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Júlio César Guimarães/UOL

Parque Aquático Maria Lenk, uma das instalações do complexo do autódromo

03/05/2011 - 07h00

Subaproveitados, "filhotes do Pan" custam R$ 4 milhões por ano ao COB

Guilherme Coimbra
No Rio de Janeiro

Dois dos três principais legados dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro custam, anualmente, R$ 4 milhões ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB). O alto custo poderia ser justificado se os equipamentos em questão estivessem sendo usados na preparação do time brasileiros que vai, por exemplo, lutar por medalhas nas Olimpíadas de Londres, no ano que vem.

AUTÓDROMO VAI VIRAR PARQUE OLÍMPICO

  • Ana Carolina Fernandes/Folhapress

    O concurso público para a construção do Parque Olímpico de 2016, lançado pela Prefeitura do Rio no último dia 25, vai aproveitar os três "filhotes do Pan": a Arena Multiuso, hoje mais usada para shows e eventos culturais do que para o esporte, o Parque Aquático Maria Lenk e o Velódromo.

    O Comitê Rio 2016 terá um membro na comissão que vai escolher o projeto vencedor. A entidade garante que vai tomar todas as precauções para que as instalações olímpicas atendam a todas as exigências do Comitê Olímpico Internacional. Resta saber como será a utilização de toda essa estrutura a partir do dia 22 de agosto de 2016, quando a Olimpíada tiver terminado.

    O projeto prevê a construção de um novo parque aquático que atenda a todas as exigências da Federação Internacional de Natação (Fina), totalmente coberto, com duas piscinas olímpicas e capacidade para 15 mil expectadores. O atual Maria Lenk, que custou R$ 85 milhões em 2007, só poderia receber as competições de saltos ornamentais e nado sincronizado em 2016.

     

A realidade, no entanto, é um pouco distante desse cenário. O Parque Aquático Maria Lenk e o Velódromo, que ao lado da Arena Multiuso formam o complexo do autódromo, pertencem à prefeitura, mas estão cedidos ao COB por 20 anos. Atualmente, as duas estruturas têm um aproveitamento muito aquém da sua capacidade e quase não recebem a elite do esporte brasileiro para competições oficiais.

O parque aquático sequer está sendo usado na competição que leva o nome da mesma homenageada. O Troféu Maria Lenk, como é chamado o Campeonato Brasileiro Absoluto de Natação, está sendo realizado no Júlio Delamare, no Maracanã.

A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) preferiu organizar o evento no velho parque aquático por não ter a garantia de funcionamento do placar eletrônico do complexo mais jovem. O equipamento é fundamental em qualquer competição de natação – o Campeonato Brasileiro, que começou na segunda-feira, é a última oportunidade para os atletas que ainda não garantiram vaga no Mundial de Xangai.

“Conversamos com o COB, que não nos deu garantias de que o placar do Maria Lenk estaria pronto até o início da competição”, explicou o presidente da CBDA, Coaracy Nunes. “Não podíamos correr nenhum risco e preferimos marcar a competição para o Júlio de Lamare.”

O COB explicou, por sua assessoria de imprensa, que a manutenção do placar eletrônico já foi concluída, mas o equipamento ainda está na fase final de testes. Para Cesar Cielo, ouro nos 50m livre em Pequim, a mudança não traz nenhum prejuízo aos atletas.

“O Maria Lenk e o Júlio Delamare são as duas melhores piscinas do Brasil e oferecem condições excepcionais”, comentou Cielo. “Mas nenhum dos dois teria condições de receber um evento em nível mundial.”

Em 2011, a única competição de peso que o parque aquático vai receber serão os Jogos Mundiais Militares. O local também funciona como centro de treinamento das equipes de nado sincronizado e saltos ornamentais, além de abrigar o Centro de Treinamento Time Brasil, onde hoje treinam atletas de taekwondo. Até o fim do ano, segundo a assessoria do COB, o Maria Lenk receberá a Sala de Força e Condicionamento, o Centro de Treinamento de Levantamento de Peso e a primeira fase de instalação do Laboratório Olímpico.

A situação do Velódromo é ainda mais preocupante. O local não tem previsão de receber nenhuma competição em nível nacional de ciclismo em 2011. No calendário, estão previstos o Estadual de Pista e a Copa Rio Master, além dos Campeonatos Brasileiros de Patinação Artística e de Patinação de Velocidade. A estrutura é usada de terça a domingo por atletas do Rio, mas não abriga nenhuma equipe permanente. Qualquer pessoa pode usá-lo, mas antes tem de passar por uma clínica de três horas e meia que custa R$ 20,00 e é ministrada pela Fecierj.

O custo anual de manutenção dos Maria Lenk e do Velódromo, segundo o COB, varia entre R$ 3,5 e 4 milhões por ano, dependendo da utilização. Trabalham no local 45 pessoas, divididas entre administração geral, posto médico, limpeza, segurança 24 horas e manutenção predial. Somente os cinco profissionais da administração geral são funcionários do COB. Os demais são terceirizados.

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