Topo

Medina aposta na companhia da mãe e da família para acabar com a má fase

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

10/05/2015 06h00

Gabriel Medina nunca foi bem na etapa do Rio de Janeiro do circuito mundial e ocupa o modesto 16º lugar no ranking. Para reverter o quadro o surfista montou uma estrutura com tudo que considera necessário: família e privacidade. Ela conta com um refúgio para os momentos em que precisar ficar sozinho e outro espaço para estar junto à mãe, padrasto e irmãos. Tudo colado ao pedaço da praia da Barra da Tijuca onde a competição será realizada a partir desta segunda-feira.

O clima família e privacidade começou já na preparação, feita em Maresias. O treinamento específico para etapa durou 20 dias e neste período ele ficou na casa da mãe. Sabia que não teria o sossego adequado caso optasse por se preparar no Rio de Janeiro e ainda tinha o bônus de estar junto aos parentes.  Medina não cansa de elogiar e agradecer o apoio dos familiares em sua carreira. Pode ser um evento de patrocinador ou programa de televisão como ocorreu no último sábado.

Em aparição no Caldeirão de Huck o surfista disse “eu te amo mãe”. O recado era para Simone Medina, uma dessas pessoas fáceis de simpatizar. Gosta de conversar e tem histórias boas para contar. Ela também teve papel decisivo na trajetória do filho e chegou a trabalhar em campanha política para ganhar R$ 50 usados no pagamento de inscrições de campeonatos.

E pensar que no começo Simone era contra a carreira de esportista por causa de possíveis prejuízos aos estudos. Para se ter uma ideia, quando tinha 16 anos Medina estava próximo de entrar no circuito mundial, mas ela afirmou que não seria autorizado a competir sem concluir o Ensino Médio. O surfista não quis pagar para ver e obteve o diploma ainda com 16 anos.

Hoje, Simone acompanha Medina nos campeonatos. No Rio de Janeiro toda vez que Medina quiser proximidade com este lado família basta ir para casa que foi preparada na Barra da Tijuca para receber a mãe, os irmãos e o padrasto. Até uma cozinheira de Maresias estará lá para fazer a comida que o surfista gosta.

Mas caso o campeão do mundo precise de privacidade ao se concentrar para uma prova ou dormir cedo pode optar por um quarto de hotel no mesmo bairro. A intenção de Medina é se sair bem no Rio de Janeiro para começar uma reação na temporada que até o momento vai mal. Ele tem uma quartas de final e duas quedas precoces.

Mas só carinho não ganha bateria. Charles Serrano Rodrigues é técnico e padrasto de Medina e contou que o treinamento foi intenso. O atleta pulava da cama às 6h e depois de um café da manhã e trabalho de manutenção física caia no mar. O período determinado para pegar ondas era de duas horas, mas mais de uma vez foram três horas na prancha.

Arroz, feijão, carne, salada e macarrão preenchiam o buraco da barriga ao meio-dia e se o cansaço fosse muito Medina tinha direito a um cochilo. Era bom se preparar porque a tarde o ritual de treinamento se repetia. Esta foi a rotina nos 20 dias de preparação, com exceção de dois em que atendeu a patrocinadores e à imprensa.

Medina sabe que o foco é essencial porque a partir de segunda-feira será o centro das atenções na etapa do Rio de Janeiro. Vai ser a primeira aparição numa etapa de campeonato no Brasil depois do título mundial e certamente haverá pedidos de autógrafos, fotos e entrevistas. O surfista declarou que não se sente pressionado e considera toda a movimentação como manifestação de carinho e apoio do público.

Ele espera que isto sirva de combustível para um bom resultado e comece uma escalada rumo ao bi-campeonato. Se conseguir, vai ter que reforçar a blindagem porque haverá ainda mais gente na área em 2016.