O bicampeão olímpico Torben Grael voltou a criticar projetos relacionados à Olimpíada de 2016 em curso no Rio de Janeiro. Meses depois apontar a ineficiência do programa de despoluição da Baia da Guanabara, o ex-velejador disse ser contrário ao projeto de modernização da Marina da Glória tocado pela REX, outra empresa do bilionário Eike Batista.

A marina deve ser reformada pelo megaempresário. Localizada no Aterro do Flamengo, ela ganhará um centro de convenções antes de se tornar local das competições de vela da Rio-2016.

Torben disse que não tem dúvida de que o projeto estará pronto a tempo dos Jogos Olímpicos. Questionou, entretanto, o motivo de ele não contemplar a criação de um centro de treinamento de vela.

"A situação da Marina me preocupa, mas não no sentido de se vai estar pronto ou não para a Olimpíada. O que me preocupa é não ter ali um centro de treinamento definitivo para a vela, coisa que qualquer país que sedia uma edição dos Jogos Olímpico faz", afirmou. "Seria importante a confederação brasileira ter um centro de treinamento também."

Torben disse que já procurou representantes de Eike para falar sobre o assunto. Nunca foi ouvido. "Já fui a uma audiência, mas eles não consultam ninguém", disse.

Nesta segunda-feira, o COB anunciou que atletas da vela poderão treinar até 2016 na Escola Naval da Marinha, assim como os atletas do nado sincronizado, polo aquático e tiro esportivo. Torben apoiou a medida, mas disse que ela não é a solução definitiva para a vela, assim como para os outros esportes beneficiados com o convênio com a Marinha.

Procuradas, a REX e a Prefeitura do Rio, dona da marina, não se pronunciaram sobre o assunto.

Em dezembro, Torben Grael, medalha de ouro nos Jogos de Atlanta (1996) e Atenas (2004), já havia criticado as condições da Baia de Guanabara. A baia vai também vai receber as competições de vela.

Na época, Torben disse que a baia, do jeito que estava, seria o local de competição mais poluído da história das Olimpíadas. Nesta segunda-feira, ele disse não ter visto resultado nas iniciativas de despoluição. "Que está se fazendo algo para melhorar, não tenho dúvida. Há estações de tratamento até prontas, mas que não estão ligadas à rede. Isso é um desperdício."