Surfista salva baleia em resgate de 3 horas usando faca e tesoura; assista

Era um domingo comum para o surfista de ondas grandes João Baiuka. Ele estava na cozinha de sua pousada, em Farol de Santa Marta, em Laguna-SC, quando recebeu uma mensagem no celular sobre uma baleia que estaria presa em uma rede de pesca próxima dali. João não pensou duas vezes e foi checar se a informação era verdade. Começava ali a saga de três horas de resgate de um filhote de baleia e sua mãe.

O episódio aconteceu no último dia 14. João pegou um jet ski emprestado e e contou com a ajuda de um amigo para ir até Praia Grande, a 15 minutos dali. Quando viu que a história recebida no celular era real, levou um susto, mas não pensou duas vezes em ajudar os cetáceos.

O amigo, Felipe Peixoto, ficou na retaguarda, enquanto Baiuka tentava soltar a cabeça do filhote. Os instrumentos de resgate foram uma faca e uma tesoura.

“Foi um trabalho árduo. Eu tinha uma faca e uma tesoura, foram as ferramentas eficazes na missão. Uma hora a faca acabou caindo e tive que voltar para a praia para pegar outra. Fui primeiro na cabeça. A cauda o filhote conseguiu soltar sozinho”, explicou João ao UOL.

João disse que sabia que estava colocando a própria vida em risco, mas não pensou em outra coisa que não fosse ajudar.

“O momento mais difícil foi à beira mar, quando rolamos nós dois nas ondas. O animal poderia ter tido algum ato involuntário e as redes estavam perigosas. Quando ela se enrolava na rede, eu saía fora. Foi uma atitude perigosa, mas pensada também. Não foi na loucura. Eu estava colocando a vida em risco, mas sabia que ia usar técnicas para me colocar em segurança”, ressaltou.

O surfista disse que o filhote estava muito debilitado e não teria chances se continuasse ali. “Quando avistei de longe, fiquei abismado com a quantidade de rede em que ela se enrolou. Ela veio do alto-mar e tentou se soltar. A mãe estava do lado e também se enroscou”, contou.

Enquanto João tentava salvar o filhote, a mãe baleia não saiu do lado. “A mãe chegou a passar ao meu redor, mas não apresentou risco. Ela estava preocupada. O mamífero tem a autodefesa quando vê o filho em apuro. E eu via muita troca de energia com a mãe, foi surreal. Ela começou a se familiarizar comigo. O reencontro não tem preço (de mãe e filho). Meu aniversário foi semana passada e foi o maior presente da mãe natureza”, disse.

O surfista classifica esse resgate como o “mais intenso”, mas não foi o primeiro. João é conhecido por ajudar em casos assim. “O pessoal me procura nesses acontecimentos, porque eu me dedico para ajudar. Temos uma equipe de surfe e conseguimos dar apoio mais rápido por não ter salva vidas no inverno”.

Em 2016, João Baiuka salvou um elefante marinho. “Eu fiquei quatro dias com ele acampado na praia, até ele conseguir nadar. Ele sobreviveu”, relembrou.