Promessa brasileira troca Ubatuba pelos EUA: "quero ganhar do Medina"
O caçula desta nova geração de surfistas brasileiros conhecidos como a “Tempestade Brasileira”, o paulista Filipe Toledo é considerado um dos principais expoentes do surfe mundial na atualidade.
Depois de dominar as categorias de base, o paulista de apenas 19 anos, teve um bom ano no WQS (circuito da divisão de acesso à elite) e chegou ao WCT em 2013. Nesses dois anos, vem se consolidando como mais uma força da nova geração.
Sua evolução no surfe de linha vem apenas para reforçar seu talento nato nos aéreos. Em 2014, terminou em 1º lugar no ranking WQS e em 17º na elite mundial. Para 2015, precisa um pouco mais de consistência e misturar melhor as manobras clássicas com as progressivas, seu ponto forte.
Criado nas ondas de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, Filipe vem desenvolvendo sua técnica e amadurecendo como competidor em uma velocidade acelerada. Prova disso são os excelentes resultados entre os surfistas da elite mundial em 2014.
Filipe vem de uma tradicional família de surfistas. Seu pai, Ricardo Toledo, é um dos maiores vencedores do surfe brasileiro. Além de uma grande inspiração, Ricardo é responsável também por guiar o atleta no universo das competições e ajudar a desenvolver ainda mais o talento do filho.
Desde o ano passado a família Toledo mora em San Clemente, na Califórnia (EUA), onde Filipe tem aproveitado para aprimorar cada vez mais o seu incrível jogo. Seja de backside ou frontside, Filipinho vem mostrando a cada dia a razão de ser considerado uma das principais promessas do surf mundial.
“A decisão de mudar para a Califórnia não foi só minha. Apesar de nunca ter tido problemas enquanto morava no Brasil, meus pais se apaixonaram por San Clemente quando fomos todos juntos para uma das competições no ano passado. A cidade respira surfe e tem uma excelente atmosfera familiar. Lá a gente encontra tudo o que precisa para ter uma vida tranquila e confortável”, conta.
“A Califórnia é a meca do surfe, e lá estou mais perto dos patrocinadores e da mídia do surfe. Lá encontro muitos aspectos que me ajudam na vida profissional e irão me fortalecer ainda mais no futuro. Estou há apenas 8 meses por lá e já me aconteceram coisas que demorariam anos para acontecer no Brasil. Com certeza foi um tiro certo”, completa.
Assim como a maioria dos surfistas da elite mundial, Filipe também deu bastante atenção à preparação física durante a pré-temporada. Acompanhado pelo treinador americano Ryan Steinhoff, Filipe trabalhou forte durante dois meses na academia Foundation, em San Clemente (EUA).
“Depois da última etapa da temporada passada eu voltei para Califórnia e tirei cinco dias de férias para dar um descanso para o corpo e para a mente. Depois disso eu peguei bem pesado nos treinamentos que aconteceram até três dias antes de eu viajar para a Austrália”, conta.
“Fizemos um trabalho específico para o ano todo. Mas durante minhas viagens tenho um programa de treinamento a ser realizado com o foco em manter meu preparo físico e continuar sempre preparado para enfrentar todos o tipos de ondas e situações. Esses dois meses foram muito bom para mim, e me ajudaram a me sentir mais forte e confiante para encarar essa longa jornada de competições que temos pela frente”, explica.
Além de preparador físico, o americano tem uma história de vida bastante interessante. Depois de sofrer um acidente que para muitos o deixaria paralisado, o americano superou todas as dificuldades para retomar o vigor físico e hoje é um exemplo e fonte de inspiração para Filipe.
“Meu treinador, Ryan Steinhoff, é uma grande inspiração para mim. Ele sofreu um acidente e lesionou duas vértebras. E quando todos os médicos acreditavam que nem andar ele iria conseguir, ele surpreendeu a todos e hoje é um ‘monstro’ quando se fala em preparação física. Tento me espelhar nele sempre que encontro um desafio pela frente”, revela o brasileiro.
“Este ano meu foco está praticamente 100% no circuito da elite mundial. Mas é claro que vou competir em algumas etapas da divisão de acesso também. É bom poder contar com os pontos do WQS caso algo saia errado para mim no WCT. Mas pode ter certeza que vou dar o melhor de mim em ambos os circuito”.
Muito articulado na hora de conceder entrevistas, Filipe Toledo é um dos surfistas brasileiros mais queridos pela mídia internacional. Sua desenvoltura para responder qualquer tipo de pergunta surpreende apesar da pouca idade.
“Acho que um dos pontos mais importantes para nós brasileiros é saber falar em inglês fluentemente. Saber expressar como nos sentimos dentro das baterias, explicar a escolha de prancha, ser simpático ou até mesmo fazer uma análise da nossa performance ajuda bastante para deixar uma boa impressão aos estrangeiros”.
Entre os desafios para a temporada 2015, o surfista não escondeu a vontade de superar o amigo e atual campeão mundial, Gabriel Medina, além de tentar melhorar sua performance em ondas nas quais conta com pouca experiência.
“Sem dúvida o Gabriel Medina é o cara a ser batido. Atual melhor do mundo e campeão mundial, todos nós queremos ganhar dele. Por eu não ter tanta experiência no Taiti, esse ano pretendo me jogar com tudo e dar o máximo para ver se eu consigo entrar na briga pelo título”.
O título de Gabriel Medina serviu também como fonte de inspiração e motivação, não só para Filipe, mas para todos os brasileiros que integram a elite da Liga Mundial de Surfe.
“O título do Gabriel Medina trouxe ainda mais motivação para os surfistas brasileiros. Acho que a galera ficou mais instigada e confiante para brigar pelo título. Isso com certeza nos ajudou e acredito que este ano teremos mais uma vez um surfista brasileiro como campeão mundial”.
Se depender da vontade do jovem atleta, com certeza este ano a torcida brasileira pode esperar por bons resultados e mais um ano excelente para o surfe brasileiro.
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