Astro do surfe brasileiro acha que Medina pode igualar os títulos de Slater
“O Gabriel [Medina] pode chegar perto dos 11 títulos mundiais do Kelly [Slater] se ele quiser. Mas ele tem que começar agora”. A opinião dada recentemente pelo inglês Martin Potter, campeão mundial em 1989, não lhe é exclusiva. Victor Ribas, melhor brasileiro da história em Circuitos Mundiais, acredita que o jovem Gabriel Medina tem talento e condições para um dia igualar os incríveis 11 títulos conquistados pela maior lenda do surfe mundial.
Victor Ribas ficou com a terceira colocação no WCT de 1999. Antes de Medina, nenhum brasileiro chegou tão perto do título mundial como Ribas. Algo que o fenômeno brasileiro de apenas 20 anos está próximo de alcançar, apesar da derrota precoce no último domingo, na etapa de Portugal.
Ainda assim, Medina continua dependendo só dele para trazer o caneco inédito para o Brasil. Para isso, precisa chegar à final na próxima – e última – etapa do Mundial, que acontece entre os dias 8 e 20 de dezembro, em Pipeline, no Havaí.
“O Gabriel tem uma estrutura familiar muito boa e isso ajuda muito. Ele é um surfista que tem um dom que poucos têm. Você nunca sabe o que pode vir em uma onda surfada por ele, e isso no Circuito conta muito. Hoje o Gabriel é uma das figuras mais importantes do Circuito”, afirmou Victor Ribas, hoje com 43 anos, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
“Acho que o que o Kelly conquistou vai ser bem difícil de algum outro surfista conseguir, pois a cada dia o Circuito Mundial fica mais disputado. Mas não é impossível. Com o talento que o Medina tem, é possível sim”, acrescenta o ex-surfista profissional.
O inesquecível ano de 1999 ainda segue vivo na memória de Victor Ribas, que além do quase título do Circuito Mundial acumula outras importantes conquistas em sua carreira, de acordo com a Data Surfe: segundo brasileiro com maior número de temporadas na elite (13, uma a menos que Peterson Rosa); quatro vezes top 16 ao final de uma temporada, recorde que compartilha com Fábio Gouveia. Victor, porém, foi duas vezes top 10.
“Aquele ano de 1999 foi o que mais me empenhei no Circuito Mundial. Caí dentro da natação e da academia de musculação. Tive alguns problemas de família e para superar isso me concentrei muito no Circuito Mundial e tive meu melhor ano. Faltou pouco mesmo... Por uma bateria a mais eu seria vice do mundo, e cheguei ao Brasil na penúltima etapa com chances de título”, recorda Victor Ribas, que antes mesmo de 1999 já vinha representando bem – e muito – o Brasil. Em 1994, ele conquistou a etapa da França do Circuito Mundial.
“Foi muito bom. O único evento que venci no WCT. Uma verdadeira festa brasileira com grandes amigos que estão presentes. E o que marcou foi que esta foi uma das primeiras vezes que um surfista foi carregado até o pódio”, lembra o surfista, que ainda segue bastante ligado ao esporte.
Hoje, Victor Ribas tem uma escola de surfe na praia do Forte, em Cabo Frio (RJ). Ainda dá aulas de kite surfe e stand up paddle. “Sempre que posso estou surfando, velejando e curtindo a vida com o meu filho”, completa a lenda do surfe brasileiro.
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