20/05/2010 - 17h22

Rio sofre derrota e é proibido pelo COI de levar Jogos para zona portuária

Cauê Rademaker

No Rio de Janeiro

Os planos do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, em transferir parte das modalidades olímpicas para serem disputadas na zona portuária foram enterrados. Nesta quinta-feira, a Comissão de Coordenação do COI (Comitê Olímpico Internacional), que visita a cidade desde terça, vetou a mudança no projeto olímpico carioca.

MANIFESTAÇÃO

Enquanto dentro do hotel a entrevista coletiva acontecia sem problemas, do lado de fora uma pequena manifestação ocorria. Cerca de 20 moradores da comunidade Vila Autódromo, que fica ao lado do Autódromo, na zona oeste da cidade, tentava entregar uma carta aberta aos membros do COI, alegando que seriam removidos do local de suas residências para as obras dos Jogos Olímpicos.

"Remoção é coisa do passado. Temos uma história naquela comunidade e estamos lá há mais de 40 anos. São cerca de 600 residências. Alegaram que seriamos removidos por motivos de segurança, mas é porque acham que causamos danos estéticos. Não somos contra os Jogos Olímpicos, mas não queremos perder nossas casas", disse Inalva Mendes, que faz parte da associação de moradores do local.

Acompanhava o grupo o defensor público Alexandre Mendes, responsável por uma notificação para entregar aos membros do COI. No entanto, o grupo não conseguiu seu objetivo, já que foi ignorado por todos dentro do hotel.

“Discutimos alguns pedidos internamente, mas posso assegurar que os 26 esportes que serão disputados já têm seus locais definidos. O Rio apresentou um excelente projeto e não tem motivo para mudá-lo”, disse a marroquina Nawal El Moutawakel, presidente da comissão.

Eduardo Paes, que no início da semana exibia no hotel onde os membros da comissão estão hospedados, na Barra da Tijuca, uma maquete com as mudanças, sequer teria oficializado os pedidos de transferências de algumas modalidades, ao sentir que a resposta seria negativa.

“Esse assunto não foi tratado, mas oferecemos mais coisas à comissão do que inicialmente”, disse Carlos Arthur Nuzman, presidente do Co-Rio (Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016) e do COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

Eduardo Paes queria que as instalações temporárias de quatro modalidades (boxe, levantamento de peso, tênis de mesa e badminton) saíssem do núcleo da Barra, considerado o coração dos Jogos, e fossem confirmados no núcleo do Maracanã, na área portuária.

Como “prêmio de consolação”, a Zona Portuária irá abrigar alguns centros para os Jogos Olímpicos, mas não os mais importantes. O centro de mídia, por exemplo, seguirá na Barra da Tijuca. O loca, portanto, terá a vila dos árbitros, o centro de mídia para os jornalistas não credenciados na cobertura dos jogos, o centro de tecnologia, o centro de operações e logísticas, o centro de credenciamento para voluntários e o centro de distribuição dos uniformes.

O principal fator que levou o COI a descartar a mudança de algumas modalidades da Barra da Tijuca para a zona portuária foi a falta de acomodações no local. A rede hoteleira, pelo visto, é a principal preocupação dos membros da comissão.

“Não é bom mudar o conceito dos jogos. O Rio fez um excelente projeto e queremos vê-lo em prática. Estamos felizes com os esportes na Barra da Tijuca. Estávamos preocupados com as acomodações, mas os progressos estão sendo feitos. Não queremos ter novas preocupações”, disse o diretor executivo da comissão, Gilbert Felli.

Nos três dias que passaram no Rio de Janeiro, os membros da comissão visitaram várias instalações que serão usadas nos Jogos Olímpicos de 2016 e se reuniram com representantes dos três níveis do governo, como o ministro do Esporte, Orlando Silva, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o prefeito da cidade, Eduardo Paes.

“A união dos três níveis do governo e a paixão do povo carioca pelos Jogos nos deixam muito satisfeitos. Ainda faltam seis anos para os Jogos e estamos ao lado do Rio, todos no mesmo barco. O início tem sido muito bom e fico no aguardo dos próximos passos. Em 2011 estaremos aqui novamente”, concluiu a marroquina Nawal El Moutawakel.