"Tive de aceitar meu corpo forte"

Vitoria Rosa admite que teve dificuldade para criar músculos: "Eu queria passar desapercebida, mas é minha profissão".



Textos Beatriz Cesarini e Paulo Favero
Fotos Marcelo Maragni

"Eu entendi que se eu quisesse ser uma velocista muito boa e poder representar o Brasil, eu teria de mudar minha estrutura física. E foi assim que começou essa aceitação ao meu corpo".

Quando Vitoria Rosa analisou vídeos de velocistas de outros países, concluiu que precisaria mudar sua estrutura física se quisesse estar entre os melhores.

"Eu lembro também que em 2015 meu nutricionista e meu técnico Katsuhico Nakaya comentaram comigo que, para eu correr bem, teria de transformar a minha estrutura física, precisaria ficar mais forte", diz.

Ela, então, passou a fazer um trabalho para compreender que esse seria seu novo padrão de corpo. "Eu ainda não me via no outro lado, musculosa, mas fui amadurecendo mentalmente", conta.

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O problema é que ela, tímida, prefere passar desapercebida. "Eu tinha vergonha, gosto de ficar mais neutra", afirma.

"'Se eu colocar uma blusa de alça, como é que vai ser a reação visual das pessoas? Será que eu também vou ficar confortável dentro daquela roupa?'. Ficava pensando essas coisas".

A velocista diz que foi amadurecendo a ideia e se colocando naquele lugar de atleta forte. "Não era só sobre andar na rua e não me aceitar com qualquer tipo de roupa, era entender que é meu esporte, é a profissão que hoje eu tenho", avisa.

Fotos: Marcelo Maragni

Reportagem: Beatriz Cesarini e Paulo Favero

Designer: Bruna Sanches

Edição: Paulo Favero

Nas provas de velocidade, em que corre 100m em cerca de 11 segundos, Vitoria depende da explosão e precisa estar forte nos membros inferiores. "A gente depende 100% da nossa força todos os dias e precisa se preparar para isso todos os dias."

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Vitoria Rosa é a principal velocista do Brasil na atualidade e detém o recorde sul-americano nos 200m rasos. Aos 28 anos, estará na competição de atletismo dos Jogos Olímpicos em Paris.

"Minha rotina de treino é intensa e varia muito de acordo com o calendário de competição. Eu também preciso ter cuidado com a alimentação. Costumo falar que isso é um combo do atleta", explica Vitoria.

Este é uma parte da série

Corpo de atleta

Sete modalidades, um fotógrafo e diversas histórias para contar