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O que os surfistas fazem para fugir do tédio nos dias sem onda

Quando não está surfando nas ondas de Gold Coast, Gabriel Medina prefere programas mais familiares - Kelly Cestari/EFE
Quando não está surfando nas ondas de Gold Coast, Gabriel Medina prefere programas mais familiares Imagem: Kelly Cestari/EFE

Mariano Kornitz

Do UOL, na Austrália

06/03/2015 06h00

Enquanto as ondas não chegam à praia de Snapper Rocks, em Gold Coast, na Austrália, palco da etapa de abertura da Liga Mundial de Surfe, os surfistas têm encontrado um pouco de diversão para fugir do tédio em diferentes atividades.

Por falta de boas condições de ondas, a prova foi paralisada logo depois das disputas da primeira fase no último sábado (28/2), forçando os atletas a encontrar uma alternativa para driblar a ansiedade de competir.

Nos últimos dois dias de folga, a maioria dos competidores desfrutou a pequena ondulação que quebrou na praia vizinha, Duranbah, e aproveitou para se divertir enquanto acertavam os últimos detalhes antes da competição recomeçar.

Em certo momento, na água estavam 17 títulos mundiais, já que entre amadores e profissionais que dividiam as ondas, estava Gabriel Medina (1 título), o mito Kelly Slater (11 títulos), o americano CJ Hobgood (1 título), e os australianos Mick Fanning (3) e Joel Parkinson (1). Sem contar os seis títulos mundiais da australiana Stephanie Gilmore, que também participou da sessão.

“Foi uma oportunidade única. Uma experiência alucinante de poder aprender, trocar uma ideia para saber qual o equipamento que eles usam, receber conselhos para entender o que fazer para continuar evoluindo. Ver que eles estão em um nível tão alto de surfe traz uma motivação para continuar surfando para um dia tentar igualar a performance deles”, conta o estudante brasileiro Luís Andrade, que há um ano mora na Austrália.

“Isso acrescenta ao sonho de viver na Austrália. Ver o nível desses atletas e morar nesse país que respira surfe é um aprendizado. Apesar de ter sempre muita gente na água, oportunidades como essa não se repetem todos os dias. Por isso a gente tenta absorver o máximo possível ao assistir os melhores surfistas do mundo em ação de um ângulo privilegiado”, completa o brasileiro.

Quando estão longe das ondas, os surfistas têm uma grande variedade de opções a seu dispor em Gold Coast. Enquanto uns optaram por explorar as cachoeiras locais, outros treinavam em academias ou se reuniam para um almoço entre amigos ou uma pizza em família.

O brasileiro Filipe Toledo, que espera para o campeonato recomeçar para entrar em ação na repescagem contra o australiano Adam Melling, aproveitou um dos dias de folga para explorar com os amigos as cachoeiras e piscinas naturais de Currumbin Valley, parque localizado há cerca de meia hora da praia de Snapper Rocks.

Já o atual campeão Gabriel Medina preferiu um programa mais tranquilo e em família. Na noite da última quarta-feira, o jovem surfista brasileiro aproveitou sua folga para comer uma pizza na Bread N Butter, uma pizzaria local onde a galera também costuma se reunir para curtir um som ao vivo.

Oitavo colocado no ranking mundial do ano passado, o brasileiro Adriano de Souza, o Mineirinho, buscou manter o foco em seu treinamento para estar 100% fisicamente quando a prova recomeçar. Mineirinho ficou afastado da última etapa do ano passado em Pipeline, no Havaí, devido uma contusão no joelho. Por isso buscou dividir seu tempo entre treino nas ondas e na academia, com momentos mais tranquilos na casa onde está hospedado.

“Para fugir do tédio eu procurei continuar focado no meu treinamento. Fiz meus treinos na academia que tem aqui do lado de casa. Então ficou mais fácil para manter o ritmo para chegar 100% no campeonato. Hoje foi meu dia de folga, para dar um descanso e uma chance para meu corpo se recuperar para estar pronto para entrar em ação amanhã se o campeonato for para a água. Meu foco é sempre estar 100% e vou lutar bastante para conseguir um bom resultado aqui na abertura da temporada”, fala o surfista brasileiro.

Na repescagem, Mineirinho enfrenta o americano CJ Hobgood na briga por uma vaga na terceira fase. E conta que além dos treinos nas ondas e na academia, o local onde está hospedado pode ser uma ajuda a mais para estar pronto para a batalha.

“Sempre que venho, há dez anos, fico hospedado na mesma casa de uma amiga. Sempre fico no mesmo quarto também, então isso me traz um clima familiar muito bom. E acho que isso é muito bacana para esses dias de folga. A casa tem um clima muito bom e facilita para eu ficar à vontade e me concentrar para entrar em ação”, conta o Mineirinho, que aos 28 anos, parte para sua décima temporada entre os surfistas da elite mundial.

Mas como todo mundo, Mineirinho também precisa estar bem alimentado para mostrar tudo o que sabe nas ondas. E entre as opções no cardápio estava um almoço com outros surfistas da “Tempestade Brasileira”.

“Eu também fui almoçar com a galera brasileira do WCT. Foi bem legal. Demos muita risada. Acho importante a gente sempre se encontrar assim quando der. É bom ter alguns momentos de descontração com os amigos e poder trocar algumas ideias como se fossemos uma família mesmo. Acho que isso fortalece bastante a gente”.

Mas quem se dá bem mesmo durante os dias de folga da competição são os fãs de surfe. Vindos de diferentes regiões da Austrália, como Sydney, Brisbane e Melbourne, frequentemente são surpreendidos pela presença dos ídolos nos lugares mais variados como supermercados, desfrutando uma tigela de açaí, pela rua ou até dentro da água. E segundo o surfista, essa interação ajuda a fortalecer ainda mais a confiança e motivar ainda mais na busca por um bom resultado.

“Acho bem legal ver todo esse pessoal que tira seus dias de folga para vir de diferentes lugares para torcer pela gente. Sempre esbaramos com os fãs na rua e em diferentes lugares, e acho que acontece uma interação sadia e bem positiva. Por isso tento sempre dar o máximo de atenção a eles e tentar retribuir esse carinho que eles têm por nós”, completa Mineirinho.