Longe da badalação e das garotas. É como Medina chegou ao topo do surfe
Na última terça-feira o brasileiro Gabriel Medina deixou as águas da praia Teahupoo, no Taiti, com a sensação de derrotar mais uma vez o mito das ondas Kelly Slater. Era a terceira vitória do paulista de São Sebastião na temporada, em desempenho que o aproxima de um título mundial inédito para o país na elite do surfe mundial. O jovem de 20 anos é hoje o principal favorito do circuito WCT (é o líder faltando quatro etapas para o fim) após adotar uma estratégia apoiada em estrutura familiar sólida, religião e uma espécie de renúncia à badalação.
Medina começou a temporada obcecado com a ideia de ser campeão mundial. Por isso, decidiu carregar a família pelos quatro cantos do mundo. Na linha de frente desta turma aparece a mãe Simone, que não se acanha em assumir que controla o assédio feminino em torno do filho.
A figura de Simone é um norte moral claro para Gabriel, que cresceu distante do pai biológico. Antes da fama no surfe, o garoto chegou a catar latinhas de bebidas para ajudar a mãe a juntar dinheiro.
E ao contrário da rotina dos últimos anos, o líder da temporada também não quer saber de baladas e companhias femininas nas semanas de competição, numa atmosfera típica do "circo do surfe". Para isso também conta com a escolta de Charles Saldanha, padastro a quem trata como pai – ele também é seu treinador. Foi dele quem recebeu a primeira prancha de sua vida na infância.
Com raízes chilenas, a trupe Medina que viaja pelo mundo ainda conta com o irmão Felipe e a irmã Sophia, de 7 anos, a xodó do campeão.
Gabriel se assume como um jovem tímido, mas visualmente muito parecido com a maioria dos jovens de sua geração. O menino da praia de Maresias carrega tatuagens nos dois braços. Entre as mais vistosas, uma que exalta a família e outra com uma mensagem religiosa: "Já não sou eu quem vive. É Cristo quem vive em mim". Medina frequenta a igreja evangélica Bola de Neve, por influência da mãe, e diz que costuma orar sempre antes de entrar no mar.
Também quando está no Brasil, em pausas de competição, Gabriel ainda costuma andar acompanhado de amigos, como o rapper Adriel Menezes, do grupo Pollo. O líder da elite mundial do surfe também curte skate e futebol, e é torcedor do Corinthians.
KELLY SLATER REVERENCIA O NOVATO
Com a vitória desta semana na Polinésia Francesa, no lugar conhecido como "praia dos crânios quebrados", Medina caminha com tranquilidade rumo ao título mundial do WCT (World Championship Tour). Após sete das 11 etapas disputadas, o brasileiro lidera a temporada com 46.150 pontos, contra 38.350 de Kelly Slater. O australiano Joel Parkinson vem a seguir.
A folga na primeira colocação oferece ao brasileiro o luxo de fazer contas para quem sabe ser campeão com antecipação, sem sufoco. Depois do Teahupoo, restam quatro etapas para o fim da temporada: Trestles (EUA), Hossegor (França), Peniche (Portugal) e Pipeline (Havaí).
Dono dos aéreos mais impressionantes do circuito na atualidade, Medina ganhou mais do que perdeu nos choques diretos com Slater na água. Por isso o jovem já conta com a reverência por parte do multicampeão mundial de 42 anos, um ídolo com 11 conquistas de WCT no currículo.
"Parabéns ao Gabriel. Ele teve ritmo durante a etapa toda, especialmente na final. Ele está com tudo esse ano", comentou Slater após a derrota por três centésimos no Taiti.
No ano passado, através do Twitter, Slater já havia reverenciado o brasileiro após uma derrota: "só vou ter que lidar com você por pouco tempo. Sinto muito pelos garotos da sua idade".
NOVO QUERIDINHO DA MÍDIA
À medida que vai avançando em direção ao título mundial inédito para o Brasil, Gabriel também progride como uma personalidade dentro do país. O surfista já fez aparições no programa de Luciano Huck na Globo e conta com um reality show que segue seus passos na TV fechada, o "Mundo Medina", no canal OFF.
Atualmente Medina tem a carreira gerenciada pela IMX Talent, mesma agência que planeja ações para Neymar, Thiago Silva, o piloto da GP2 Felipe Nasr (aspirante à F1) e o velejador Robert Scheidt. O surfista já tem em seu rol de parceiros empresas como Rip Curl, Guaraná Antártica, Oakley e Wise Up.
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