Meirelles vê sincronia entre siglas do Rio-2016, mas histórico do Pan preocupa

Guilherme Coimbra

No Rio de Janeiro

  • Danilo Verpa/Folha Imagem

    'Já estamos trabalhando em total sintonia', diz Henrique Meirelles presidente do CPO

    'Já estamos trabalhando em total sintonia', diz Henrique Meirelles presidente do CPO

Já em pleno exercício de suas funções, o presidente do Conselho Público Olímpico (CPO), Henrique Meirelles, comentou como funcionará a divisão de tarefas entre a entidade que dirige e a Autoridade Pública Olímpica (APO), que estará a cargo de Márcio Fortes. No evento "De Londres ao Rio – um legado olímpico", que contou com a presença do vice-primeiro ministro britânico, Nick Clegg, Meirelles explicou que a APO terá uma função mais executiva, enquanto o CPO atuará na tomada de decisões estratégicas.

Humor inglês e (im)pontualidade brasileira

O evento foi marcado pelo humor inglês e pela falta de pontualidade brasileira. Com horário previsto para 14h, a cerimônia de abertura começou com quarenta minutos de atraso. O prefeito Eduardo Paes brincou com o fato de o belíssimo Palácio da Cidade, sede da Prefeitura do Rio, já ter pertencido à embaixada britânica.

"Bem-vindos à nossa casa", disse o prefeito à delegação britânica. "Sinto muito pelo fato de a atual embaixada, além de não ser tão bonita, ficar em Brasília", completou, arrancando gargalhadas do vice-primeiro ministro Nick Clegg.

Depois foi a vez de Jemery Hunt, secretário de Cultura, Mídia e Esportes do Reino Unido, fazer piada.

"Ontem fomos à quadra da União da Ilha", contou. "Fiquei com vontade de dançar com uma passista, mas quando imaginei a foto nos tabloides no dia seguinte, refuguei."

"[Márcio Fortes ] foi uma excelente escolha da presidente", elogiou Meirelles. "Já estamos trabalhando em total sintonia. Vamos ter a APO no trabalho de organização, monitoramento das obras e coordenação entre os níveis de governo e o CPO tomando as medidas de forma rápida para que a Olimpíada funcione dentro do cronograma. Acho que podemos traçar um novo paradigma de ação do poder público brasileiro nos seus três níveis", completou.

Um dos "deveres de casa" pedidos pela Comissão de Coordenação do Comitê Olímpico Internacional, há duas semanas, foi justamente uma melhor definição no papel e nas responsabilidades de cada uma das esferas do governo. Márcio Fortes estava presente no evento, mas não falou com os jornalistas porque ainda precisa ter o nome aprovado depois de sabatinado pelo Senado Federal.

O vice primeiro-ministro britânico, o liberal Nick Clegg, ressaltou que todos os olhos vão estar voltados para o Brasil, sede da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016, depois de 2012.

"Desejo muita sorte ao Brasil", disse Clegg. "É um ótimo momento para passar a vocês o que aprendemos. Estamos muito orgulhosos de ter feito tudo dentro do tempo e do orçamento", completou.

Nesse quesito, o Brasil convive com o fantasma do Pan 2007. Relatórios do Tribunal de Contas da União apontam que o orçamento inicial de R$ 400 milhões foi superado em 800%, chegando a assombrosos R$ 3,6 bilhões.

"Não há duvida de que o Pan-americano foi um aprendizado", comentou Meirelles. "Como também aprendemos de Barcelona e de Londres para que a Olimpíada seja motivo de orgulho para o Brasil."

Jeremy Hunt, secretário de Cultura, Mídia e Esportes do Reino Unido, disse às autoridades brasileiras presentes que este não é o momento para conter a ambição, mas fez três conselhos para que essa ambição seja canalizada positivamente: levar sempre em conta o legado, manter a classe política unida e respeitar o orçamento.

"Vocês já começaram bem escolhendo um ex-presidente do Banco Central para cuidar da casa", comentou Hunt, referindo-se a Meirelles.

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