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Queda precoce em etapa do Mundial de surfe vira mostra de status de Medina

Gabriel Medina atende fãs e posa para foto após vencer primeira bateria na etapa carioca da WSL; brasileiro foi eliminado na terceira rodada - Pedro Ivo Almeida/UOL
Gabriel Medina atende fãs e posa para foto após vencer primeira bateria na etapa carioca da WSL; brasileiro foi eliminado na terceira rodada Imagem: Pedro Ivo Almeida/UOL

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

17/05/2015 08h06

A praia estava lotada. O público, participativo. No entanto, é exagero dizer que todos os olhos estavam voltados para o mar no último sábado (16), durante as baterias da etapa carioca do circuito mundial de surfe (WSL). Um grande contingente de pessoas preferiu o inverso e ficou de costas para a água. Em vez de esperar uma grande manobra ou uma queda, eles queriam apenas que Gabriel Medina aparecesse na sacada do apartamento.

Primeiro brasileiro a vencer o WSL, Medina, 21, é o atual campeão mundial. Neste ano, teve três resultados frustrantes na Austrália e foi eliminado na terceira rodada da etapa do Rio de Janeiro – perdeu para o havaiano Keanu Asing na última sexta-feira (15).

Por mais contraditório que isso pareça, a queda precoce foi uma enorme demonstração de status de Medina. A despeito de o surfista brasileiro não ter disputado baterias no fim de semana, o nome dele era o mais presente nas areias da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Era o nome de Medina que estampava camisas vendidas por ambulantes, por exemplo. O preço dos produtos não teve deflação depois da eliminação do surfista. “Eu cobro R$ 100, mas essa aqui foi do próprio Gabriel”, anunciava um deles.

Também é baseada no nome de Medina uma das atrações mais populares entre as estruturas montadas por patrocinadores. Montado pela empresa de telefonia Oi, um espaço em que as pessoas podem prender uma prancha nos pés e são içadas por elásticos para simular manobras aéreas é chamado de “Air Medina”.

Entre o público que circulou na Barra da Tijuca, Medina também era o nome mais popular. Muitas pessoas usaram camisas com o nome do campeão mundial.

Medina não se hospedou no mesmo hotel da maioria dos surfistas. Em vez disso, preferiu dividir um apartamento com a família em frente à estrutura montada para o WSL. A grade do prédio não ficou vazia em nenhum momento do sábado.

Fãs – meninas, na maioria – ficaram colados na grade mesmo enquanto o apartamento não tinha qualquer sinal de movimentação. Quando alguém saía na sacada, os gritos de “Medina” eram extremamente fortes – mesmo que a pessoa no alto do prédio não fosse o surfista.

Segundo pesquisa publicada em março pelo instituto Ibope/Repucom, o título mundial de surfe alavancou de forma considerável a popularidade de Medina. Levantamento feito com 6 mil pessoas em território nacional em março de 2015, que avaliou 300 celebridades locais e outras 300 internacionais, atribuiu nota 85,26 ao surfista no quesito awarness (reconhecimento) e 79,75 em influência. Em outubro do ano anterior ele tinha obtido 35,31 e 65,27 nos mesmos atributos.

A campanha do WSL no ano passado também contribuiu para Medina amealhar mais patrocinadores. O surfista tem contrato com 11 marcas e é considerado, de acordo com especialistas em imagem de atletas ouvidos pelo jornal “Brasil Econômico” em dezembro de 2014, o segundo esportista com maior potencial no país – perde apenas para o atacante Neymar.

Até o apartamento em que os fãs fizeram campana tem relação com um dos patrocinadores de Medina. A sacada do local é decorada com a hashtag “#VaiMedina”, acompanhada por um grande logotipo do Guaraná Antarctica.