Eu tive uma noite muito boa na quarta-feira passada, e isso só aconteceu porque eu estava pronto. Jogo no Mirassol desde o começo do ano e nesse dia pegamos o Guarani nas quartas de final do Paulistão. De cara eu percebi que a ideia deles era achar um gol de contra-ataque ou empurrar para os pênaltis, que foi o que aconteceu.
A gente estuda pra uma decisão de pênaltis. Sempre foi assim. Na Europa ou na Ásia, não existe essa cultura de goleiro estudar as cobranças, tomar uma decisão e ficar marcado por tanto tempo. Mas aqui no Brasil até hoje as pessoas ressuscitam o que eu vivi no Flamengo em 2017, naquela final contra o Cruzeiro. É uma situação chata, mas infelizmente vou ter que conviver com isso.
Mas vamos voltar pra 2021... eu estava pronto. Saltei as duas primeiras para o lado direito porque eu estudei os batedores, e a maioria bate naquele canto. Na terceira cobrança eu fui para a esquerda porque eu sabia que era onde o cara batia.
E eu defendi.
Vou ser sincero aqui: essa decisão tirou um peso das minhas costas. Eu era muito cobrado para defender pênaltis e só nesse Estadual eu já peguei quatro, um deles contra o Palmeiras, além desses num mata-mata. O que vem pela frente?
Não sei, mas vou seguir com meus pés no chão. Nunca me deslumbrei com isso porque sei como é a vida de goleiro. Mais cedo ou mais tarde eu vou falhar. A gente trabalha pra que isso não aconteça, mas somos humanos. A diferença agora é que estou preparado para aguentar e vou contar aqui como tudo isso aconteceu.