Após crise da Roosevelt, skatistas pedem pistas seguras para grupo de 20 mil no centro
Bruno Freitas
Do UOL, em São Paulo
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Nelson Antoine/Estadão Press
Oferta de pistas no centro de São Paulo é insuficiente, diz a Confederação Brasileira
A resolução encaminhada da crise na Praça Roosevelt, no esforço de solução amigável entre skatistas, moradores e frequentadores do espaço, abriu oportunidade para que a ala mais engajada da modalidade chame atenção para um cenário mais amplo. Munida de números, a Confederação Brasileira de Skate diz que o centro de São Paulo precisa de pistas novas e seguras para atender a demanda de um público de 20 mil praticantes na região.
Nos primeiros dias do ano, um jovem skatista foi agredido por um membro da Guarda Civil Metropolitana, à paisana, após uma desavença com frequentadores da praça paulistana. O incidente foi filmado, levado à internet e turbinou a discussão sobre o aproveitamento adequado do espaço público.
A confederação nacional da modalidade participou da reunião na última terça-feira para levar os interesses dos skatistas no debate com representantes dos moradores e o subprefeito da Sé, Marcos Barreto, que acaba de assumir a função.
"É necessário que o poder público olhe urgente para as pistas de skate da cidade. Existem várias pistas, quase todas abandonadas, a maioria com mais de dez anos, em condições que não possibilitam a prática segura do skate", afirmou Edson Scander, vice-presidente da Confederação Brasileira de Skate, que participou da reunião para resolver o caso Roosevelt.
"Os skatistas estão sedentos por uma área em que possam praticar o esporte adequadamente. Aí encontram um lugar com chão liso, com espaço, corrimão e escada, fica difícil de segurar", acrescenta o dirigente, em menção ao 'paraíso' da Roosevelt.
A entidade tem em mãos um levantamento encomendado ao Datafolha [disponível em seu site oficial], datado de 2009, que aponta o número de 20 mil skatistas somente na região central de São Paulo. A confederação estima que ao todo a cidade conte hoje com quase 400 mil praticantes da modalidade.
Atualmente a pista mais movimentada do centro é a que fica na Praça Paulo Kobayashi, ao lado da Câmara Municipal. Mas ela é considerada pequena e mal construída pelos entusiastas do esporte.
Procurada pela reportagem do UOL Esporte, a Secretaria Municipal de Esporte Lazer afirmou que a nova gestão capitaneada pelo prefeito Fernando Haddad ainda está tomando pé da situação deixada pela administração Gilberto Kassab. A pasta afirma que ainda não tem condições de se posicionar sobre a demanda dos skatistas.
A Praça Roosevelt é um dos pontos mais tradicionais da história do skate paulistano e abriga praticantes da modalidade desde os anos 80. Profissionais bem-sucedidos como Rodrigo Teixeira começaram a trajetória no local. O reduto passou por obras de dois anos, com custo de R$ 55 milhões, e foi entregue à população de São Paulo em setembro passado.