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Camiseta 'cheguei' e assobios: pai campeão é arma secreta de Filipe Toledo

Mariano Kornitz

Do UOL, na Austrália

13/03/2015 10h00

A frase é batida, mas cai como uma luva: “filho de peixe, peixinho é”. Com apenas 19 anos, Filipe Toleto comprovou com o título em Gold Coast, na Austrália, que herdou o talento do pai em cima da prancha. E o superou. Ricardo Toledo foi campeão brasileiro de surfe, em 1991 e 1995, e, além de dar o caminho das pedras para seu herdeiro, virou uma arma secreta, enfrentando as ondas com o filho, mesmo que só possa atuar “fincado” na areia, enquanto Filipe flutua no mar.

Após a conquista e a festa do título na Austrália, pai e filho se abraçaram. Ricardo tentou levantar o filho sozinho nos ombros para comemorar, mas foi cercado por amigos e fãs. No meio do tumulto, viu que a celebração era não só deles, mas de muito mais gente. O trabalho para Filipe chegar tão longe aos 19 anos, no entanto, foi fruto de uma estratégia que incluiu uma camiseta ‘cheguei’, de cor berrante, e muitos assobios e gestos.

Da praia, Ricardo serve como um orientador para Filipe e passa instruções preciosas, principalmente quanto ao posicionamento em relação às ondas. Mas, para isso, precisa ser visto. Por isso as vestes escandalosas - desta vez, uma camiseta salmão, um tanto fluorescente.

“Essa era a estratégia, estar com uma camiseta bem “cheguei”, para ele me ver no meio da multidão, e para algumas vezes eu passar algumas informações importantes, um posicionamento, remar para o fundo... Isso faz toda a diferença”, garante o veterano.

“Talvez aqui fora eles não entendam, a cultura é outra, não vou julgar ninguém. Mas sempre trabalhamos assim e em alguns momentos fez toda a diferença você acenar, assobiar e tentar colocar num posicionamento perfeito para que ele consiga pegar a onda no lugar certo. Porque qualquer momento que se posicione errado, isso pode atrapalhar todo o andamento da onda. A ideia era essa e deu tudo certo”, complementou o pai.

Para Ricardo, esse é só o começo de uma trajetória que pode ir muito longe, e que tem a juventude de Filipe como combustível – ele é o caçula da Liga Mundial de Surfe, com seus 19 anos.

Ele é muito determinado, muito jovem, e tem muita vontade de vencer. Tem coisas que só dependem dele. Eu só sofro, assobio, não faço mais nada”, riu o ex-surfista.

A segunda etapa da Liga Mundial de Surfe acontece no começo de abril, com a disputa da etapa de Bells Beach, também na Austrália. Filipe planeja passar alguns dias em Bali para pegar ondas e relaxar, e retorna ao país cinco dias antes da competição para treinar.