Presidente da Autoridade Olímpica pede demissão em meio a disputa política

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

Faltando menos de três anos para a Olimpíada de 2016, a organização dos Jogos perdeu um de seus homens-chave. O presidente da APO (Autoridade Pública Olímpica), Marcio Fortes, pediu demissão. Era ele quem centralizava as informações e responsabilidade sobre dos projetos para a Rio-2016.

A renúncia de Fortes foi confirmada pessoalmente por ele ao UOL Esporte. Fortes só aguarda a publicação de uma portaria para que ele seja oficialmente desligado da Autoridade Olímpica, consórcio formado pela Prefeitura do Rio, o governo do Estado e o governo federal para organizar os Jogos de 2016.

Fortes foi ministro das Cidades no governo Lula e assumiu a presidência da APO em julho de 2011, nomeado pela presidente Dilma Rousseff. Desde então, enfrentava resistências das três esferas de governo para impor seu estilo de gestão à organização dos Jogos Olímpicos. Isso acabou reduzindo a importância da APO e desagrou Fortes.

Segundo o UOL Esporte apurou, Fortes estava insatisfeito com iniciativas do Ministério do Esporte para coordenação de ações federais ligadas à Rio-2016. Ainda em 2011, a APO passou a ser subordinada à pasta. Depois, em setembro do ano passado, o ministério criou o Geolimpíada (Grupo Executivo da Olímpiada), para organizar o trabalho de ministros rumo aos Jogos Olímpicos.

Fortes era um dos membros do Geolimpíada, mas quem assumiu a presidência do órgão foi o secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes. Antes da criação do grupo, o próprio presidente da APO tentava liderar as ações federais em favor dos Jogos. Depois que o grupo surgiu, ele acabou perdendo voz no governo federal.

Fortes perdeu força também com a Prefeitura do Rio e com governo do Estado após mudanças nos planos de execução de obras olímpicas.

No início deste mês, o governo estadual transferiu ao município a responsabilidade pela construção do Parque de Deodoro, local que receberá nove modalidades da Rio-2016. Com isso, a prefeitura assumiu as principais construções necessárias para os Jogos. A coordenação de trabalhos que era feita por Fortes, portanto, ficou menos necessária. Ele, então, resolveu sair da APO.

À frente do órgão, Fortes ainda enfrentava a pressão de órgãos de controle devido a atrasos em obras e na divulgação de um orçamento oficial dos Jogos Olímpicos de 2016. No mês passado, o TCU (Tribunal de Contas da União) pediu a apresentação de plano de gastos para a Rio-2016 e chamou atenção para atrasos justamente em Deodoro. Apesar de Fortes ter pouca ingerência sobre a obra do parque, era a APO a cobrada pelo tribunal de contas.

Procurados, prefeitura, Estado e governo federal não se pronunciaram oficialmente sobre o pedido de demissão de Fortes e sua saída da APO.

Fortes não quis falar sobre sua saída. Aguardará a oficialização de sua demissão para se pronunciar.

RIO-2016 JÁ CUSTÁ R$ 29,2 BI E ESTOURA CUSTO ESTIMADO NA CANDIDATURA

  • Faltam três anos para a Olimpíada de 2016, e o evento ainda não tem um orçamento oficial. O que já se sabe, contudo, é que os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro custarão mais do que o informado no dossiê de candidatura da capital fluminense à sede do megaevento esportivo.

  • Apesar de uma boa parte das obras necessárias para a Rio-2016 não ter um custo definido, os projetos relacionados ao evento que já têm, no mínimo, um orçamento inicial custarão R$ 29,2 bilhões. Em 2008, o comitê de candidatura do Rio à cidade-sede da Olimpíada estimou que R$ 28,8 bilhões fossem necessários para a preparação para os Jogos, em valores da época

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