O vascaíno Cabeça estava a postos assistindo à live do (também) vascaíno Casimiro, à espera de que o melhor acontecesse. Poucos dias antes, o badalado influenciador havia ganhado de um amigo um boné estampado com o logo da Vasconha, a torcida maconheira do Vasco, e, apesar de Casé dizer ser careta, Cabeça acreditava que, de repente, ele poderia botar o chapéu ao vivo.
Dito e feito. O Vasco venceu o Bahia em casa pelo Brasileirão da série B naquele 15 de maio. Casé repercutia o feito do time, como de praxe, até que um torcedor abriu o microfone e gritou "Vasconha". Num pulo, o boné já estava na cabeça de Casimiro -e o que era, até então, uma brincadeira de amigos, precisou correr contra o tempo para atender à gigante demanda que surgiu. Vascaínos, maconheiros, vascaínos maconheiros e não-maconheiros-nem-vascaínos queriam o boné da Vasconha.
Hoje, a Vasconha é empresa. Tem CNPJ, recolhe impostos e demanda de seus organizadores muito mais do que a amizade descompromissada que os uniu. Cabeça, como é apelidado Vinícius Santos, 40, é um deles. Ele, que se descreve um sujeito "muito vascaíno e muito maconheiro", alega: "Pra aturar o Vasco ultimamente, só fumando uma bomba, né?"
A Vasconha não é uma torcida organizada, nem uma torcida destinada apenas aos adeptos da maconha, apesar de o nome sugerir o contrário. Cabeça descreve o grupo como amigos vascaínos que se juntam e querem curtir o jogo em paz. Alguns fumam; outros simpatizam com a causa. No estádio, querem mesmo é ver o Vasco ganhar. Fora dele, cada um tem sua profissão, seus filhos e família. Sem estigma.