica de atletismo nível 1, Graze carregava no peito a crença no impossível. O estado clínico de um dos maiores técnicos do esporte nacional em todos os tempos já era muito delicado. "Nesse período todo de internação, houve três dias em que eu pensei que ele não resistiria. Entrei no carro no estacionamento do hospital e desabei. Até os médicos me procuraram para saber o que fazer".
Luiz Alberto tinha problemas renais graves e precisava de hemodiálise. Suas internações começaram em abril, após problemas cardíacos. Parte dos custos das longas internações foram cobertos pelo plano de saúde que o governo do Qatar bancava —ele estava por lá empregado pela entidade. Para a outra parte, os atletas que brilharam sob o seu comando organizaram uma vaquinha virtual. "O Joaquim Cruz também está com a gente e o Agberto está buscando contatos no Brasil de pessoas e até empresários que possam colaborar mais objetivamente com o Luiz", dizia Zequinha.