Rio-2016 fecha patrocínio enquanto atletas criticam falta de estrutura

Luiz Gabriel Ribeiro

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Luiz Gabriel Ribeiro/UOL

    Gustavo Borges mostrou preocupação com a preservação da história do esporte nacional

    Gustavo Borges mostrou preocupação com a preservação da história do esporte nacional

O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016 anunciou nesta terça-feira seu novo patrocinador. A BRF, companhia de alimentos dona das marcas Sadia e Batavo, entre outras, vai custear parte das despesas do órgão em troca da exposição de sua marca em eventos e campanhas ligadas à Olimpíada do Rio de Janeiro. O valor do investimento realizado pelo grupo não foi revelado.

O acordo em nível 2 - apoiador - foi oficializado nesta manhã. Dezenas de atletas olímpicos brasileiros que também são patrocinados pela BRF estiveram no evento que marcou o início da parceria da empresa com o Comitê Organizador da Olimpíada. Parte deles, inclusive, criticou a preparação do Rio para os Jogos Olímpicos, principalmente, pelo fechamento e demolição de equipamentos esportivos da cidade.

TRIBUNAL DE CONTAS VÊ PAGAMENTO INDEVIDO EM OBRA PARA OLÍMPIADA

  • Prefeitura do Rio de Janeiro pagou R$ 71 milhões por uma obra que deveria ter custado cerca de R$ 30 milhões. Essa é uma das conclusões de um relatório do TCM (Tribunal de Contas do Município) sobre a construção da Transolímpica, corredor de ônibus que vai ligar os dois principais locais de competição da Rio-2016: Barra da Tijuca e Deodoro. O estudo do TCM avaliou o ritmo de pagamento da Transolímpica, orçada em R$ 1,5 bilhão. De acordo com os técnicos do tribunal, enquanto as empreiteiras concluíam um trecho com custo equivalente a R$ 30 milhões, a prefeitura já havia pago R$ 71 milhões pelo serviço. Ou seja, cerca de R$ 40 milhões foram pagos da execução das obras.

Desde que o Rio de Janeiro foi anunciado sede da Olimpíada de 2016 a demolição de três locais de competição ou treinamento de atletas já foram anunciadas: Velódromo Municipal, Parque Aquático Júlio Delamare e Estádio de Atletismo Célio de Barros. Todas as demolições têm ligação com projetos governamentais de preparação da cidade para os Jogos Olímpicos.

A menos de quatro anos do início do evento, o Flamengo também encerrou projetos de esportes olímpicos e dispensou alguns atletas de alto nível que defendiam o clube. Tudo isso, foi alvo de críticas.

"É importante o Rio-2016 receber patrocínio, mas os atletas também têm que ser observados", afirmou o ginasta Diego Hypólito, que treinava no Rio de Janeiro, mas mudou-se para São Paulo para se preparar para os Jogos Olímpicos. "A situação do Rio é preocupante."

Arthur Zanetti, campeão olímpico e companheiro de Hypólito na seleção brasileiro de ginástica, também reclamou do encerramento de projetos e fechamento dos equipamentos esportivos do Rio. "É complicado fechar os equipamentos. "

Já o ex-nadador Gustavo Borges, detentor de suas medalhas olímpicas (prata em 1992 e 1996), mostrou preocupação com a preservação da história do esporte nacional. Para ele, a demolição do Júlio Delamare prevista no processo de privatização do Complexo Esportivo do Maracanã deixará a memória do esporte abalada. "Sou contra. É triste do ponto de vista histórico colocar abaixo um equipamento sem ter outro em troca. Temos que construir e não demolir. Pelo lado do atleta, em que jovens em formação são impactados, é uma pena tremenda", afirmou.

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