Renúncia na Autoridade Olímpica gera dúvida na Rio-2016 e cobrança do COI

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Alan Marques/Folhapress

    Ex-ministro Marcio Fortes pediu demissão da presidência da APO em agosto

    Ex-ministro Marcio Fortes pediu demissão da presidência da APO em agosto

A organização da Olimpíada de 2016 perdeu em agosto um de seus homens-chave. O ex-ministro Marcio Fortes renunciou à presidência da APO (Autoridade Pública Olímpica), órgão criado para concentrar todas as informações de governo sobre a preparação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, daqui a menos de três anos.

Fortes pediu demissão por estar insatisfeito com a perda de relevância da APO nas discussões sobre os rumos da Rio-2016. Sua saída, no entanto, acabou criando uma incerteza sobre todo o processo de preparação para os Jogos e gerando cobranças do COI (Comitê Olímpico Internacional) a respeito de problemas na coordenação dos projetos relacionados ao megaevento esportivo.

Isso porque, desde a saída de Fortes, o futuro da APO foi posto em xeque. O órgão é um consórcio entre Prefeitura do Rio, governo do Estado e governo federal. O prefeito Eduardo Paes já disse que quer acabar com a APO. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, por sua vez, ainda não tem opinião sobre o assunto. Enquanto uma decisão sobre a APO não é tomada, o COI não sabe bem a quem dirigir suas demandas olímpicas, e isso gera queixas.

"Precisamos de uma autoridade pública que concentre todas as informações e dê o apoio necessário para a realização dos Jogos. Não estamos pedindo que seja a APO, mas é preciso uma coordenação", disse o diretor executivo do COI para Jogos Olímpicos, Gilbert Felli, em entrevista na segunda-feira.

Felli é um dos líderes da comitiva do COI que visita o Rio de Janeiro de seis em seis meses para monitorar a preparação para a Olimpíada. Essa comitiva esteve na capital fluminense pela quinta vez entre sábado e segunda. Em um balanço ao fim da viagem, Felli elogiou o andamento dos projetos olímpicos. Criticou, porém, questões que, oficialmente, seriam uma responsabilidade da APO.

O diretor do COI, assim como a presidente da Comissão de Coordenação do COI para os Jogos Rio-2016, Nawal El Moutawakel, cobrou a divulgação de um orçamento completo da Olimpíada de 2016 e o cumprimento estrito dos prazos das obras olímpicas. Quando a APO foi criada, foi repassada a ela a missão de organizar uma lista de gastos para os Jogos Olímpicos e assegurar a entrega dos projetos em tempo hábil.

Com o enfraquecimento da instituição e, agora, com as dúvidas sobre o futuro dela, ainda não se sabe quem cumprirá esse papel. Já há pelo menos um consenso de que uma decisão sobre o órgão precisa ser tomada o mais brevemente possível.

"Nós vamos conversar com o prefeito Eduardo Paes e com o governador Sérgio Cabral para tomarmos uma decisão com relação à APO", afirmou Rebelo, antes mesmo do balanço final da viagem do COI ao Brasil. "Isso será feito em breve."

GOVERNO ABANDONA PROJETO DE LEGADO SOCIAL DA RIO-2016

  • Quando o Rio de Janeiro se candidatou à sede da Olimpíada de 2016, a capital fluminense disse ao COI (Comitê Olímpico Internacional) que deveria receber os Jogos porque era a cidade para qual o megaevento traria o maior legado entre todas as candidatas. Faltando menos de três anos para a Olimpíada, entretanto, o próprio governo estadual abandonou um projeto o qual ele mesmo informou ser o "principal legado social" que a Rio-2016 deixaria.

  • A iniciativa era o Projeto Rio 2016, criado em 2009, logo depois de a capital fluminense ser escolhida sede da Olimpíada. A ação tinha como objetivo disseminar a prática esportiva em todo Estado, inclusive, em comunidades carentes incluídas no programa de pacificação de favelas. Em quase quatro anos, a iniciativa chegou a atender mais de 150 mil pessoas, em 73 dos 92 municípios. Mesmo assim, foi encerrado em agosto.

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