Parque exclusivo de skate na Praça Roosevelt terá 1.500 m² e cinco rampas novas
Bruno Freitas
Do UOL, em São Paulo
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Lucas Lima/Folhapress
Renovada, Praça Roosevelt é tradicional ponto de reunião de skatistas em São Paulo
A tensão do dia 4 de janeiro entre a Guarda Civil Metropolitana e skatistas foi a gota d’água para o começo de solução de convivência na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo. Uma reunião na última terça-feira entre prefeitura, representantes dos moradores e atletas definiu princípios de uma coexistência amigável e a intenção de construção de uma seção exclusiva para o skate no local.
Com dinheiro em caixa, a subprefeitura da Sé anunciou que se encarregará da adaptação para o segmento exclusivo para os praticantes, chamado pelas atletas de "skate plaza". O setor terá 1.500 m² e cinco rampas novas. Os corrimões serão mais baixos para facilitar as manobras e torná-las mais seguras. Por fim, alguns bancos terão a madeira retirada.
O setor estará localizado próximo à Rua da Consolação, ao lado da base da Guarda Civil Metropolitana. Assim, espera-se que a histórica desavença entre skatistas e frequentadores comece a ser resolvida na praça de 25 mil metros quadrados.
"Foi um ato isolado, mas já estava havendo alguns pequenos conflitos. A praça recebe muita gente de outras cidades e até de outros estados. Às vezes os jovens chegam entusiasmados, veem uma praça vazia fora do horário de pico, não conhecem as regras que já foram acordadas. Chega perdido e faz o que não deve. A guarda tenta orientá-los, mas às vezes não tem muito preparo para lidar com o público. Sexta (4 de janeiro) foi a gota d'água", declarou Edson Scander, vice-presidente da Confederação Brasileira de Skate, que participou da reunião para debater o caso Roosevelt.
Da parte dos moradores da região, os representantes celebram discretamente o avanço no diálogo, mas dizem esperar por uma mudança de conduta por parte dos skatistas. Pelo novo acordo, os praticantes devem deixar de andar fora das áreas determinadas e precisam respeitar os horários do Psiu (Programa de Silêncio Urbano).
"A reunião serviu para uma primeira aproximação, para o prefeito tomar conhecimento. Foi boa, abriu um diálogo. Agora é estabelecer regras, sinalizações. Dar continuidade e mais à frente fazer os ajustes necessários", diz Jader Nicolau Jr., do movimento Ação Local Roosevelt.
"[A relação com a confederação] sempre foi positiva. É bem-vindo o esforço de conscientização, principalmente para os skatistas que não são confederados. Queremos fazer o melhor para um convívio pacifico na praça", acrescenta.
No incidente do dia 4 de janeiro, jovens skatistas estariam danificando assentos da praça com suas manobras e foram abordados por membros da Guarda Civil Metropolitana. A ação teve direito à gás de pimenta. Mas a cena mais polêmica foi o estrangulamento de um adolescente por um oficial à paisana, filmada e reproduzida à exaustão na internet.
Após o encontro da última semana, convocado pela prefeitura, uma nova reunião acontecerá nos próximos dias, mais uma vez agrupando as partes interessadas. Artistas ligados a teatros da região também deverão estar presentes.
A Praça Roosevelt é um dos pontos mais tradicionais da história do skate paulistano e abriga praticantes da modalidade desde os anos 80. Profissionais bem-sucedidos como Rodrigo Teixeira começaram a trajetória no local. O reduto passou por obras de dois anos, com custo de R$ 55 milhões, e foi entregue à população de São Paulo em setembro passado.
"Desde começo da década de 80 os skatistas utilizam o local. Na época pré-reforma, uns quatro anos antes, a praça estava praticamente abandonada, com somente os skatistas vitalizando, cuidando. Até para correr atrás de ladrão, tirar viciados do local", argumenta Scander, da Confederação Brasileira da modalidade.