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Rival elogia Medina e diz que ficaria feliz com título do "bom garoto"

Rafael Reis

Do UOL em Oahu (EUA)

15/12/2014 10h00

Pode um tricampeão mundial ser considerado zebra? Pois foi assim que Mick Fanning se definiu ao ser perguntado sobre a disputa do título mundial de surfe de 2014, que será definido ainda nesta semana no Havaí. A gargalhada que seguiu a declaração, porém, deixou dúvidas sobre a sinceridade do australiano, que parecia não acreditar de fato no que acabara de dizer.

Em um tom bem mais sério, Mick Fanning não poupou elogios à jovem sensação do surfe brasileiro, Gabriel Medina, que é o principal favorito ao troféu: “Ele é um grande surfista e ótimo garoto. E está surfando muito neste ano”.

De fato, a boa campanha de Medina na temporada o colocou na liderança do circuito mundial, dando-lhe a oportunidade de chegar à última etapa com uma boa vantagem de 3.450 pontos em relação a Mick, segundo colocado.

Companheiros de equipe e de casa no Havaí, os dois têm uma relação muito boa. E se Medina já admitiu ter o atual campeão mundial como um de seus grandes ídolos no esporte, o australiano também se diz fã do jovem prodígio. “Ele é muito bom em todas as condições, todos já sabemos há algum tempo o quão talentoso ele é”.

Mas se o talento do surfe de Gabriel não é mais novidade, o frenesi causado pelo brasileiro na etapa havaiana vem impressionando o australiano. “É incrível. É uma coisa enorme para o Brasil. Ele é um grande embaixador para o esporte e também para o Brasil. Ele está fazendo o país dele orgulhoso”.

A adoração pelo brasileiro tomou proporções tão grandes que, durante o Pipe Masters, as aparições de Medina na praia têm agitado mais o público do que as de Kelly Slater, fato para o qual Mick Fanning só tem um adjetivo: “Épico!”, exclama ele antes de cair no riso.

O australiano, que evitou declarações à imprensa antes do início do campeonato, parece bastante relaxado. Está no Havaí na companhia da mulher e de vários amigos que atravessaram o Pacífico para torcer por seu segundo título consecutivo. Até a mãe do surfista veio. Segundo ele, isso ajuda a aliviar o stress do surfe competitivo, mas a melhor forma mesmo é...

“Surfar! Na água os jornalistas não conseguem chegar em mim”, risos.

E se a pressão da decisão do circuito já é indesejável para um tricampeão do mundo, pode ser uma chateação para um jovem debutante, como explica Mick. “Ele [Medina] não tem que fazer muita coisa para ser campeão. Mas é isso que é um saco! Porque se você tem que chegar à semi ou à final você joga para o alto e deixa acontecer. Mas ele está tendo que lidar com as emoções tantas vezes e ficar pensando nas possibilidades: ‘se eu passar essa bateria e ele perder aquela eu sou campeão’.  Eu senti muito isso no ano passado. Tenho certeza que ele está pensando nisso”.

A inexperiência de Gabriel pode contar a favor do tricampeão mundial. Mas e se Medina conseguir cumprir seu objetivo e agarrar o caneco?

“Eu vou ficar amarradão, amarradão”, confessa Fanning. Dessa vez ele parece acreditar no que diz.