Laudo aponta que PM que matou surfista não usou cocaína, mas ingeriu álcool
Os exames não encontraram vestígios de cocaína no sangue do soldado Luis Brentano, preso pelo assassinato do surfista Ricardo dos Santos na Guarda do Embaú, em Santa Catarina. Mas o laudo revela que o policial militar tinha 13 decigramas de álcool por litro de sangue – as leis de trânsito permitem até 0,3 decigramas por litro de sangue. As informações são do diretor do IGP (Instituto de Geral de Perícias) de Santa Catarina, Miguel Colzani.
Ele acrescentou que um dos tiros que mataram Ricardinho foi dado pelas costas. O outro atingiu o atleta pela lateral. As balas acertaram fígado, baço, pâncreas e intestino, mas o ferimento que mais contribuiu para a morte foi a perfuração da veia cava, a de maior fluxo de sangue no corpo. Como os médicos não conseguiram reverter a situação a vítima morreu de hemorragia.
No início foi veiculado que o surfista foi atingido por três disparos, mas o diretor do IGP explica que como a bala atravessou o corpo de Ricardinho as pessoas adicionaram um tiro. O único laudo ainda não concluído é o exame de balística, feito para comprovar que a arma usada no assassinato era a do soldado. O laudo deve ser emitido na próxima semana.
Em relação a exame toxicológico, Miguel afirmou que a cocaína é detectada se ingerida até três dias antes do exame. Sobre o álcool, declarou que a coleta do sangue ocorreu às 14h e o crime foi cometido às 8h. É provável que neste intervalo o organismo tenha metabolizado o álcool e que na hora dos disparos a concentração fosse maior.
Ricardo morreu no começo da tarde de terça-feira depois de ser atingido pelo policial na frente da casa em que morava. O soldado mora em Joinville e estava de férias na Guarda do Embaú, praia de Palhoça, cidade da Grande Florianópolis. Os dois haviam discutido porque o carro de Luis Brentano atrapalhava uma obra na casa do avô do surfista. Quando a situação parecia resolvida ocorreram os disparos.
Familiares alegaram que o soldado estava consumindo cocaína no local, o que foi descartado pelos exames. O policial militar foi preso na sequência numa pousada e Ricardinho levado de helicóptero para o hospital. Ele lutou contra uma hemorragia e quatro cirurgias foram realizadas até que sucumbiu na tarde de terça-feira. A morte virou assunto da semana em Santa Catarina.
Ricardo competiu no circuito mundial de surfe, mas tinha deixado as competições meio de lado porque preferiu correr o mundo para pegar ondas perfeitas. Os tubos eram sua especialidade. Ele também era uma liderança na Guarda do Embaú e combatia a especulação imobiliária e a invasão de turistas com som alto nos carros e ingestão de drogas.
Grandes nomes do esporte como Kelly Slater e Gabriel Medina lamentaram a morte de Ricardinho. No Havaí, os surfistas fizeram um círculo para homenagear o catarinense. O velório contou com a presença de 1,5 mil pessoas e até diretores da Liga Mundial de Surfe viajaram ao Brasil para prestar solidariedade à família.
Ricardinho participou de etapas do circuito mundial, mas fez a opção por correr o mundo em busca de ondas perfeitas. A habilidade com a prancha colocava o surfista como candidato a ser um dos grandes em ondas gigantes no futuro.
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