O cliente desavisado que vê William Machado num dia comum de trabalho, entre mesas, computadores, planilhas e calculadoras, não imagina que dez anos atrás ele ergueu duas taças como capitão do Corinthians. Nos últimos anos foi comentarista de TV e dirigente de três clubes. Trocou tudo para trabalhar no mercado financeiro.
A vida do ex-zagueiro mudou radicalmente, mas, de certa forma, segue ligada ao esporte. Há seis meses, William faz o que idealizou para além do futebol, numa espécie de segundo sonho: ajudar pessoas a cuidar dos seus investimentos. Mais da metade dos seus clientes como assessor financeiro são atletas preocupados com o futuro, como o próprio William fora um dia.
O jogador começou a juntar dinheiro em 1998. O objetivo era comprar um carro. "Eu saía com meus amigos, e a gente rachava o táxi. Ia de ônibus e voltava de táxi. Mas, às vezes, vínhamos em horários diferentes. Teve um dia que eu voltei sozinho. O valor deu mais caro que o que tinha gasto na festa. Eu falei que nunca mais ia pegar táxi, que ia comprar meu carro", lembra.
Foram dois anos até conseguir reunir os R$ 8 mil necessários para um Uno Mille 1993. William ainda negociou com o vendedor e conseguiu R$ 50 de desconto. O momento foi marcante para o jovem jogador.
"Foi um marco na minha história. Foi o primeiro bem que tive, o esforço todo que fiz. Fiquei muito feliz e orgulhoso de poder comprar o carro. Só troquei em 2005." O Uno não foi deixado de lado, foi passado para o pai, que aposentou seu Corcel antigo.
Só nos últimos anos da carreira dentro de campo, como atleta de Grêmio e Corinthians, é que William conseguiu investir e gerar patrimônio. Ao mesmo tempo, usou o tempo livre nas concentrações para ler e aprender. Brotava ali, sem que ele soubesse, a segunda carreira.
No Corinthians, William dava conselhos aos companheiros e chegou a ser consultado por alguns deles. A assessoria financeira nasceu informalmente, entre um jogo e outro. Foi questão de tempo até a atividade virar coisa séria.