Vizinhos de Kelly Slater, brasileiros dormem no estacionamento de Pipeline
Parar o carro nas proximidades de Pipeline em dia de competição é uma verdadeira dor de cabeça. Antes do sol nascer já tem fila e concorrência. Mas Cláudia, Mayara, Felipe, Luca e Esdras não têm tido esse problema, chegam antes que todo mundo, porque na verdade já estavam ali, dormindo em uma das vagas no estacionamento de Pipe.
Os brasileiros se conheceram estudando na Austrália e, no período de férias, decidiram viajar. Empolgados com a possibilidade do título mundial de Gabriel Medina, a escolha do destino para o período de Dezembro foi certeira: Havaí.
“A gente já tinha visto o Medina ganhando primeira etapa do ano, na Gold Coast (Austrália). Decidimos que iríamos vê-lo sendo campeão do mundo também”, conta Luca.
Para viabilizar a viagem, a Eurovan 95 pareceu a solução perfeita. “Lá na Austrália as pessoas tem o costume de viajar nessas campervans, é bem tranquilo”, diz Mayara. “E também é mais barato, né”, revela Cláudia.
De fato, o aluguel das casas cujas entradas ficam a alguns passos da vaga onde estão estacionados custam de quinze a vinte mil dólares por mês. A mais próxima delas parece estar hospedando o maior surfista de todos os tempos, Kelly Slater, que foi visto pelos jovens saindo da casa.
“Nada mal, hein. Ser vizinho do Kelly por 20 dólares ao dia!”, diverte-se Esdras.
É claro que a vantagem econômica vem com alguns desconfortos. “É ruim para tomar banho, né. A gente tá usando o chuveiro ali da praia e não é muito fácil, não”, riem as meninas.
Além disso, a Eurovan 95 teoricamente comporta apenas quatro pessoas, mas Luca garante que o banco do passageiro deita bastante. Para não haver injustiças, eles fazem um revezamento.
Problema mesmo foi arranjar lugar para a bagagem. Os jovens encerraram o período de estudos na Austrália e estão retornando ao Brasil. Como as malas da mudança definitivamente não teriam espaço na Eurovan, o jeito foi enviar algumas direto para o Brasil, enquanto outras foram gentilmente aceitas na casa de um local havaiano.
Um pouco mais complicado do que o destino das malas, deve ser escolher o destino do dia. Quando sua casa é um carro, quem diz para onde ela vai?
“A gente decide em conjunto, mas se três quiserem a mesma coisa já está decidido. É por maioria”, revela Luca.
Os destinos seguem uma lista de prioridades: “primeiro o campeonato, depois o surf, sempre. O resto depois a gente vê”, completa Felipe.
Neste fim de semana não tem discussão: vão ficar em Pipeline para ver o desfecho do título mundial. E no sábado de ondas grandes e pesadas, os amigos assistiram à um verdadeiro show de surf.
Primeiro, com as baterias do round 2 do Pipe Masters, que teve o saldo de dez pranchas quebradas em apenas doze baterias. E depois, quando a organização do evento decidiu paralisar a competição para não colocar os atletas em risco, os amigos se divertiram ao ver que alguns desses atletas voltaram para o mar, para deslizar por entre os tubos incríveis que só Pipeline é capaz de proporcionar.
“O Miguel Pupo pegou uma bomba e quebrou a prancha. Daí o vimos saindo do mar correndo pra dentro de uma das casas. Achamos que ia parar de surfar. Que nada! Pegou outra prancha e voltou pro mar. Muito louco!”, conta Luca animado.
No fim de tarde, a sessão histórica a apenas alguns passos de casa foi interrompida pela hora do rango. E a comida na panela de Esdras perfumou todo o estacionamento de Pipe, dando água na boca. Quem sabe Kelly Slater não aparece pra fazer uma boquinha.
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