Alô, você

Fernando Vannucci foi pioneiro na publicidade, quebrou padrão Globo e inaugurou função de narrador de Carnaval

Do UOL, em São Paulo Paulo Camilo/UOL

Fernando Vannucci é nome unânime: um colega de trabalho carinhoso, sensível, chorão e gentil. É assim que o descrevem amigos após a notícia da morte do jornalista aos 69 anos, recebida nesta terça-feira (24). Dono de uma distração divertida, Vannucci protagonizou lembranças pândegas —em sua maioria, regadas a vinho que ele mesmo pagava aos companheiros de emissora.

Carnavalesco nato, o mineiro de Uberaba emprestou o vozeirão e os bordões aos desfiles das escolas de samba —onde virava madrugadas em busca de boas histórias. Quando amanhecia, ele continuava aceso, perfeito, com cabelo e roupa impecáveis. "Ele era endeusado", conta o ex-diretor de televisão da TV Globo José Emílio Ambrosio.

Vannucci quebrou a caretice do padrão Globo de qualidade nos anos 1980 - com um pé na porta que a emissora não conseguiu conter. O sucesso das entradas despojadas foi tanto que o apresentador se consagrou como um ídolo nacional —como ele mesmo se descrevia. Foi ele, ainda, o primeiro a trocar um contrato dentro da emissora —foi do esporte para o entretenimento e colocou um basta na discussão de que nomes do jornalismo não poderiam comprometer sua isenção profissional com compromissos comerciais.

O amor pela TV Globo parecia infindo: não deixou de ser assunto puxado por ele em toda oportunidade que tinha. "Ele tinha uma melancolia, uma mágoa por ter sido desligado da Globo. A vida dele era a Globo", conta o radialista e comentarista esportivo José Calil. Calil diz, ainda, que os últimos meses de vida de Vannucci foram marcados por ligações periódicas e desabafos. "Ele sonhava em voltar para a TV aberta. Sempre que surgia algum programa novo ele me ligava e perguntava: 'Por que não me chamam?'. E isso me partia o coração".

O UOL Esporte ouviu amigos e colegas de trabalho do jornalista, que se dizem honrados pela convivência. Os relatos mostram, carinhosamente, a figura de um homem cuja voz chegava antes do corpo - um mineirinho discreto, introspectivo até colocarem um microfone na frente dele. Entre risos de angústia, os amigos se despedem, agradecem e afirmam: Vannucci jamais será esquecido.

Paulo Camilo/UOL

Jeitinho para driblar regra sobre comerciais

Fernando Vannucci foi precursor em muito do que vemos nos bastidores da TV hoje em dia. Ajustes em contratos da empresa com astros das áreas de jornalismo, como aconteceu com Fátima Bernardes e Galvão Bueno, começaram na década de 80, quando Vannucci deu um "jeitinho" para topar convites para comerciais.

O apresentador foi o primeiro a "trocar" seu contrato de esporte para entretenimento, resolvendo a eterna discussão de que nomes do jornalismo não poderiam comprometer sua isenção profissional com compromissos comerciais. Já uma grande estrela da emissora em 1989, ele passou a emprestar sua voz para anúncios de grandes marcas veiculados no horário nobre.

Vannucci quebrava uma antiga regra dentro do esporte global e "repetia" o que apenas Osmar Santos tinha autorização para fazer até aquele momento —até por ser apenas um apresentador de um "game show" aos domingos na Globo, sem ligação com o jornalismo. O então apresentador do quadro de gols do Fantástico, do Esporte Espetacular e do Globo Esporte ampliava sua voz e ganhava ainda mais fama em outras áreas.

Fernando Vannucci morre aos 69 anos em São Paulo

Eduardo Knapp/Folhapress

Apresentador esportivo no Carnaval

Já superando o esporte com os comerciais, em 1985 ele chegou ao Carnaval. Até 1999 (na foto, o desfila da Portela de 99), ele comandou a apresentação dos desfiles no Rio de Janeiro. "A Globo entendeu que os desfiles das escolas de samba poderiam ser não apenas um show televisado, mas também um programa televisivo, com ele", recordou o jornalista especializado em Carnaval e estudioso da cultura popular Fábio Fabato.

"Estamos falando de um período em que não havia canais pagos ou internet, ou seja, o telespectador ligava o televisor e assistia a um desfile de maneira quase imperativa. Neste contexto, na carona de sua voz poderosa, que trazia uma mistura até pitoresca de veludo e malandragem, algo à frente do tempo, Vannucci soube decodificar muito bem para qualquer público os detalhes e personagens de um desfile. E ainda conseguiu encaixar bordões únicos de Avenida, como 'cuidado com o sofá', ou então chamar as mais belas mulheres de 'paroxítona', para dar a entender que eram maravilhosas",

"O narrador soube reunir no seu trabalho as duas visões naturais sobre Carnaval: a de um cortejo recheado com rituais, mas também a de uma festa movida a desvario, perspectiva que o senso entrega à data. Foram 15 anos no comando das transmissões globais da festa, imprimindo a marca de ser referência e saudade até hoje", completou Fabato.

A fórmula de ter um comunicador esportivo na atração deu certo. Vannucci abriu caminhos para nomes como Cléber Machado, Luis Roberto, Alex Escobar, Tiago Leifert e Carlos Gil.

Reprodução

Ele era um cara do esporte e, de repente, vai narrar o Carnaval. E vai brilhar no Carnaval. Em estilo de narração, ele criou uma linha. Foi um dos melhores narradores de Carnaval da história, se não, o melhor. A gente não ficava em um estúdio como o que acontece hoje em dia. Ficávamos em uma cabine de rádio, com uma televisão na frente. Ele ficava em pé a maioria do tempo, porque eram muitas horas ao vivo. Mas fazia com tanta empolgação que não sentava. Vannucci ia para os barracões, frequentava as escolas. Chegava no ar e sabia o que estava falando".

Isabela Scalabrini, parceira de Vannucci por anos na condução dos desfiles.

Reprodução

Corneta no ar e a quebra do padrão Globo

"Se atualmente os eventos são narrados de maneira mais despojada, o começo está em Fernando Vannucci. E o Carnaval foi o grande balão de ensaio e a 'concentração' do que agora é rotineiro na maneira de a TV conduzir shows e espetáculos", resumiu o jornalista Fábio Fabato.

E era assim. Sorrisos, piadas, script quebrado e até uma corneta tocada na então quadrada TV Globo fizeram de Vannucci o responsável por começar a mudar a cara da emissora em eventos ao vivo.

"Ele foi o primeiro que eu me lembre a dar uma quebrada no padrão mais quadrado de apresentar programa. 'Esse até eu faria', ele brincava contando uns gols mais fáceis, sem brilho. Na Copa de 86, ele tocava uma corneta quando o Brasil fazia um gol. Chorou no final da Copa. Foi o primeiro que deu uma quebrada, um estilo diferente. E isso tudo na bancada, não era andando pelo estúdio. Deu essa descontração na apresentação", recordou o narrador global Cléber Machado.

Foi onde eu pude me soltar totalmente. Eu quebrei o chamado "Padrão Globo de Qualidade", aquela coisa séria, como era o Cid Moreira. Eu cheguei como um maluco e deu certo. Quando a Globo achou que tinha que mudar, já tinha dado certo. Não tinha como voltar atrás, entendeu? Esse foi um momento histórico. Em 1986, eu virei um ídolo nacional

Fernando Vannucci, sobre a Copa do Mundo de 1986, em que não foi convocado para ir ao México, mas foi a cara da Globo no Brasil

Memória Globo: Geraldo Modesto/Globo

Galvão, Léo Batista, Osmar Santos e a geração de ouro da Globo

Parceiro de Cléber Machado e de outras dezenas de jornalistas esportivos da Globo, Fernando Vannucci fez parte de uma geração considerada de ouro da emissora. Isso aconteceu na década de 80, quando o canal passou a investir mais em transmissões ao vivo. Ao lado de Léo Batista, ele era o apresentador da equipe que ainda tinhas os narradores Galvão Bueno e Osmar Santos.

Vannucci ganhou fama ao apresentar o agora tradicional "Show do Intervalo" na Copa do Mundo de 1982, na Espanha - transmitida com exclusividade pelo canal no Brasil. Naquela época, a Globo alcançava 90% dos televisores ligados. Ele cobriu outras cinco Copas na Globo: 1978, 1986, 1990, 1994 e 1998. Em todas elas, em parceria com Galvão Bueno. A sua relação com o narrador mais popular do país sempre foi de respeito e amizade.

Quando saiu da Globo, em 1999, Vannucci defendeu a qualidade do colega em uma participação no Bate-Papo UOL. "O Galvão é o melhor. Por sorte, tive a oportunidade de trabalhar com ele por muito tempo".

Galvão destacou a versatilidade do antigo colega: "Ele era capaz de dar uma notícia trágica ou muito triste com a seriedade e o respeito que a notícia merecia. E pouco depois, era o Fernando Vannucci alegre, que passava emoção, dando uma notícia maravilhosa de Esporte. Ele foi, realmente, um grande profissional".

Estevam Avellar/Globo

Vannucci pediu ajuda a Léo Batista para voltar ao Carnaval na Globo

Vannucci disse ao UOL em 2018 que nunca deveria ter saído da Globo. "Lá é minha casa". E houve um momento recente em que ele tentou voltar. E para fazer Carnaval.

Para isso, o apresentador acionou Léo Batista, pedindo para que o narrador fizesse o favor de falar com a chefia responsável pela cobertura da festa. Batista não se recorda exatamente em que ano o papo aconteceu, mas tentou dar o empurrãozinho para o amigo. No fim, não rolou, mesmo com a influência do jornalista de 88 anos dentro da emissora.

"Como o Vannucci fez Carnaval lá [na Globo] por muito tempo, como eu também fiz, ele me ligou e falou: 'Léo, me dá uma força aí para me darem um cachê e eu fazer o Carnaval'. E ele fazia bem, eu tentei ajudar. Fui falar com o diretor, mas ele falou 'não, já temos a nossa equipe'. Eu falei: 'Pô, mas o cara está lá, me pedindo, está precisando'. Dei uma força no que pude, mas não consegui. Foi a última vez que ele me telefonou, inclusive. Pra falar desse assunto, que ele queria uma forcinha pra ver se ele fazia um Carnaval na Globo".

Os dois foram parceiros na emissora desde 1977. "Eu estava atolado na Globo. Fazia Globo Esporte, Esporte Espetacular, entrava no JN, fazia os gols do Fantástico... Tudo era eu, eu e eu e eu mesmo. Aí, de repente o Buzzone, que era o diretor de programação, chegou com uma notícia que tinha um garoto em Minas Gerais que está surgindo, tem uma voz bonita, boa presença. Eu falei: 'Pelo amor de Deus traga logo'. Todo mundo achando que eu ia dizer não", lembra Léo.

"Eu me lembro de quando ele chegou na Globo garotinho, eu já era uma pessoa formada, quase um veterano em televisão. Mas ele chegou com talento, eu percebi logo, com presença, esperto. Eu pensei: 'Pô, vai me ajudar'. Fizemos dupla, ele fez programas me substituindo e assim foi. Só de vez em quando ele fazia umas molecagens, eu dava conselhos: 'Fernando, abre o seu olho, pra ajudar tem poucos, mas pra empurrar tem uma porção. Cuidado'. Há pouco tempo, ele me ligou e falou: 'Léo, agora eu pensei bem e descobri que você é que era o meu amigo. Foi você que realmente me deu conselhos certos'".

Acervo pessoal

O figurão amigo

Fora do ar, Vannucci gostava de uma festa: semanalmente, reunia a equipe para jantar —e sempre existiam bons motivos para uma rodada de vinho. Segundo o humorista Alexandre Porpetone, hoje no SBT, que trabalhou por seis meses com Vannucci na RedeTV, era só a audiência começar a crescer que ele pagava vinho para todo mundo.

Porpetone relembra, ainda, uma peça pregada pelo colega: "A gente fez uma matéria imitando um dos comentaristas da mesa. O Vannucci sabia, e fez a abertura como se fosse chamar uma matéria mega séria. O cara, quando viu, ficou nervoso demais por ser zoado. E isso de ele não gostar aumentou muito a nossa audiência —eu achava que ele iria levantar a qualquer momento e me bater", ri.

À medida que ele ia ficando mais nervoso, a audiência subia, e o Vannucci me falava: 'Continua, provoca ele, a audiência tá subindo. Imita mais'. E ele ria demais. Era bem divertido trabalhar com ele."

A jornalista Rita Lisauskas foi colega de plantão de Vannucci por dois anos —e, diferentemente de todos os colegas, "Van Van" adorava fazer plantão. "Já trabalhei com vários figurões do jornalismo, em diversas emissoras, figuras icônicas. E ele era da galera, era nosso colega querido, que sentava com a gente, conversava sobre tudo, perguntava da família. Fazia plantão. Tinha jornalista que nem plantão fazia. E ele adorava trabalhar, fazer plantão, aquela vivência da redação com os colegas, de conversar, dar risada. Van Van era um cara espetacular".

"Quando colocaram ele para fazer o jornal, sem ser um jornal de esporte, eu lembro que pensei: 'Poxa vida, mas o Vannucci é tão cara do esporte, como será que vai ser apresentando o jornal?'. Mas ele tinha uma capacidade de adaptação. Ele era capaz de apresentar qualquer coisa, falar sobre qualquer assunto e fazer qualquer cobertura".

Quem comenta a versatilidade e responsabilidade do jornalista é o ex-diretor da RedeTV José Emílio Ambrosio. O jornalista dirigiu, ainda, o último Carnaval de Vannucci na TV Globo. "A presença do Vannucci era notada apenas pela voz maravilhosa. No Carnaval, o 'alô, você' gerou uma marca. Ele era muito, muito gentil: era impossível imaginá-lo levantando a voz para alguém —por maior que fosse o problema técnico. Era muito compromissado, estava presente na hora marcada. Um cara ímpar".

UOL Esporte

Distraído e sensível

Vannucci foi descrito por colegas como uma figura "à mineira" —quietinho, mas ácido na hora certa. "Ele tinha um timing perfeito para as piadas", conta Cléber Machado. "Um dia, uma imagem bem boa passou na TV, e ele, no programa, disse: 'Essa é proparoxítona: ma-ra-vi-lho-sa'. Então, interromperam ele no ponto e disseram: 'Mas 'maravilhosa' é paroxítona'. E ele ficou chateado: 'Pô, vou ter que mudar, vou ter que mudar'", relembra o jornalista.

Atual narrador da Copa Libertadores no SBT, Téo José diz que Vannucci era "muito distraído". Conta, com detalhes, um dos causos do colega: "Eu sempre ficava na mesa junto ao José Calil. Uma vez, o [treinador] Antônio Lopes participou do programa e o Vannucci perguntou a ele 'E aí, Antônio, como foi o jogo?'. Então, o treinador começava a responder e, toda vez que alguém falava algo no ponto do Vannucci, ele interrompia o cara".

Acervo pessoal

"Fez isso uma vez, e o Antônio olhou para mim e disse: 'Pô, o cara me cortou'. Depois, pediu a opinião dele de novo e, mais uma vez, se distraiu com o ponto, interrompendo o treinador. Da segunda vez, ele me disse, baixinho: 'Ele de sacanagem comigo, né?'. E eu respondi: 'Lopes, o Vannutão é assim mesmo, distraído, relaxa'. E caímos na gargalhada", conta.

Para Téo, Vannucci era o dono do melhor off da TV —e Cléber concorda: "Ele interpretava crônicas como ninguém", diz o jornalista da Globo. Téo José afirma que procurava seguir algumas entonações do colega —principalmente quando cobria festas temáticas. "Vannucci foi o melhor apresentador de Carnaval de todos os tempos. Ele usava boas entonações, frases curtas, comecei a fazer isso também", afirma. Calil é contundente: "o Pelé dos offs".

Todos os colegas ouvidos nesta reportagem enfatizam a generosidade e gentileza de Vannucci: "Ele se emocionava com tudo, pensei até que fosse do signo de Peixes. Era doce, tratava todo mundo bem", diz Rita. "Ele sabia que minha mãe estava doente, sempre perguntava dela. Eu até fui olhar no Facebook, para ver as mensagens que a gente tinha trocado, era sempre o cara que me mandava feliz aniversário, que, quando meu filho nasceu mandou mensagem.. Um ser humano incrível", relembra.

As polêmicas de Vannucci

Alexandre Rezende/Folhapress

Amigos relembram mágoa com a Globo

Amigos relembram, se emocionam e se divertem entre relatos da relação com Vannucci. O jornalista Mauro Naves diz estar com "uma dor imensa no coração, porque, desde o ano passado, vinha adiando encontrá-lo". "Ele me cobrava muito, e eu tinha muito carinho por ele. Mas veio a pandemia, e a gente precisou adiar esse encontro. Quando recebi a notícia, foi como uma facada", afirma.

Segundo Naves, Vannucci sempre foi uma companhia agradável: "Quando o conheci, em 1992, ele estava no auge da fama. Me convidou para uma festa na casa dele e eu fui —ele foi muito receptivo. Depois desse evento, começamos a conviver com frequência. Ele se mudou para São Paulo e nos tornamos vizinhos —ambos morávamos no Morumbi, na zona sul", diz. "Acompanhei toda a transição dele de perto, fizemos uma amizade muito gostosa. Me arrependo de não tê-lo encontrado".

O apresentador José Calil também chegou à RedeTV sem experiência na telinha. Radialista, recebeu de Vannucci dicas de como se portar em frente às câmeras. "Ele chegava maquiado de casa, estava sempre com um blazer impecável. Eu chegava com a camisa toda torta, colarinho amassado, porque, na rádio, a gente não precisa se arrumar", relembra. "O Vannucci era um cara superhumilde. Ele não entendia muito de futebol, apesar de ser botafoguense roxo. Entendia de jornalismo. Virava e mexia, me perguntava alguma coisa, pedia uma dica. Eu me sentia honrado", afirma.

Reprodução

Segundo Calil, Vannucci falava da Globo com melancolia —para o amigo, o jornalista nunca superou a mágoa de ter sido demitido da emissora. "A vida dele era a Globo. Ele achava que morreria na emissora e, de repente, mandaram-no embora. Disseram que era porque ele estava comendo bolacha no estúdio, mas é mentira: foram questões políticas, e esse foi só um pretexto", diz.

"Ele tinha essa mágoa. Toda vez que podia, se referia à Globo. Fazia uns oito meses que eu não falava com ele, mas sempre que a gente conversava, esse assunto surgia. Nos últimos tempos, Vannucci estava muito triste por não voltar a (uma grande emissora da) TV aberta. Sempre que surgia algum programa novo, alguma ação nova nas emissoras, ele me ligava e perguntava: 'Por que não me chamam?'. E isso me partia o coração. Às vezes, ele perguntava se eu não tinha uns contatos para indicá-lo. E eu pensava: 'Cara, o Vannucci está pedindo contato para mim. Ele é o Vannucci e eu não sou ninguém'", afirma.

Homenagens a Vannucci

Ele era a voz do Carnaval. Quando passavam os destaques na frente do camarote da Globo, todo mundo fazia uma referência a ele. Existia um preparo antes, ele visitava os barracões, era um cara endeusado

José Emílio Ambrosio, diretor da TV Globo e RedeTV

Vannucci era o Pelé dos offs

José Calil, radialista e comentarista esportivo

Ele tinha fama de namorador pelos corredores da Rede Globo, todo mundo falava. Mas quando veio para São Paulo, se casou e sossegou

José Calil

Ele era um ícone do esporte, por toda a história que ele tinha, mas era um colega incrível. Era para quem você ligava pedindo fonte. As lembranças que tenho são as melhores possíveis

Rita Lisauskas, ex-apresentadora da RedeTV

Era um mineiro quietão, parecia que nem estava no ambiente. Mas tinha sempre uma tirada boa, uma brincadeira boa, raciocínio rápido de piada

Cleber Machado, narrador da Globo

Vannucci foi um dos melhores apresentadores de esporte da história da televisão brasileira, o melhor OFF, a melhor voz para gravação de texto

Téo José, narrador do SBT

Paulo Camilo/UOL

Em sua última grande entrevista ao UOL, publicada em junho de 2018, Fernando Vannucci contou como se tornou um dos principais nomes do esporte da Globo, virou celebridade e viveu romances com famosas. O homem que quebrou o "Padrão Globo" ainda explicou o apelido carinhoso com que era tratado nos bastidores da TV, pediu desculpas a Jorge Kajuru e falou sobre Galvão Bueno, Cid Moreira, J. Hawilla e Sherlock Holmes —o seu pai. Vannucci ainda admitiu que "nunca deveria ter saído da Globo" e que gostaria de ter voltado à emissora:

Morrer trabalhando na Globo seria um fecho de ouro na minha carreira, um prêmio, uma vitória. Nem que fosse como Léo Batista ou Cid Moreira, que estão meio afastados, mas de vez em quando participam".

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