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Mineirinho dedica título a adversário e admite: chave ajudou em Pipeline

Campeão mundial lembrou ajuda e amizade com Jamie O"Brien desde 2003 - Marcelo Maragni/Red Bull Content Pool
Campeão mundial lembrou ajuda e amizade com Jamie O'Brien desde 2003 Imagem: Marcelo Maragni/Red Bull Content Pool

Do UOL, em São Paulo

18/12/2015 15h53

Adriano de Souza, o Mineirinho, elogiou rivais como Mick Fanning, Gabriel Medina e Filipe Toledo após a conquista do título no Circuito Mundial de Surfe em 2015. No entanto, foi a outro surfista, bem menos conhecido, que ele creditou o ponto alto da carreira: Jamie O’Brien.

Adversários desde 2003, os dois mantêm um relacionamento de bastante cordialidade fora da água. A amizade, que começou com um desentendimento, transformou-se em um vínculo de confiança.

“Em 2003, eu ganhei o World Junior na Austrália, e ele competiu no mesmo campeonato. Tive uma disputa contra Kekoa Bacalso e surfei muito bem, tirei dois 9,0 e venci a bateria. Ele chegou para mim e falou: ‘Bem surfado, cara. Ótima bateria, parabéns’. E eu aparentemente respondi: ‘Eu sei’. Ele ficou pensando: ‘F*da-se esse cara’, porque pareci muito arrogante. E todos esses anos depois, ele me contou isso e eu expliquei que na verdade eu não falava uma palavra de inglês na época e não entendi. Então pedi desculpas”, contou Mineirinho, em entrevista ao site da Red Bull.

A amizade com O’Brien ainda valeu a Mineirinho uma ajuda importante no fim de 2013. Apesar da presença no ASP World Tour, então elite do surfe mundial, o paulista perdeu seus patrocinadores, e teve que recorrer a amigos. Um deles foi o havaiano, que o ajudou.

“Quando perdi meus patrocinadores, cheguei para ele e falei que eu não tinha como ficar na frente da praia no Havaí. Eu sabia que o campeão era coroado em Pipeline, e eu teria que ficar ali e treinar ali se eu quisesse ter uma chance. Então pedi para ele se podia ficar com ele, e ele me olhou como se um estranho batesse na sua porta e pedisse uma cama”, contou Mineirinho.

“Uma semana depois eu estava em Pipeline, e o Jamie remou até mim e falou: ‘Sabe de uma coisa, eu tenho uma cama para você. Só respeite a casa e não traga areia para dentro’. Senti como se tivesse ganhado na loteria, e a única coisa que eu falei foi ‘obrigado’. Significou muito para mim, e ainda significa. Dou todo crédito desse título ao Jamie, eu não poderia ter chegado aqui sem a ajuda dele”, completou.

Vencedor da etapa de Pipeline, no Havaí, com Gabriel Medina em segundo e Mick Fanning eliminados nas semifinais, Mineirinho teve outro fato para comemorar: o chaveamento. Nos confrontos, o surfista paulista fugiu dos confrontos com surfistas havaianos, que tinham a vantagem de competir em casa – casos como John John Florence e do próprio Jamie O’Brien.

“Eu tenho que admitir que fui sortudo com o quadro de baterias em Pipe. E agradeço a Deus por isso. Não tive que vencer o Jamie O’Brien, ou o Kelly Slater, nem o John John Florence, o que teria tornado tudo isso ainda mais difícil. Eu respeito todos os meus adversários, mas com a maneira que ficaram as baterias, Jamie me falou, ‘Você é o cara, vá fundo, este é seu”, comentou.