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Com prêmio milionário, antigo Super Surf tenta atrair eliminados do WCT

O cearense Messias Félix, atual campeão brasileiro, aprovou as mudanças da competição - Daniel Smorigo/ASP
O cearense Messias Félix, atual campeão brasileiro, aprovou as mudanças da competição Imagem: Daniel Smorigo/ASP

Luiz Gabriel Ribeiro e Felipe Munhoz

Em São Paulo

04/02/2010 07h00

A Abrasp (Associação Brasileira de Surf Profissional) anunciou no começo do ano que o antigo Super Surf agora vai se chamar Brasil Surf Pro e terá uma premiação que atinge R$ 1 milhão no total das etapas. Outra alteração de destaque será o aumento do número de atletas de 48 para 64. Segundo a entidade, deste montante, oito vagas são reservadas para convidados e a ideia é preenchê-las com atletas brasileiros eliminados de etapas do WCT, a divisão de elite do surfe mundial.

“Com 64 atletas [46 classificados, 8 convidados e 10 melhores da divisão de acesso], podemos reunir mais surfistas e colocá-los em atividade. Quando alguém é desclassificado no circuito mundial, acaba ficando à margem, corre risco de perder patrocínio e fica desmotivado”, explicou Marcelo Andrade, diretor-executivo da Abrasp.

A entidade espera que a competição fique até mais forte com os seus convidados. “Com esse novo regulamento, teremos um formato motivador. Todos poderão ser campeões de qualquer etapa. O surfista que disputa o WCT, por exemplo, não sairá de lá se sentindo desprivilegiado. Teremos oito vagas para convidados e elas serão preenchidas por atletas do circuito mundial. Isto valorizará o torneio”, destacou Andrade.

A competição tem cinco etapas - vale R$ 200 mil cada, sendo R$ 160 mil para homens e R$ 40 mil para mulheres - e começará entre os dias 7 e 11 de abril em Florianópolis, na praia da Joaquina. O segundo desafio é no Nordeste, praia do Cupe, em Ipojuca, litoral sul de Pernambuco, de 14 a 18 de julho. A terceira será no Rio de Janeiro, de 22 a 26 de setembro na Barra da Tijuca ou na praia do Arpoador.

OPINIÃO DE FABIO GOUVEIA

Para o surfista veterano Fabio Gouveia, que se aposentou no final de 2009 e foi bicampeão brasileiro (1998 e 2005), o surfe necessitava de um aumento na premiação.

"As marcas vêm crescendo muito mais do que as premiações são oferecidas. A necessidade de uma melhor premiação é eminente, pois muitos atletas dependem dela para se manter. Não digo o pelotão de frente, pois esses ganham bem, mas do vigésimo para baixo as coisas já vão se complicando", destacou Gouveia.

O atleta lembrou que a premiação também subiu nas etapas do WCT, mas só depois que Kelly Slater ameaçou criar um circuito paralelo. "Se nada acontecer, a premiação permanece a mesma. Apenas quando um Kelly Slater da vida enche o saco do circuito atual e tenta fazer uma movimentação é que começam a correr atrás. Sempre foi assim", lembrou.

A quarta etapa acontece em Ubatuba, de 3 a 7 de novembro, na Praia de Itamambuca, no litoral norte paulista. E os campeões brasileiros serão definidos entre os dias 15 e 19 de dezembro, ainda sem lugar confirmado.

“Quando o circuito começar, nove eventos de divisão de acesso já terão sido disputados. Com isso, os seis melhores resultados de cada atleta serão levados em conta para criar um ranking. O dez primeiros poderão competir nos eventos principais”, afirmou Andrade.

Outra novidade da competição será a disputa das baterias com quatro surfistas até as oitavas de final. Depois disso, dois atletas competem por cada vaga. Nas etapas do WCT, são dois competidores por cada vaga desde o início, enquanto entre as mulheres há disputas entre três atletas na primeira e na segunda rodada.

"Estou feliz também pelo aumento no número de surfistas. Sempre ficava muita gente boa de fora da elite, tendo dificuldades para arrumar patrocínio, porque se você faz parte dela facilita um pouco isso. Acredito que teremos um circuito ainda melhor no nível técnico", opinou o atual campeão do antigo Super Surf, Messias Félix.

O surfista veterano Fabio Gouveia, que se aposentou no final de 2009, acredita que o circuito brasileiro tem uma função bastante importante no aprimoramento dos atletas nacionais. “Por um tempo falaram que o circuito fechado no Brasil contribuiu para que o número de atletas brasileiros no WCT diminuísse. Não acho que isso é verídico, pois durante os primeiros anos do Super Surf,o nível interno aumentou bastante, mas, quanto mais eventos, melhor”, afirmou.