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Após mudanças, Circuito começa 'obscuro' e com obsessão de Slater por 10º título

Em 2009, a única vitória de Slater aconteceu em Imbituba (SC), em uma final histórica - ASP/Divulgação
Em 2009, a única vitória de Slater aconteceu em Imbituba (SC), em uma final histórica Imagem: ASP/Divulgação

Felipe Munhoz

Em São Paulo

26/02/2010 07h00

O Circuito Mundial de surfe começa neste fim de semana na Gold Coast, na Austrália, sem um favorito declarado. Ainda mais depois que a ASP (Associação dos Surfistas Profissionais) mudou as regras de pontuação e criou um ranking que determinará os 32 surfistas que formarão a elite a partir da quinta etapa. A única certeza é a obsessão do norte-americano Kelly Slater pelo décimo título da modalidade. O eneacampeão afirmou nesta semana que faltou um pouco de foco para ele em 2009.

NO FEMININO, GILMORE É SOBERANA

  • Enquanto a disputa será acirrada no masculino, no feminino a tricampeã Stephanie Gilmore é a favorita

“Eu nunca me encontrei bem mentalmente para enfrentar a pressão do décimo título e ter a emoção e o objetivo pelo que estava fazendo, além do que eu fiz em algumas baterias do ano passado”, disse Kelly Slater, 38 anos, em entrevista divulgada pela ASP.

Em 2009, a única vitória de Slater aconteceu em Imbituba (SC), em uma final histórica para os brasileiros contra Adriano de Souza, o Mineirinho. “No Brasil funcionou, mas todas as baterias foram bastante equilibradas. E eu tive que fazer muitas decisões mentais e não surfei pelo sentimento real. Eu estou confortável com nove (títulos mundiais), mas sim, o décimo exerce um certo fascínio”, destacou o eneacampeão.

Neste ano, depois do quinto evento do ASP World Tour, o Billabong Pro Teahupoo, no Taiti, a elite será reduzida para 32 surfistas, que deverá ser formada pelos 22 primeiros colocados do ranking da elite e dez do WQS, divisão de acesso. Até 2009, a elite era composta por 45 competidores, sendo 15 que vinham da segunda divisão. Ainda não dá para saber se as mudanças complicarão a vida dos medalhões Slater, Mick Fanning, Joel Parkinson, Taj Burrow e, por que não, o brasileiro Mineirinho.

“O Kelly [Slater] é sem duvida o maior surfista de todos os tempos. Tem muita técnica, experiência e domina não só a competição, mas o cenário. Sempre entra como favorito. Eu acredito que ele tem grandes chances de alcançar o objetivo do décimo titulo, mas com certeza terá de dar tudo de si, já que todos querem um bom resultado também”, opinou Mineirinho, em entrevista ao UOL Esporte.

A briga pelas últimas vagas na elite deve ser bastante acirrada. Em 2009, por exemplo, após as cinco primeiras etapas, o campeão Mick Fanning não estava tão bem, acumulava um terceiro lugar, dois quinto lugares, um nono e um 17º. Isso mostra as variações de rendimento que eram possíveis antes e que serão limitadas agora, pois aquele que bobear cai de divisão.

GOLD COAST BRASILEIRA


Em 2009, Mineirinho começou a temporada com o segundo lugar na Gold Coast, na Austrália. Na decisão, o brasileiro foi derrotado pelo australiano Joel Parkinson. Além da boa recordação, o surfista disse que tem uma identidade muito grande com esta praia.

"Por ser parecido com minha cidade, o Guarujá, eu sempre me sinto bem na Gold Coast. Gosto muito do lugar e das ondas", comentou o atleta de 23 anos.

“Acho muito cedo para qualquer avaliação. Qualquer um pode chegar ao título. Principalmente quem conseguir realmente bons resultados nas primeiras etapas e depois conseguir ser constante. O grande segredo é a constância”, avaliou o estreante Jadson André.

Com as mudanças, os atletas das duas divisões passarão a figurar em um ranking único, o “One Ranking”, ao contrário de como era antes: duas listas distintas. A pontuação máxima no ASP World Tour deve ser de 10 mil pontos e 6,5 mil pontos no WQS, o equivalente a um terceiro lugar na elite.

Além de Mineirinho, o Brasil será representado por mais três atletas. O veterano Neco Padaratz, que foi convidado pela entidade após ficar dois meses se recuperando de uma lesão nas costas, e os estreantes Jadson André, 19 anos, e Marco Polo, 28 anos.

Na estreia, Jadson André disputará a última bateria, ao lado de dois australianos: Dean Morrison e Adam Melling. “Eu trabalhei e me preparei muito para isto. Sei que estou apenas começando e tenho que trabalhar e me dedicar ainda muito mais para evoluir e evoluir. Portanto, é uma sensação de que dei o primeiro passo de vários. Estou um pouco ansioso, mas procuro me focar em treinar e em buscar absorver tudo o que esta acontecendo de uma maneira positiva, que possa me trazer mais experiência e assim ter a tranquilidade de poder fazer o que eu sei”, disse o novato.

No feminino não tem para ninguém

A temporada do ASP World Tour feminino também começa neste fim de semana. No entanto, as mudanças ainda não atingiram as mulheres e o caminho segue livre para a australiana Stephanie Gilmore seguir reinando. Ainda falta muito para a surfista igualar a marca da recordista Layne Beachley, com sete títulos. Mas a hegemonia de Gilmore nos últimos anos prova que ela pode chegar lá.

A brasileira Silvana Lima é uma das competidoras que vai tentar mais vez interromper a sequência da rival. No ano passado, assim como em 2008, ela chegou perto. Além dela, é bom ficar de olho na havaiana Coco Ho, que entrou para a elite no ano passado e já abocanhou um terceiro lugar. Bruna Schmitz é a segunda representante do Brasil. Em sua estreia na primeira divisão, ela ficou com o 14º lugar.

PRIMEIRA RODADA DA ETAPA DE GOLD COAST, NA AUSTRÁLIA

MASCULINO  
Bateria 1 Dane Reynolds (EUA), Roy Powers (HAV) e Brett Simpson (EUA)
Bateria 2 Damien Hobgood (EUA), Jeremy Flores (FRA) e Matt Wilkinson (AUS)
Bateria 3 Bobby Martinez (EUA), Tiago Pires (POR) e Tanner Gudauskas (EUA)
Bateria 4 C.J. Hobgood (EUA), Adrian Buchan (AUS) e Travis Logie (AFS)
Bateria 5 Kelly Slater (EUA), Ben Dunn (AUS) e Marco Polo (BRA)
Bateria 6 Adriano de Souza (BRA), Michel Bourez (TAH) e Blake Thornton (AUS)
Bateria 7 Taj Burrow (AUS), Chris Davidson (AUS) e Neco Padaratz (BRA)
Bateria 8 Mick Fanning (AUS), Kai Otton (AUS) e convidado
Bateria 9 Joel Parkinson (AUS), Kekoa Bacalso (HAV) e convidado
Bateria 10 Bede Durbidge (AUS), Mick Campbell (AUS) e convidado
Bateria 11 Jordy Smith (AFS), Drew Courtney (AUS) e Dusty Payne (HAV)
Bateria 12 Taylor Knox (EUA), Luke Stedman (AUS) e Nathan Yeomans (EUA)
Bateria 13 Tom Whitaker (AUS), Andy Irons (HAV) e Jay Thompson (AUS)
Bateria 14 Kieren Perrow (AUS), Daniel Ross (AUS) e Luke Munro (AUS)
Bateria 15 Fredrick Patacchia (HAV), Patrick Gudauskas (EUA) e Owen Wright (AUS)
Bateria 16 Dean Morrison (AUS), Jadson André (BRA) e Adam Melling (AUS)
FEMININO  
Bateria 1 Sally Fitzgibbons (AUS), Paige Hareb (NZL) e Carissa Moore (HAV)
Bateria 2 Coco Ho (HAV), Rebecca Woods (AUS) e Claire Bevilacqua (AUS)
Bateria 3 Stephanie Gilmore (AUS), Bruna Schmitz (BRA) e convidada
Bateria 4 Silvana Lima (BRA), Jessi Miley-Dyer (AUS) e Nikita Robb (AFS)
Bateria 5 Sofia Mulanovich (PER), Rosanne Hodge (AFS) e Lee Ann Curren (FRA)
Bateria 6 Melanie Bartels (HAV), Chelsea Hedges (AUS) e Amee Donohoe (AUS)